Entrevista «Fernando Santos foi um homem que no final pensou bem»

SELEÇÃO21.06.202411:15

José Fonte chegou tarde à Seleção. Ou melhor, chegou no momento certo, porque em 2016 sagrou-se campeão europeu num torneio histórico para Portugal. Ainda assim, ficou a faltar uma festa em particular.

Venha comigo até o ano 2016. Pela terceira vez a França organiza um Campeonato da Europa e volta a cruzar-se com Portugal. A primeira foi em 1984 na estreia de Portugal numa fase final de um Europeu. Perdemos essa meia-final e em 2016 vencemos na final. Tivemos estrelinha de campeão ou talvez tenhamos tido no grupo um jogador que alguns apelidam de «Estrelinha», porque onde vai, vence e conquista títulos. José Fonte, de seu nome, é Campão no Europeu em que se estreou como internacional, aos 32 anos.

2016 foi um Europeu épico para Portugal. O que é que guardas dessa conquista única?

A Estrelinha (Risos] Se calhar sou um sortudo por ter companheiros de equipa de grande qualidade e grandes treinadores. Acho que é um grande trabalho de todos, que culminou nessa vitória de 2016. É a primeira para Portugal, logo um momento inesquecível, único e do qual guardo as melhores memórias.

Quando és chamado, aos 32 anos por Fernando Santos para um Europeu, o que é que sentiste?

Já andava há muito tempo a sonhar e ansioso pela convocatória. O treinador anterior era o Paulo Bento que não me tinha chamado, e nos últimos dois anos eu achava que já estava preparado, e no nível necessário, para poder merecer uma chamada. Na Premier League estava constantemente a fazer boas épocas. Depois com a mudança de treinador há sempre aquela esperança de ser agora. E foi. No entanto dizer que o mister Fernando Santos tinha-me dispensado no Benfica e no Sporting.

Como é que este homem que te convoca de forma inédita para um campeonato de Europa é o mesmo que te dispensou nos clubes?

Foi um homem que no final pensou bem. Eu acho que acima de tudo temos de ser honestos: eu em 2000, e quando tinha 19 anos, não era o jogador que era aos 32. Nem aos 21 era o jogador que era aos 31. São contextos diferentes, eu vinha de fazer mais uma época excelente em Southampton e para o mister deve ter surgido ali uma oportunidade, por se calhar querer fazer um refresh na defesa. Chamou-me e eu tive de aproveitar a oportunidade porque ela poderia não passar mais.

Imaginaste alguma vez que seria o Fernando Santos a dar-te essa oportunidade de ser internacional por Portugal?

São estas coincidências da vida que nos fazem sorrir, não é? Não, imaginava que seria o mister Fernandes Santos, mas foi ele que me permitiu viver este sonho e realizar esta grande ambição de qualquer jogador, que é ser internacional. Estou-lhe para sempre agradecido, e já lhe disse isso pessoalmente, e nutro por ele um carinho muito especial, por me permitir viver este sonho.

«Fui por um caminho totalmente diferente de Ronaldo e Quaresma»

José Fonte somou 50 internacionalizações A (FOTO: A BOLA/Rui Raimundo)

Em 2000-2001, eras um garoto de 17 anos, que fazia parte de um grupo de jogadores, com Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma, que tentavam ter sucesso no futebol. Em 2016 és Campeão de Europa com eles. O futebol dá a mesma volta tremenda.

Sem dúvida. Caminhos diferentes, carreiras diferentes. Eles saíram cedo para grandes clubes, singraram na primeira equipa, eu fui por um caminho totalmente diferente, de sofrimento, de sacrifício, de trabalho…  Claro que eles também tiveram de sofrer e de batalhar muito pelas carreiras que tiveram, mas eu tive de ir para Salgueiros, Felgueiras, Vitória de Setúbal, Estrela da Amadora, Paços de Ferreira, Crystal Palace, Southampton até chegar à Seleção. Tive anos sem receber, clubes que acabaram, contrariedades atrás de contrariedades, mas que me fizeram crescer como homem, como jogador, e que me permitiram ganhar esta força mental que acho que me caracteriza.

Quando é que se deu o ponto de viragem em que deixaste de ser esse jogador de clubes de menores condições e deste o salto?

