Nos bastidores do mercado: como o Sporting manteve a equipa campeã
O treinador Rúben Amorim e o presidente Frederico Varandas. MIGUEL NUNES

Nos bastidores do mercado: como o Sporting manteve a equipa campeã

NACIONAL04.09.202408:30

As histórias por contar, das saídas que não aconteceram às entradas por concretizar (Ioannidis). Varandas cumpriu promessa feita a Amorim: manteve os principais jogadores e deu-lhe os quatro reforços

Segunda-feira, 2 de setembro, à meia-noite encerrou o mercado em Portugal. Antes, na sexta-feira, a janela de transferências tinha já fechado na maioria das grandes Ligas europeias. Logo nesse dia Rúben Amorim respirou de alívio por ver as principais e mais cobiçadas figuras do plantel continuarem em Alvalade, depois tranquilizou-se por ver chegar o reforço que faltava, o avançado Conrad Harder. Fechado o mercado, muitas histórias ficaram por contar, aqui revelamos algumas, num verão em que Frederico Varandas cumpriu a promessa feita ao treinador: manter a espinha dorsal da equipa campeã nacional e oferecer-lhe quatro contratações cirúrgicas.

Foi precisamente no capítulo das entradas que o verão leonino mais aqueceu. Porque a administração do Sporting lutou até ao impossível para oferecer a Rúben Amorim o avançado mais desejado, o grego Fotis Ioannidis, 25 anos, uma história que durou quase seis meses! Tudo começou ainda em março, com uma viagem do agente do jogador a Lisboa para início de conversas, e só caiu por terra no final de agosto.

Ainda o Sporting corria atrás do título nacional bem embalado ao ritmo dos golos de Gyokeres e já trabalhava para a aquisição do atacante do Panathinaikos. Estava já definido que era preciso contratar um avançado, além de um guarda-redes, de um central e de um extremo para o lado esquerdo, e o plano delineado avançava cedo. Começaram as primeiras abordagens ao grego.

O tempo passou, o Sporting sagrou-se campeão e até foi ultrapassada ameaça de saída para Inglatera de Rúben Amorim, que cedo viu a contratação de Kovacevic (5 milhões, do Raków) para a baliza e de Debast (Anderlecht, 15,5 milhões) para a defesa, 50 por cento dos reforços prometidos assegurados. Na luta pelo grego, com Bolonha e Ipswich, acordo para um salário próximo dos 2 milhões de euros limpos e avançou a primeira proposta: 18 milhões de euros. Negada pelo Panathinaikos.

E foram não mais duas mas sim mais três as propostas que o clube de Atenas rejeitou. Já se sabia da segunda de 20 milhões, da terceira de 20 milhões mais 3 milhões em bónus, mas houve ainda uma quarta, já na reta final e quando já se tentava outro alvo, Vítor Roque do Barcelona, que acabou cedido ao Bétis: 20 milhões fixos mais 6 em bónus. A resposta do emblema do trevo foi outro não!

Mas por que não se conseguiu a aquisição de Ioannidis, quando o esforço, sobretudo do diretor desportivo Hugo Viana, que lutou com todas as forças para satisfazer o desejo do treinador, foi tão grande e durante tanto tempo? Culpa do presidente do Panathinaikos, Giannis Alafouzos, intransigente até ao fim, e não apenas para com o Sporting, e também de alguma inoperância dos agentes gregos do avançado, que só acordaram para a vida quando viram Viana em Barcelona a negociar a alternativa Vítor Roque.

O Panathinaikos nunca quis muitas conversas: disse não e nada mais, nem quanto poderia querer nem mais nada. E os leões avançaram para Harder, pagaram 19 milhões numa operação relâmpago que levou Hugo Viana à Dinamarca e depois os agentes do jogador a ver o clássico.

O Sporting contratou ainda Maxi Araújo, negócio facilitado pelas excelentes relações que o clube mantém com o agente Pablo Boseli, o mesmo de Franco Israel, que ajudou a desbloquear a operação com o Toluca, que ficou nos 13,6 milhões de euros mais a anunciada comissão de €1,36 milhões.

