No futebol português, que intolerância!
O futebol português está à imagem da sociedade deste país: altamente suscetível, intolerante e com opinião e decisões baseadas em critérios casuísticos e liminares
As gentes e os agentes do futebol português são reflexos da sociedade deste país: altamente suscetíveis, intolerantes e com opinião e decisões baseadas em critérios casuísticos e liminares.
As lideranças nos clubes – de presidentes a treinadores - estão sob fortíssimo escrutínio, sob mira de contestação e em causa à primeira série de maus resultados. É um estado transversal, não se resume à massa adepta (não a maioria) permanentemente irada contra presidente, treinador e jogadores.
Começa no primeiro, o presidente, exposto a intensa pressão do exterior (e amiúde do interior) do clube, que, muitas vezes, por fragilidade e inoperância, decide pelo mais fácil, a dispensa do técnico, que neste estado de permanente instabilidade não tem condições para exprimir competências.
Treinadores que trabalham sob pressão inaceitável de adeptos e dirigentes, forças de bloqueio que não ponderam nas críticas a limitação dos plantéis, em qualidade, nalguns casos sem responsabilidade direta do treinador em funções, herdada de antecessores; noutros casos, condicionados por lesões (em número e/ou de jogadores fundamentais); ou tão-só pela competitividade: porque as outras equipas também jogam e não se pode ganhar sempre.
O Benfica trocou de treinador à 4.ª jornada, quando essa decisão deveria ter acontecido no final da última temporada, implicando uma escolha apressada (não se entenda errada), o que desde logo retirou ao sucessor a base de trabalho.
No FC Porto, o estreante treinador vê-se na pele de bode expiatório de guerra contra a cúpula dirigente, onde o novo presidente é acossado por grupos de adeptos(?) saudosistas do antigo.
No Sporting, apanhado na contingência da saída abrupta de treinador quase perfeito e de escolha falhada do substituto, o presidente não demorou a cair do pedestal e decidir por quebrar a corrente pelo elo fraco.
Mas não é um problema (só) do futebol, insista-se, é da sociedade em geral.