Definir o momento exato é difícil, mas se eu tivesse de escolher uma altura, teria de ser quando decidi tentar a minha sorte em Inglaterra. Sabendo que ia para a segunda divisão inglesa na altura, o Crystal Palace, na minha cabeça estava sempre a ambição e o objetivo de chegar à Premier League. Demorou alguns anos, mas nunca desisti, continuei sempre a trabalhar com esse objetivo claro na minha mente e consegui alcançar.

É o típico sonho do emigrante que tenta lá fora conseguir aquilo que o país natal não lhe deu?

Desde miúdo que eu via a Premier League, via os jogos, os jogadores, e tinha o sonho e a ambição de jogar lá. O facto de o meu irmão estar no Arsenal na altura, com 16 anos, ainda me deu mais essa vontade de ir para junto dele e estar mais perto para poder ajudar naquilo que fosse possível. E, quando se proporcionou a saída para o Crystal Palace, num primeiro momento emprestado pelo Benfica, eu agarrei a oportunidade com as duas mãos, fui com tudo e decidido a singrar no futebol inglês.

Inglaterra, marca de forma incrível a tua carreira. A tua estreia na Seleção é 18 de novembro de 2014 num amigável com a Argentina em Old Trafford

Nem mais, com uma vitória que foi o mais importante. Andávamos um pouco ansiosos para que a minha estreia acontecesse, porque eu já tinha sido convocado várias vezes e não tinha tido ainda a oportunidade de me estrear como internacional português. Eu comentei isso na altura com o treinador-adjunto, João Carlos Costa e outros jogadores. A oportunidade chegou nesse grande estádio, um estádio da Premier League. Foi a estreia perfeita.

«Sei que houve uma conversa do Fernando Santos com o Ricardo Carvalho»

José Fonte em treino no ano de estreia na Seleção, 2014 (FOTO: A BOLA)

Tu não jogas a fase de grupos do Euro 2016, só entras nos oitavos de final. No primeiro jogo empatámos e é o Pepe e o Ricardo Carvalho que formam a dupla de centrais da Seleção. Como é que geriste essa ausência das opções?

Demonstrando nos treinos que estava preparado. Se há uma coisa que este grupo de trabalho tinha de fenomenal era a competitividade e era o facto de todos os jogadores treinarem de uma forma absurda, pois queriam mesmo participar, seja um minuto, seja 20 ou os 90. Todos os jogadores que estavam no grupo tinham essa mentalidade incrível e isso fez-nos ir tão longe. A mim cabia-me, nos treinos, criar o maior número de dificuldades ao mister na escolha. Sabendo que tínhamos também o Bruno Alves, num grande nível, um jogador também de enorme qualidade. Eu sei que houve, após o jogo da Hungria (3-3), uma conversa do mister Fernando Santos com o Ricardo Carvalho, em que o Ricardo lhe disse que estava com algumas dificuldades físicas e depois o mister optou por me meter a mim contra a Croácia. Lembro-me da tarde do jogo… Normalmente consigo dormir sempre uma hora antes do jogo e nesse dia não consegui. Estava com muita ansiedade. Tentei fechar os olhos, dormir, mas o coração batia rápido e estava com uma energia enorme para poder jogar, para que o jogo começasse. Lembro-me perfeitamente desse dia.

O jogo com a Croácia, nos oitavos, é a tua estreia em Campeonatos da Europa e Portugal acaba por vencer. É a primeira vitória da Seleção depois de três empates na fase de grupos.

Foi um jogo muito difícil, contra uma grande Croácia, de grande qualidade. Sofremos quando tivemos de sofrer, defendemos quando tivemos de defender só que quando tu tens jogadores como o Cristiano, o Quaresma, o Nani na frente de ataque nós sabemos que se não sofrermos vamos estar sempre mais perto de ganhar.

Nesta altura, depois desse sofrimento até ao fim, vocês sentiam que com os resultados que estavam a conseguir no Euro era possível chegar à final?

