Extremo vai rumar aos 'blues' na temporada 2026/27, depois de o negócio já ter sido oficializado pelo Sporting
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Sporting com lucro para dois anos

NACIONAL21.03.202509:15

Com as vendas de Quenda e de Essugo, o Sporting ganhou tempo para melhor negociar Gyokeres e ganhou desafogo financeiro para duas épocas. Este é o ‘Nunca mais é sábado’, espaço de opinião de Nuno Raposo

Estamos em março e o Sporting acaba de encaixar 74,4 milhões de euros com as vendas dos passes de Geovany Quenda e de Dário Essugo. Estamos em março e à conta deste acordo global com o Chelsea pelo extremo de 17 anos (€50.777.700 fixos e €1.358.841,32 variáveis com objetivos de fácil concretização) e pelo médio de 20 (22,3 milhões de euros), o Sporting tem o exercício da época 2024/2025 encaminhado para lucro, provavelmente com números recorde, num altura em que o foco tem de estar, e está, na luta pelo título, que se adivinha intensa com o rival Benfica, procurando os verdes e brancos um bicampeonato inédito em 70 anos.

Por outro lado, o encaixe agora efetuado permitirá ficar sem pressa para a venda de Viktor Gyokeres. A transferência do supergoleador sueco é dado adquirido. Porque desejada pelo jogador e desejável, muito desejável, pela administração sportinguista. Mas deixa de ser necessária para este exercício passando para o próximo, que começa no dia 1 de julho. Assim, podem os leões jogar com os interesses que vão surgir pelo sueco, concorrência que pode inflacionar uma operação que tem como mínimos os 70 milhões de euros. Ora, mais 70 milhões de euros no verão, a contar já para as contas de 2025/2026, fazem com que também o próximo exercício fique no verde — e um verde carregado, capaz de oferecer um desafogo financeiro que esta administração nunca viveu, que o clube nunca viveu nos tempos mais próximos, diria mesmo em décadas.

Mudança do ala do Sporting para os 'blues' vai acontecer apenas no próximo ano.
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Consequência deste equilíbrio de contas: a possibilidade de dar mais estabilidade ao treinador na construção de um novo plantel, sabendo-se que este, e mais ainda se o objetivo do bicampeonato for atingido, sofrerá natural remodelação — é certo que Quenda ainda fica mais um ano por empréstimo, mas Gyokeres sairá já; Diomande e/ou Gonçalo Inácio também; Morten Hjulmand, Francisco Trincão… são muito cobiçados. Ficarão os leões com capacidade para substituir as peças com qualidade, de forma cirúrgica mas em patamares de mercado que garantem jogadores capazes.

Olhemos para o verão de 2023. Nesse ano, a venda de Ugarte por 60 milhões de euros, cedo ainda na janela de mercado, permitiu o desafogo para ir contratar Gyokeres (20 milhões) e Hjulmand (18 milhões), na altura os dois maiores investimentos da história do clube, com os resultados que logo se viram e que no final da época valeu o título nacional.

Olhemos para um ano antes, o verão de 2022, com as vendas de Palhinha (21 milhões de euros ao Fulham) e de Matheus Nunes (45 milhões para o Wolverhampton), esta última na reta final do mercado (era preciso, urgentemente, fazer encaixe) sem tempo para colmatar a saída e num ano sem caixa para antes se contratar melhor. Resultado: uma época que terminou no 4.º lugar.

Aprendeu o leão. Tanto que a estratégica é claramente a de 2023 e que tão bons resultados deu. Apesar de algumas críticas, fundamentalmente que apontam o valor da venda de Quenda como baixo, considero que o Sporting fez um excelente negócio. Sim, o mercado não avalia apenas um jogador de 17 anos que até ontem esperava pela primeira internacionalização, que apesar de ter 44 jogos em 44 jogos possíveis pelo Sporting em 2024/2025 marcou apenas dois golos (6 assistências), que ainda tem de crescer. Sim, o mercado avalia um jogador de 17 anos de enorme potencial, que está a evoluir em alta competição e que pode chegar a patamar de qualidade máximo. Mas 52 milhões, mais os 22 de Essugo, numa altura destas seria um erro recusar. Por tudo o que apontei antes. Porque a receita de 2023 teve os resultados que se viram. E porque com Gyokeres na equação, a SAD leonina tem já dois anos garantidos de desafogo. E isso é a base de tudo. Haja agora unhas para tocar a guitarra.