Poderá estar para breve! Não é por ser algarvio, tal como João Neves, mas olho para ele e vejo um jogador talhado para o topo. A sua história, marcada por sacrifícios, valores sólidos e uma dedicação inquestionável ao jogo, encaixa perfeitamente num clube como o Real Madrid. O emblema merengue sempre procurou jogadores que combinam talento e mentalidade vencedora, e o jovem médio encaixa nesse perfil como uma luva
Nasceu em Tavira há 20 anos e começou a jogar na Casa do Benfica de Tavira. Com oito anos mudou-se para o Centro de Formação e Treinos do Benfica no Algarve, onde conheceu Gonçalo Ramos e onde foi orientado por Manuel Ramos, antigo avançado do Salgueiros e pai do agora avançado do PSG. O Centro de Formação e Treinos do Benfica funcionou em Paderne, primeiro, e em Ferreiras, mais tarde, pelo que todas as semanas, quatro vezes por semana, João Neves tinha de fazer 120 quilómetros para ir treinar e jogar.
Tinha 12 anos quando apoiado pelo pai e pela mãe, deixou o Algarve e mudou-se para o Seixal, para o Centro de Estágio do Benfica, onde fez amizades. Nomes como António Silva, Hugo Félix ou Gonçalo Ramos tornaram-se quase irmãos, com quem passava horas e horas de conversa e brincadeiras. Desde que chegou ao Seixal, demonstrou ser um talento especial. O seu percurso é um testemunho de resiliência e trabalho. Aos 18 anos, já impressionava na equipa principal, exibindo uma maturidade invulgar para a idade. A camisola por dentro dos calções é um símbolo do respeito pelos valores que o pai lhe incutiu, mas também um reflexo da seriedade e do compromisso que leva para dentro de campo. Um jogador assim não se esconde, assume responsabilidades e nunca vira a cara à luta.
No futebol moderno, há jogadores que brilham pelos golos, outros pelas assistências, e depois há aqueles que influenciam o jogo de uma forma tão subtil quanto determinante. Vitinha pertence a esta última 'categoria'. O médio português não precisa de estatísticas vistosas para provar a sua importância. Basta vê-lo em campo para perceber que a sua influência vai muito além dos números
E se há clube onde essas características são essenciais, esse clube é o Real Madrid. Os adeptos Blancos não exigem apenas qualidade técnica; pedem coragem, personalidade e fome de vencer. João Neves tem tudo isso e muito mais. A sua capacidade de recuperação de bola, a visão de jogo e a segurança no passe fazem dele um jogador versátil, pronto para se adaptar a qualquer contexto tático.
Xavi Hernández disse uma vez: Para que um artista brilhe, precisa de trabalhadores ao seu lado. No contexto de um clube como o Real Madrid, onde o talento ofensivo transborda com nomes como Kylian Mbappé, Vinícius Júnior e Jude Bellingham, é essencial ter jogadores como João Neves – um pêndulo da equipa, um facilitador, aquele que assegura o equilíbrio e a fluidez entre os setores. João Neves, com a sua visão e inteligência tática, desempenha um papel crucial, permitindo que as estrelas brilhem, ao mesmo tempo que garante a coesão e o funcionamento de toda a equipa.
No Real Madrid, um clube habituado à vitória, o equilíbrio é fundamental. E João Neves é um jogador de equilíbrios, que transforma boas equipas em equipas campeãs. Não se destaca nas redes sociais nem protagoniza capas de jornais com declarações ousadas. O seu brilho está dentro de campo, nas recuperações decisivas, no seu dinamismo, na capacidade de pressionar alto, na forma como equilibra a equipa em transições defensivas, nos passes certeiros e no entendimento tático elevado.
A sua inteligência em campo não se resume à capacidade de desarme ou à precisão dos passes, mas está também na leitura do jogo, na ocupação dos espaços e na tomada de decisão sob pressão. João Neves não sabe jogar mal mas, sabe quando acelerar o jogo e quando temporizar, quando cobrir um colega mais adiantado e quando se projetar para oferecer uma opção de passe. Esta capacidade de interpretar o jogo é, sem dúvida, muito valorizada por Carlo Ancelotti, o treinador do Real Madrid. A simplicidade de Neves é a sua assinatura. Joga simples, mas eficaz. Simplicidade no futebol não significa falta de talento; é inteligência. Muitas vezes, o erro está em confundir o simples com o banal, como se jogar de forma clara e objetiva fosse sinónimo de falta de criatividade. Mas a realidade é exatamente o contrário. O jogador inteligente não se perde em floreados desnecessários; ele compreende o jogo, lê o espaço, antecipa jogadas e executa com precisão.