Desde que o mister Fernando Santos entrou na Seleção, que nós tínhamos lá no placar quais eram os nossos objetivos reais e porque é que estávamos ali na Seleção. Porque é que éramos parte desta Seleção e estar lá escrito «ganhar, ganhar, ganhar», três vezes, não era só para escrever no quadro. E depois o mister também tinha lá como ganhar…. Óbvio que depois de três empates a confiança não é a melhor, mas o grupo sempre acreditou. Fomos acreditando e a vitória contra a Croácia permitiu-nos um balão de oxigénio. Permitiu-nos adquirir mais confiança de que estávamos no caminho certo, e os níveis foram sempre aumentando passo a passo. Jornada a jornada.

Nos quartos de final empatámos a um golo com a Polónia e depois fomos a penáltis para decidir quem ganhava.

Ainda ficámos a acreditar mais (Risos) No Europeu não há jogos fáceis, e contra a Polônia, estávamos a perder 1-0, depois o Renato [Sanches] fez o empate e ganhámos nos penalties. Esse momento foi importantíssimo, porque nos fez meter os nossos níveis de acreditar no máximo, porque sentimo-nos invencíveis a partir daí.

No jogo das meias-finais, em que jogamos com o País de Gales, jogas a titular, mas com um parceiro diferente: o Bruno Alves. Aos 53 minutos, já estávamos a ganhar. Foi o jogo mais fácil?

Foi o jogo em que desfrutámos mais e que nos deu, pelo menos a mim, mais prazer. Na verdade, foi um jogo ligeiramente mais fácil. Também o facto do Bruno Alves ter entrado, e para mim ter sido um dos melhores jogadores em campo, demonstra bem aquilo que eu comecei a falar, que foi a competitividade do grupo e o facto de todos estarem preparados para contribuir. E, o Bruno foi, sem dúvida, um dos melhores jogadores desse jogo, o que demonstra bem a qualidade do grupo. O jogo correu-nos bem, correu-nos de feição, marcámos e aos 53 estávamos a ganhar 2-0. Foi um jogo espetacular, de grandes alegrias.

E depois dessa vitória, como é que foi sentir que estavam na final do Campeonato da Europa?

Acima de tudo, eu acho que nós tínhamos uma simbiose muito grande com os emigrantes, que nos esperavam, sempre, às tantas da manhã, em Marcoussis, no nosso centro de treinos. Nós sabíamos que era importante, mas não é a mesma coisa estar ali e ver as pessoas, sentir a paixão e o patriotismo que elas tinham. Isso foi-nos passando uma energia positiva enorme. Todo o contexto à volta da Seleção foi fenomenal. Foi criada uma cultura, uma energia que, sem dúvida, foi a melhor ao longo destes anos que eu tive na Seleção. O que nós vivemos juntos foi incrível, com os adeptos, nos nossos momentos pessoais entre nós, foi espetacular.

Sentiram que eram todos Portugal?
Sim, sem dúvida que havia uma grande responsabilidade em cima de todos por estarmos na final. Pelo facto de França ter uma comunidade de portugueses enorme, nós sabíamos a importância que seria ganhar o primeiro título para o país, para todos os portugueses pelo mundo fora, e especialmente para aqueles que viviam em França, por tudo que eles passaram, e têm passado ao longo destes anos. Portanto, havia um sentido de grande responsabilidade, mas quando tens jogadores como o Cristiano, o João Mário, o Renato Sanches, o Nani, o Quaresma, e todos os outros, da qualidade que nós tínhamos, tens de estar preparado para ganhar.

«Antes da final, tudo parou no meu cérebro e senti uma grande alegria»

José Fonte foi o n~umero 4 da Seleção no Euro 2016

Como é que foi para ti que tinhas sido miúdo com o Cristiano Ronaldo no Sporting, depois estares com ele, com toda a dimensão que tem no futebol mundial, a viver o ambiente daquele Europeu em França?

Eu sou um ano mais velho do que o Cristiano e ele esteve pouco tempo connosco quando éramos miúdos porque passou logo para a equipa principal. Já lhe reconhecíamos talento e algo diferente de todos os outros que estavam nas camadas jovens ali no Sporting. Era fácil reconhecer que estava ali algo especial. Não tendo lidado muito com ele nessa fase, depois, anos e anos mais tarde, voltar a encontrá-lo, foi um motivo de orgulho, de satisfação por poder partilhar estes momentos com alguém com o talento, a qualidade, a importância dele. E foi aproveitar o facto de estarmos com alguém com tanto conhecimento, com tanta qualidade. Nós podemos aprender imenso uns com os outros e a verdade é que eu aprendi e tentei apanhar aquilo que me pudesse também beneficiar, seja na nutrição, seja no trabalho, seja no que for.

