Uma não-equipa
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Uma não-equipa

OPINIÃO07.03.202407:45

Não se augura nada de bom ou melhor ao Benfica. Porque tem males irremediáveis

A goleada com o FC Porto só surpreende quem subestima as debilidades do Benfica, que esta temporada já esteve no limiar de outras derrotas pesadas contra rivais da sua igualha — Real Sociedad em San Sebastián, Sporting em Alvalade ou até em Toulouse, se tantas bolas aos ferros e ao boneco de Trubin tivessem entrado. Porque a cada jogo frente a equipas boas expõem-se insuficiências. No Dragão, perante FC Porto de mais baixa qualidade dos últimos anos, à carência juntou-se a desinspiração, com ênfase desde logo na linha defensiva, onde Otamendi cometeu pecado capital ao ser expulso em momento de desnorte coletivo, agravando desequilíbrios e expondo a equipa a constrangedora submissão. Que resultou em tempestade perfeita.

Quem responsabilizar? O treinador, fácil, quando é evidente que a cada onze, a cada substituição, pouco acerta. Futebol, zero. Mas o que fazer, se ao terceiro lateral esquerdo contratado numa época nenhum serve? Adapta-se central lento e duro de rins contra extremos-gazuas. O lateral direito de raiz passa mais tempo na enfermaria e a opção é outro jogador deslocado, desaproveitado das melhores valências. No meio-campo não se percebe o que Kokçu entrega à equipa, a não ser ineficiência defensiva, que agrava a permeabilidade do setor já alta pela inabilidade inata de Di María para ser mais do que excecional jogador criativo e decisivo, imprescindível. Que jogue Florentino ao lado do faz-tudo-e-bem João Neves. Quanto a avançados, mais equívocos. Tengstedt é escolhido porque, diz o treinador, os dois reforços não conferem coesão indispensável na pressão à saída de bola adversária. Logo, o Benfica entrega a produção de golos a avançado tecnicamente limitado no que deve ser a sua aptidão: marcá-los.

Por tudo, não se augura nada de bom (ou melhor) ao Benfica na decisão da época. Porque são males irremediáveis.