Olhar a Seleção e ver o copo meio cheio ou meio vazio
Não faltam razões para acreditar antes do duelo com a França nos quartos de final do Euro 2024; também não faltam razões para duvidar...
Fizemos um bom jogo de ataque, numa relva lenta, e tivemos 11 cantos. Falhámos um penálti, não é um jogo em que se possa dizer que não chegámos ao último terço
Roberto Martínez, selecionador de Portugal, após eliminar a Eslovénia no desempate por penáltis
Portugal joga muito poucochinho, o que preocupa. Mas a França também tem jogado muito poucochinho, talvez ainda menos, se isso for possível.
Portugal não marca golos no Euro 2024 há quatro horas e quatro minutos (sem contar com compensações) – 34 contra a Turquia, 90 contra a Geórgia, 120 contra a Eslovénia. Mas tem cinco, e a França, em quatro jogos (menos trinta minutos que a Seleção Nacional, porque não teve de disputar prolongamento nos oitavos de final), marcou apenas três.
Sim, mas Portugal já beneficiou de dois autogolos. Pois é, mas a França também – e o outro golo que marcou foi de penálti.
Só que a França é provavelmente a seleção com os melhores jogadores do mundo. Será, mas Portugal não fica muito atrás.
Mas de que serve ter bons jogadores se jogamos tão poucochinho? Boa pergunta, que tal fazê-la a Didier Deschamps?
Mas pelo menos Deschamps não diz que a França fez um bom jogo de ataque depois de estar 120 minutos sem marcar à Eslovénia. Talvez porque não jogou contra a Eslovénia, porque depois de eliminar a Bélgica, com autogolo de Vertonghen, disse: «Fizemos um grande jogo, com muitas coisas boas. É preciso saborear e não banalizar.»
Não faltam motivos para acreditar nem para duvidar. Cada um que escolha se prefere o copo meio cheio ou meio vazio. Eu, que gosto de números, diria que está a 50 por cento.