«Parabéns a Roberto Martínez e aos jogadores, fizeram uma campanha fantástica»
Fernando Santos garante que encerrou o capítulo Seleção enquanto treinador, mas não enquanto adepto
Fernando Santos aproveitou a entrevista que deu em exclusivo a A BOLA para deixar uma mensagem ao seu sucessor e aos jogadores da Seleção, a grande maioria treinada já por si há muito tempo.
– A Seleção agora está num novo rumo…
– Aproveito para dar os parabéns ao trabalho que tem sido feito pelo novo treinador [Roberto Martínez], de quem sou amigo há muitos anos, de nos encontrarmos por aí no futebol e já falámos algumas vezes sobre futebol. Ele e os jogadores fizeram uma campanha fantástica. Excelente. Parabéns. Eu, enquanto português, era um dos 11 milhões, e vou sê-lo sempre até que Deus me chame. Estou muito contente por as coisas estarem a acontecer assim, fortemente empenhado e a apoiar para que isto continue assim e possamos voltar todos a festejar outra vez.
– Quando é que sentiu que ia sair da Seleção?
– Deixemos isso para mim e para o Presidente. Não quero voltar a esse assunto. Acabou.
– Não é difícil continuar a escrever história depois de se ter chegado ao topo como chegou com Portugal?
– Podemos sempre continuar a escrever, não podemos é querer repeti-la. Podemos continuar a escrevê-la com outros sucessos. Mesmo sem ganhar troféus. Eu tive sucesso em projetos em que não ganhei troféus. Na Grécia tive vários exemplos disso. Tenho orgulho por tudo aquilo que construí ao longo da minha vida. Mas espero continuar a escrever história. Tenho as minhas virtudes e os meus defeitos. Tenho essa noção e gosto de passar à minha família que é importante não criticar ninguém. Um dos problemas da sociedade atual é, claramente, a falta de respeito pelas opiniões dos outros. Nós andamos todos muito na ótica de só quem pensa como nós é que é bom. Quem tem outro pensamento já não presta. Há uma enorme falta de respeito por quem não é como nós e é isso que leva a muito do que tem acontecido. Se nos respeitarmos nas diferenças podemos falar sobre elas e cada vez mais é importante que pensemos assim, no futebol e na vida. Não podemos é faltar à verdade. Mesmo em relação ao contrato com a Federação às vezes fazem-me muitas perguntas e eu tenho a minha convicção. Mas essa convicção é a minha. Outra coisa é a verdade. A verdade, essa, é só uma: eu não tive nada a ver com o contrato que a Federação me ofereceu. Nada! A verdade é que eu não propus nada. Só aceitei o que me propuseram. O doutor Fernando Gomes sabe isso.
– Se pudesse mudar alguma decisão das que tomou no futebol qual mudaria?
– Alteraria algumas, mas não sou de pensar que se tivesse feito antes assim… Se tivesse feito diferente não teria acontecido o que aconteceu. Não dá para mudar a história. Sei que errei algumas vezes ao longo destes 35 anos de carreira. Cometemos sempre decisões erradas, erros de análise são normais. O futebol é um jogo de erros onde ganha quem erra menos. Se não tivesse cometido erros ao longo da minha carreira tinha ganho sempre tudo e não ganhei. Fiz muitos bons trabalhos e outros menos bons. É o normal. Ganhamos todos e perdemos todos.