O amadorismo do Sporting em Eindhoven
A rábula das botas a fazer lembrar a final da Taça dos Campeões do Benfica com o PSV. Só que entretanto passaram 36 anos…
O Sporting trouxe um empate de Eindhoven, resultado que, a frio, tem de considerar-se positivo. Os leões nunca foram superiores ao PSV e se alguém pode lamentar-se do 1-1 são os neerlandeses. Já os sportinguistas têm mais razões para queixar-se das… botas. Quando estava a ver a partida e os jogadores a escorregarem, recordei-me, curiosamente, de outro jogo do PSV com uma equipa portuguesa: a final da Taça dos Campeões Europeus de 1988. A tal do penálti falhado por Veloso e a da rábula das meias dos jogadores do Benfica.
Se as botas de Elzo ou Pacheco a saltarem no relvado de Estugarda ficaram na história do futebol português, o que dizer agora da partida Philips Stadion? Então, os encarnados estrearam equipamentos, o que se compreendia e justificava, dada a solenidade do momento, mas, no meio da euforia de um regresso a uma final, não contaram com a goma das meias novas, que fez com que a pouca aderência fizesse as botas saltarem dos pés. Não tinha memória de uma situação semelhante até à última terça-feira. 36 anos depois assisti a novo momento de verdadeiro amadorismo.
Aceito que a principal responsabilidade, como frisou Rúben Amorim, seja dos jogadores, que não se prepararam para as condições do relvado, mas não podem ser os únicos culpados pela má imagem deixada pelo clube nos Países Baixos e que todo o mundo assistiu via televisão. Alguém devia ter previsto a situação… Foi dada prioridade ao trabalho tático e dispensado o treino de adaptação ao relvado, explicou o treinador.
Uma moda, justificada pelos calendários cada vez mais sobrecarregados e que retira tempo aos treinadores para prepararem os jogos, que parece que veio para ficar, mas que pode ter custos. Como teve neste jogo. Valeu aos leões que o golo de Daniel Bragança, já perto do fim, fizesse com que rábula das botas passasse para plano secundário. O futebol é mesmo assim, tudo se determina a partir do resultado.
E o ponto de Eindhoven, pesadas todas as incidências, tem tudo para ser um bom resultado. Isto numa perspetiva realista que é um lugar no play-off de acesso aos oitavos de final. Neste novo formato da Liga dos Campeões só os oito primeiros classificados se qualificam diretamente e no fim a fasquia, acredito, vai estar muito alta.
Diria que para uma equipa se apurar terá de alcançar cinco vitórias, o que em oito jornadas é uma tarefa bem difícil. Ou somar, pelo menos, os mesmos 15 pontos com menos vitórias, o que para Sporting e Benfica ainda parece mais difícil, já que para tal só poderiam perder um jogo nesta fase da Champions…