Ser paciente no mercado é uma virtude
Rúben Amorim no banco do Sporting na estreia da Liga 2024/2025. Foto: Grafislab

BOLA DO DIA Ser paciente no mercado é uma virtude

OPINIÃO17.08.202408:40

Rúben Amorim defendeu estratégia do Sporting por Ioannidis. Outros já deveriam ter aprendido a lição

O Sporting continua à procura do avançado. Sim, do avançado, não de um avançado. O departamento de prospeção, o treinador e a estrutura de futebol identificaram em Ioannidis as características ideais para jogar com Gyokeres, este ano, e substituir o sueco, no próximo, e por isso tudo têm feito, dentro das suas possibilidades, para contratar o jogador do Panathinaikos.

Sem mencionar o nome de Ioannidis, Rúben Amorim falou esta sexta-feira do processo. Afinal, a novela já leva mais de um mês e estamos a duas semanas do fecho do mercado. Paulinho saiu e as alternativas a Gyokeres limitam-se a Rodrigo Ribeiro e Rafael Nel – atualmente os dois lesionados, o que levou o treinador a convocar Gabriel Silva, de 17 anos, para o jogo deste sábado com o Nacional.

Mas o Sporting não irá buscar um avançado qualquer só para fazer número. Amorim defendeu a estratégia dos leões, considerando tratar-se do «caminho certo», embora admitindo que comporte algum risco – apesar da confiança em Alvalade, nada garante que o Panathinaikos aceite vender o jogador, sobretudo porque já terá recusado abordagens superiores aos valores a que o Sporting pode chegar.

Em todo o caso, é preciso dar o benefício da dúvida ao clube. Há um ano, a novela Gyokeres não foi muito diferente, embora tenha sido resolvida mais cedo, e o impacto do sueco na conquista do título mais do que justificou a insistência.

Para um clube como o Sporting (como qualquer outro dos candidatos ao título em Portugal), é fundamental acertar nas contratações, porque o dinheiro escasseia. Certo, por vezes é possível reparar os danos com uma venda rápida que permita recuperar o investimento todo, ou quase. Mas na maior parte dos casos o insucesso na aquisição dum jogador tem consequências no valor de mercado. Por quanto poderia sair hoje Fresneda? E quão mais forte poderia ser o Sporting se tivesse gasto os 9 milhões do espanhol em alguém que jogasse?

Mesmo assim, muito melhor está a situação em Alvalade do que no Dragão (vide Carmo, David) ou na Luz (vide Cabral, Arthur). Também porque, como dizia Amorim ontem, o clube insiste nos jogadores que identifica e não anda sempre à procura de «segundas ou terceiras opções».

É uma lição que o Benfica parecia ter aprendido com Enzo Fernández – estava até disposto a esperar seis meses por ele, com o negócio já feito, para o caso de o River Plate continuar na Libertadores; acabou por recebê-lo no final de agosto de 2022 e cinco meses depois tinha o título na mão e estava a vendê-lo por 121 milhões de euros. Só que, ou o processo de identificação dos alvos deixou de funcionar, ou, mais provável (vide Cabral, Arthur, mais uma vez…), o Benfica passou a contratar em desespero. O custo está à vista.