Terá Pedro Gonçalves lugar no Martínez FC?

QUARTA REGISTADA. Se Roberto Martínez não chamar agora Pedro Gonçalves à Seleção Nacional, terei de concordar com o outro e pensar que o azar de ‘Pedro González’ é não ser português…

«O Pedro Gonçalves é um jogador com azar, porque a concorrência pela sua posição é muito alta.»

Foi assim que, em dezembro de 2023, o selecionador nacional, Roberto Martínez, se referiu às ausências de Pedro Gonçalves das convocatórias de Portugal. Nessa altura, a época não ia ainda a meio e apesar de titular indiscutível no Sporting todos já tinham visto um melhor Pedro Gonçalves, todos tinham na retina aquele Pote capaz de chegar à casa das duas dezenas de golos. A temporada passava, o Sporting corria embalado para o título e Pote pulverizou golos e assistências: se no final de 2023 tinha 6 e 5 respetivamente, na paragem de março para os jogos das seleções já levava 16 e 13. Mas teve azar, lesionou-se a marcar um golo na Liga Europa, à Atalanta, precisamente na véspera de «um modelo de convocatória alargada» (foi assim definida pela FPF) de Portugal para os particulares com a Suécia e a Eslovénia.

«Todos os jogadores têm uma história diferente, um caminho diferente. Acho que o Pote está a ter uma época espetacular, são 16 golos e 13 assistências. Acho que teve muito azar. As lesões fazem parte da vida dos jogadores e o Pote vai voltar aos relvados ainda mais forte. É um momento difícil, porque o Pote tinha todas as condições para estar no estágio.»

É preciso ter azar, Pedro Gonçalves, logo quando ia ser convocado por Roberto Martínez o raio de uma lesão a tirá-lo da convocatória. Mas convenhamos, quantos dos que naquela altura alargaram a lista para 32 tiveram lugar quando esta reduziu para o normal, tendo em vista já o Euro? Diogo Leite não; Toti Gomes também não; Jota Silva o mesmo; Trincão (que também se lesionou e saiu daquela chamada e que agora, tal como Pote, está a bater à porta outra vez…) igualmente; Bruma idem aspas. Só Francisco Conceição, o «espalha brasas», convenceu Roberto Martínez.

«Temos jogadores que trabalharam muito bem para ganhar dez jogos na fase de apuramento. O Trincão e o Pedro Gonçalves tiveram uma época superlativa, mas nunca fizeram parte da Seleção. Para entrar alguém, outro precisa de sair. E é uma injustiça sem motivo. O Trincão e o Pedro Gonçalves estão ainda mais perto da Seleção.»

Estarão mesmo? Fica claro que Roberto Martínez tem um grupo em que confia, em que aposta e dificilmente admite intrusos. Não é o único selecionador a fazer assim, aliás, não raros são os que têm o mesmo método. Mas será que a frase com que, em maio, o selecionador nacional rematou a explicação para as ausências dos dois jogadores do Sporting das escolhas tem razão para ser levada a sério? É o que veremos quando Martínez divulgar com quem conta em setembro para os jogos com Croácia e Escócia. Sim, é certo que para Pedro Gonçalves (e Trincão) entrar, alguém tem de sair e aí sim, na concorrência, Pote tem azar. Mas não menos verdade é que a versatilidades que tem para jogar no ataque e no meio-campo lhe podem abrir perspetivas numa altura em que será o português em melhor forma, objetivamente suportada pelos números (4 golos e 3 assistências) e num arranque de época em que alguns dos indiscutíveis na equipa Martínez FC não têm jogado... E sobretudo porque arranca um novo ciclo, uma nova campanha para novas competições, é a altura certa para o selecionador provar que dizer que Pedro Gonçalves (e Trincão) está ainda mais perto da Seleção não foram apenas palavras de circunstância. Ou terei de concordar com o outro e pensar que o azar de Pedro González é não ser português…

SELO DE GOLO

João Almeida: Mais uma etapa de categoria do português, agora 2.º na geral da Vuelta, a mostrar quem manda na UAE.