Longos dias têm dez anos

A quantas portas irá bater Villas-Boas, a pedir contas, na sequência da auditoria forense? Villas-Boas e não só, porque estamos perante casos de polícia…

Uma vez tornada pública a auditoria forense realizada à gestão do FC Porto nos últimos dez anos, a pergunta que vale muitos milhões só pode ser uma: e agora?

Por exemplo, como pode o FC Porto ser ressarcido pelos danos sofridos?

Ou, até que ponto o capítulo seguinte desta história sórdida poderá levar a responsabilizações individuais?

E, já agora, haverá contas que devem ser prestadas por quem foi auditando estas mesmas manigâncias ao longo dos anos e lhes deu «visto bueno»?

E qual o papel do Conselho Fiscal da SAD, no meio disto tudo?

Estamos, tudo indica, perante um casos de polícia, que lesaram os dragões por ação e por omissão: por ação pelos atos praticados; por omissão pela impossibilidade de investir o dinheiro, digamos de forma, suave e diplomática, desbaratados.

Com tantos rabos de palha, percebe-se com cristalina clareza a natureza do desespero perante a possibilidade de haver mudança de turno na gestão do clube. Os números apresentados, e as conclusões que deles se tiram, explicam o clima de intimidação preparado para a AG de novembro de 2023 e abrem-nos a porta para a compreensão cabal – algo que venho a tentar explicar de há vários meses a esta parte – dos ataque a André Villas-Boas, através de resultados menos conseguidos da equipa de futebol, e o massacre a que Vítor Bruno tem vindo a ser sujeito.

Na vã tentativa de impedirem que a caixa de Pandora fosse aberta, aqueles a quem a nova ordem vigente no Dragão a partir de abril do ano passado (a derrota nas urnas, onde obtiveram vinte por cento dos votos, deveria, em condições normais, abrir um estado de graça a Villas-Boas) mais mexeu com os bolsos, não se furtaram a esforços para minar através, de uma política de  terra queimada, que recebeu uma amplificação mediática nada proporcional com as escassas dezenas de agitadores, que a cada desaire se faziam ouvir.

Com a publicação e publicitação desta auditoria forense, os sócios do FC Porto, que foram intuindo, ao longo dos anos, que algo estava podre no reino azul-e-branco, ficaram com a certeza de que a intuição que os fez votar massivamente na mudança estava certa.

Mas há que ter a consciência de que, na matéria da responsabilização, a procissão ainda está a sair do adro, e as cenas dos próximos capítulos não deixarão de associar nomes aos atos, o que poderá levar esta situação para outro patamar.

Sem querer ser precipitado, nem tomar a nuvem por Juno, ao ler a posição oficial da atual SAD do FC Porto - «Compromisso da atual Administração e Equipa de gestão em adotar as medidas necessárias para minimizar ou mitigar os impactos negativos, procurar o ressarcimento sempre que tal for possível, e prosseguir a colaboração com a justiça nos processos em curso» - é legítimo concluir que a Operação Pretoriano deixará, em breve, de ser a única diligência da Justiça no universo (passado) do FC Porto.