INGLESES POR GONÇALO INÁCIO

No verão de 2023, vendido Ugarte ao PSG por 60 milhões, foram lançados os alicerces para construir um plantel que acabaria campeão. Nessa altura, pensava-se em Gonçalo Inácio para ser o Ugarte do verão de 2024. Mas com a entrada na Liga dos Campeões e os seus milhões de euros e para agarrar o cobiçado Rúben Amorim, Varandas prometeu ao treinador segurar as principais figuras. Gyokeres à cabeça — por isso não chegaram propostas pela estrela sueca, avisados os potenciais pretendentes do valor da cláusula de rescisão de 100 milhões. Inácio logo a seguir.

Ainda assim houve dois clubes muito interessados no central de 22 anos: Liverpool e Manchester United. O primeiro numa fase inicial, quando Amorim chegou a ser hipóteses para substituir Jurgen Klopp, e já depois, em agosto, quando o empresário Miguel Pinho, depois da renovação de Bruno Fernandes com o Manchester United, chegou a deslocar-se a Liverpool onde Inácio esteve em cima da mesa, sempre com o conhecimento da SAD. Mas os reds, tal como os red devils que também conversaram com o agente sobre o central, acabaram por não concretizar o interesse que efetivamente mostraram, sobretudo pelo investimento que era preciso fazer, do valor da cláusula de 60 milhões de euros.

EDWARDS, CATAMO E ESSUGO

Com proposta efetiva para sair esteve Edwards. O extremo viu a Juventus tentar empréstimo com taxa de 5 milhões de euros com opção de compra de 20 milhões, mas os leões pretendiam a venda do passe no imediato. Da Arábia também chegaram abordagens e do Fullham uma intenção que não se concretizou e que poderia permitir o regressos do inglês a Londres.

Em grande no Sporting, sobretudo depois dos dois golos ao Benfica que escancararam as portas do título, esteve na época passada Geny Catamo. Por isso o interesse de árabes a chegar a Alvalade mas também do Valência. Os primeiros chegavam aos 15 milhões de euros, os segundos só aos 12 milhões. O Sporting queria 25 milhões.

Essugo não tem tido muitas oportunidades para jogar, na época passada só as teve na segunda metade, já cedido ao Chaves. Voltou para a pré-época e acabou por ter a oportunidade de rumar a França: o Lens chegava aos 15 milhões mas não foi suficiente: os leões queriam manter o jogador, embora emprestado, houve possibilidades de Inglaterra e França, mas só em Espanha um clube admitiu empréstimo sem opção e o jovem médio seguiu para o Las Palmas.

RODRIGO RIBEIRO ERA PLANO B A MARCOS LEONARDO

O Aves SAD anunciou na reta final do mercado a chegada de Rodrigo Ribeiro, que se junta ao plantel por empréstimo do Sporting até ao final da presente época. O avançado de 19 anos, no entanto, chegou a ser equacionado no Al Hilal, de Jorge Jesus, como alternativa mais barata ao benfiquista Marcos Leonardo, que rumou à equipa da Arábia Saudita por 40 milhões de euros. Rodrigo Ribeiro, que chegou a ser também equacionado no Nottingham Forest, onde na época passada jogou por empréstimo, seria uma hipótese de valor na ordem dos 15 milhões de euros. Tem contrato com o Sporting até 2028.

JOÃO MUNIZ ESTEVE PERTO DO FEYENOORD

Antes de rumar ao Rio Ave, por empréstimo, João Muniz teve a oportunidade de viajar para os Países Baixos, onde tinha o Feyenoord interessado. O negócio, no entanto, não se consumou porque os neerlandeses não admitiam avançar com os valores pedidos pelos verdes e brancos, na ordem dos €10 milhões. O central de 19 anos, que tem contrato até 2028 com os leões e realizou a pré-época no grupo de Rúben Amorim, acabou por ser cedido aos vila-condenses por uma temporada.

CALLAI PARA FORA SÓ COM CONDIÇÕES ESPECIAIS   

O guarda-redes Diego Callai passou de opção para empréstimo a terceiro guarda-redes do Sporting, em pleno no grupo principal. O jogador de 20 anos, que na segunda metade da temporada passada esteve cedido ao Feirense, teve abordagens de clubes da Suíça, da Turquia e da Bélgica mas para empréstimos com divisão de encargos, o que não agradou aos verdes e brancos. Por isso, mas não apenas, a continuidade. É que os leões querem o guarda-redes a evoluir junto do Vladan Kovacevic e de Franco Israel, os principais para a baliza na temporada 2024/2025.