Quando Jürgen Klopp anunciou que deixaria o comando do Liverpool no final da temporada 2023-24, o universo dos Reds foi sacudido por uma onda de incerteza e desconfiança. O alemão, que transformou o clube e o conduziu a títulos memoráveis, era mais do que um treinador: era o rosto de uma revolução, o arquiteto de um estilo de jogo eletrizante e vencedor. Quem poderia assumir essa herança sem que a equipa sofresse um retrocesso? O escolhido foi Arne Slot.
Outra questão a ter em conta, prende-se com o fato do meio-campo do Real Madrid estar a passar por uma fase de renovação. Toni Kroos pendurou as botas no final da época passada. Luka Modrić está na reta final da sua carreira e, apesar da presença de talentos como Tchouaméni, Camavinga, Bellingham e Federico Valverde, João Neves poderia acrescentar algo de único.
Outro fator a considerar é a tradição de jogadores portugueses no Real Madrid. Desde Figo a Cristiano Ronaldo, passando por Pepe e Coentrão, muitos lusos deixaram a sua marca no Bernabéu. João Neves tem todas as condições para seguir esse caminho e inscrever o seu nome na história do clube.
Nos últimos anos, o Paris Saint-Germain foi sinónimo de estrelato e ambição desmedida. Contratações milionárias, um plantel recheado de estrelas planetárias e uma obsessão pela Liga dos Campeões definiram a estratégia do clube. No entanto, Messi, Neymar e companhia não foram suficientes para conquistar o tão ambicionado título europeu. Perante o fracasso, PSG decidiu mudar de rumo.
O jovem médio, atualmente no PSG, foi classificado como o maior criador de oportunidades das cinco principais ligas europeias pelo CIES Football Observatory Weekly Post, superando nomes consagrados como Lionel Messi (Inter Miami) e Cole Palmer (Chelsea), com um impressionante índice de 99,4. Desde a sua chegada ao Paris Saint-Germain, o jovem médio tem sido uma peça-chave na equipa de Luis Enrique, destacando-se ao tornar-se o único jogador na história da Ligue 1 a registar quatro assistências nos dois primeiros jogos da competição nas últimas 20 temporadas. A partir daí, consolidou-se como uma presença indispensável no onze titular do treinador espanhol.
Foi muito mais do que um filósofo. Foi um mentor, um pensador que desafiava a visão simplista e reducionista que muitas vezes se impõe sobre a prática desportiva e, até, sobre a vida
Com a sua equipa a caminho de vencer tranquilamente o campeonato Francês e ainda na luta pela Liga dos Campeões, será difícil para os merengues convencerem os Les Parisiens a abrir mão de um dos seus jogadores fundamentais. No entanto, João Neves no Real Madrid pode muito bem ser uma realidade brevemente, especialmente se o interesse dos blancos se concretizar e o clube fechar a contratação por uma verba que será sempre superior a 100 milhões de euros. Se o Real Madrid decidir apostar em João Neves, estará a garantir não apenas um talento de elite, mas também um jogador que representa valores como dedicação, trabalho árduo e respeito pela camisola. Marcará certamente uma era no Real Madrid.
O Manchester United atravessa um dos momentos mais complicados da sua história recente. A chegada de Rúben Amorim gerou grandes expectativas, mas os resultados teimam em não aparecer. Ainda assim, se há treinador, na atualidade, capaz de inverter este cenário, é ele
«Liderar no Jogo» é a coluna de opinião em abola.pt de Tiago Guadalupe, autor dos livros «Liderator - a Excelência no Desporto», «Maniche 18», «SER Treinador, a conceção de Joel Rocha no futsal», «To be a Coach» e «Organizar para Ganhar» e ainda speaker.
Tenha juizo, jornalista da "Bola", não conseguem disfarçar a doença vermelha nos seus escritos, João Neves é um excelente jogador, mas nunca um fora de serie. Têm tanta pressa de arranjarem um Cristiano com a cor vermelha. Nunca Acabem.