Falavas nessa questão da nutrição, até porque vocês sendo dos mais velhos, estavam numa fase mais madura da carreira e acabaram por criar um equilíbrio com os mais novos que permitiu que fosse um grupo diferente.

Quando tu falas de nutrição, isso foi mais um dos temas engraçados do nosso Euro, porque havia uma bandeja com as nossas especiarias. As nossas especiarias milagrosas. O Bruno [Alves] principalmente trazia e falava e nós íamos trocando mensagens entre nós e pedindo outras coisas… ‘Traz este sal do Himalaias, e traz esta pimenta caiena, traz isto, e aquilo’. E este tema fez com que à volta da mesa toda a gente depois fosse lá tirar e era tema de conversa no grupo. Há coisas que são uma superstição para o jogador de futebol que tem de comer isto ou aquilo. Agora, um facto inegável, é que hoje há muito mais informação e quando tu começas a lidar com jogadores que estão ao mais alto nível, que ganham constantemente coisas e que têm certos hábitos nutricionais, começas a ver e a adotar esses hábitos que eles têm. Depois, quando sabemos que certas coisas são benéficas para a saúde, para a performance, tu começas a fazer igual. E um facto foi que houve uma adoção enorme, não só dos jogadores, como do staff.

São essas preocupações que vos permite conseguirem jogar ao mais alto nível até tão tarde?

São um conjunto de fatores que nos permitem chegar até tarde e empurrar o limite. Sem dúvidas que descansar bem é importantíssimo, a nutrição fundamental, o trabalho antes do jogo e do treino é fundamental, assim como depois do treino e a fisioterapia. E depois é a genética e a sorte de não ter lesões, ou de ter poucas lesões graves, que nos permitem depois chegar aos 38, 39, 40 ainda a um bom nível.

Como é que foram as horas antes daquele 10 de julho do 2016?

Eu só posso falar a nível pessoal. Em primeiro lugar, senti uma grande felicidade e vontade que o jogo começasse rápido e depois, claro, um pouco ansioso, até o apito inicial. Sentia-se uma grande vontade que o jogo chegasse para podermos fazer aquilo para o qual trabalhámos durante tantos anos. Quando o apito inicial é dado, é o nosso habitat. É onde nós esquecemos tudo e é o que nós fazemos melhor. Recordo-me que no túnel, já com as equipas vestidas para entrar no campo, tudo parou no meu cérebro e eu senti uma grande alegria, por termos conseguido algo inacreditável. E isso deu-me uma calma muito grande e confiança.

«Fiquei triste de não irmos todos juntos para um sítio qualquer e celebrar à grande»

Quando é que o Fernando Santos te disse que irias jogar a titular ao lado do Pepe?

Ele só diz a equipa uma hora antes do jogo. E mesmo nos treinos, às vezes, ele misturava. Agora, eu sabia que tinha feito o jogo com a Croácia, Polónia, País de Gales e normalmente, ia fazer a final.

O jogo ia decorrendo e o golo que nunca mais chegava. Foi difícil de gerir?

Eu sentia que a equipa estava extremamente confortável no jogo. Não sentia que eles nos iam marcar. Sentia que estávamos todos ligados a 100 por cento, sempre focados na missão, e eles podiam estar ali 200 minutos que a bola não ia entrar. Toda a equipa estava numa ótica de missão e a final ia ser nossa. Quando se revê o jogo, tu vês a concentração total, o comprometimento máximo do Quaresma, do Nani e do Cris, enquanto esteve em campo. Como equipa fomos muito melhores. Sem dúvida. Como equipa acho que naquele torneio, não houve ninguém melhor que nós.

Quando o Cristiano saiu lesionado, sentiste que a equipa abanou?

É preocupante, claro. O nosso melhor jogador, o melhor jogador do mundo. É sempre preocupante. Mas, acho que isso nos deu um pouco mais de determinação para irmos à luta até não dar mais.

E depois, o herói improvável Éder faz aquele golo aos 109 minutos e faz história para Portugal.

