«Amorim tem toda a razão na questão dos 'pitons'»

NACIONAL02.10.202421:21

Augusto Inácio reforça ideia e diz que os jogadores têm de ser responsabilizados pelo tipo de botas que usam durante os jogos. Jogadores têm patrocínio para chuteiras. Aquecimento é «fundamental»

É uma questão que, por norma, não está na ordem do dia: o tipo de 'pitons' que os jogadores utilizam durante os jogos. O tema, porém, tornou-se relevante após o encontro entre o PSV Eindhoven e o Sporting. Sobretudo pelas palavras de Rúben Amorim, visivelmente agastado, na sequência de vários jogadores a escorregaram em alturas cruciais, com exemplo maior a passar por Eduardo Quaresma, quando, aos 70 minutos, surgiu em posição privilegiada mas uma escorregadela quando se preparava para rematar deitou tudo e perder, com muitos a apontarem o facto dos atletas não estarem com o calçado adequado para o relvado do Phillips Stadium — recorde-se que os 'pitons' de alumínio têm maior aderência a pisos escorregadios do que os de borracha.

No final do encontro, Rúben Amorim deu a explicação para este facto, responsabilizando os jogadores pelas más escolhas do tipo de chuteiras. «Escorregámos muito mais do que o adversário e é algo a que temos de ter atenção. Preferimos, muitas vezes, treinar em Lisboa porque temos pouco tempo para treinar e ter um treino tático onde ninguém está a ver parece-nos mais importante do que haver uma adaptação ao campo e às vezes pode ser essa a diferença de se conhecer bem o piso e de escolher as botas. Mas eles têm o aquecimento para isso e temos de ser melhores nessa abordagem. Acho que já estamos numa fase do jogador profissional que tem de saber e não ser o treinador, como antigamente, a dizer que toda a gente tem de ir de [pitons] de alumínio. É algo que os jogadores têm de saber porque são profissionais de futebol e são homens», apontou.

Há porém, vários pontos a ter em conta: hoje em dia, face aos patrocínios individuais aos futebolistas das marcas de calçado desportivo são estes que levam as suas chuteiras para os jogos. Nesta perspetiva, Augusto Inácio concorda com o treinador do Sporting. «Estou completamente de acordo com Amorim. Tem toda a razão na questão dos 'pitons'. O calçado mudou e há a questão do conforto, mas os jogadores têm de saber qual o tipo mais adequado para determinado estado do relvado. E, neste particular, têm de estar preparados para todo o tipo de piso e levando botas adequadas para cada um deles. Já lá vai o tempo em que era o treinador quem dizia qual o tipo de botas a usar e normalmente eram com alumínio. Aliás, cheguei a jogar em pelados com este tipo de calçado», recorda a A BOLA.

Augusto Inácio explica que o período de aquecimento pode ser importantíssimo para a escolha das botas a usar. «Logo no aquecimento, os jogadores têm contacto com o relvado e é fundamental verificarem como este se comporta quando arrancam, quando mudam de direção, na receção de bola… em vários vetores. E, a partir desse momento, têm de escolher o calçado mais adequado», diz quem, quando começou a jogar, as botas eram fornecidas pelo clube mas que esteve no período de transição, nos inícios dos anos 90, para o patrocínio das marcas aos jogadores.