Merecido. Acho que foi merecido para nós, para Portugal, para os portugueses e também para o Éder. Ele tinha passado por momentos complicados, que não eram merecidos de todo, e acho que todos nós ficámos imensamente felizes por ter sido o Éder a marcar.

Por todo o ruído aquando da convocatória do Éder para esse Europeu?

Sim. Não se percebe. Quando um jogador é convocado pelo treinador, temos de apoiar e nós jogadores sentimos que havia alguns anticorpos contra ele e nós não gostamos de ver essas coisas. Não era justo de todo, porque ele era um jogador de características diferentes, que nos dava coisas diferentes dos outros e que poderia ser útil em certos jogos. E ficou provado, da melhor maneira. E agora é o herói nacional.

E depois, quando ganhas, já sabias como é que ias celebrar?
Adorei a celebração quando chegámos, irmos no autocarro pelas pessoas e ver todos aqueles milhares de pessoas na rua. Foi, e vai ser para sempre, algo inesquecível. Ainda tenho vídeos no telefone e às vezes vou ver esses vídeos. Agora, fiquei triste de nós, como grupo, não irmos todos juntos para um sítio qualquer e celebrar mesmo à grande. Eu sei que toda a gente queria estar com as famílias, mas acho que como grupo devíamos ter ido todos para qualquer lado, passar uma noite. Porque depois às 11 e tal, cada um foi para um sítio, até logo, e tchau. Ou seja, acabou a final, fomos para o Marcoussis, fizemos lá a nossa festa e viajámos logo de manhã muito cedo para Portugal. Chegámos a Portugal, fizemos o passeio a mostrar a taça às pessoas que estavam na rua e no fim do dia cada um foi para onde queria ir. Era aí nesse momento que eu acho que faltou dar uma grande festa, bem organizada para os jogadores, para os familiares, para toda a gente, até às tantas.

Imaginaram alguma vez todo aquele ambiente maravilhoso, único e épico que se criou em Portugal para vos receber?

Começa logo tudo no avião. Olhamos para a janela e vemos jatos, com bandeiras portuguesas, a fazer a escolta. Arrepiámo-nos logo. Ficámos logo malucos. Depois quando aterrámos no aeroporto e começámos a tentar sair, vemos milhares e milhares de pessoas doidas a celebrar… É qualquer coisa de mágico. O que nós vivemos ali naqueles momentos foi inacreditável.

Vocês faziam ideia de alguma coisa que estava se preparada ou foram vivendo cada momento de forma inesperada?

Não sabíamos de nada. Sabíamos que estariam milhares de pessoas a celebrar… Depois até fomos ter com o presidente Marcelo Rebelo de Souza e fomos condecorados. Foram momentos fantásticos. Eu gostava era de poder conseguir voltar atrás e reviver isto tudo porque às vezes dá saudade. Gostava de ter um botão que sempre que quisesse, podia voltar a viver isto tudo.

Sentiste-te nesse momento que a Estrelinha foi Estrelinha?

Qualquer equipa para ganhar tem de ter um pouco a Estrelinha de campeão. É inegável que a nossa equipa era fantástica e que merecemos ganhar o Euro. Isso é inegável. As pessoas podem dizer o que quiserem, que a maneira que nós ganhámos não foi a melhor. O que é certo é que quem ganhou foi Portugal e foi um vencedor justo. Logo, uma equipa que vai ficar para sempre na história, um treinador que vai ficar para sempre na história, é um campeão merecido. E agora esperamos que esteja malta que está na Alemanha faça um grande Europeu. Se eles conseguirem criar e cultivar essa cultura que nós tínhamos de 2016, eles vão estar muito próximos de ganhar como nós. É só isso que eles têm de se focar porque qualidade há de sobra nesta seleção.

E, individualmente, qual foi o teu momento do Euro de 2016?

Sem dúvida foi o meu primeiro jogo contra a Croácia e o facto de ter culminado com aquele golo do Quaresma e as celebrações depois desse golo. Tenho memória de ver os meus colegas a sprintar para abraçar o Quaresma. São esses momentos que até ficam mais gravados na memória.

És, orgulhosamente, campeão do Europeu no Portugal?

Inevitável, tem de ser. Um orgulhoso campeão da Europa por Portugal.