Está o caldo (outra vez) entornado
Pedro Proença e Fernando Gomes em tempos não muito distantes... (foto A BOLA)

A BOLA DO DIA Está o caldo (outra vez) entornado

OPINIÃO01.04.202508:00

Quando nada o fazia prever (e sem nada a ganhar e com tanto que se pode perder), abre-se uma ferida profunda no coração do futebol português

Mudam-se os tempos, mudam-se, até, as vontades, mas, no fim, nada muda. Os casos e casinhos, as polémicas mais, ou menos, ocas ou as guerras sem quartel foram, são e, pelos vistos, continuarão a ser parte integrante do futebol português; estão no seu sangue e não há remédio à vista para uma cura que torne as gestões mais transparentes ou que limpe o ar poluído que nem as gerações mais recentes de dirigentes parecem capazes de tornar mais respirável — mesmo que tudo indicasse que assim seria, que, livres de velhos hábitos que tão mal fizeram ao desporto deste País, algo se alteraria.

A guerra aberta na recente sucessão de poder na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) é só mais um episódio (grave!) nos muitos que, nas últimas décadas, têm marcado o futebol em Portugal. Fernando Gomes, ex-líder e atual presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), desmentiu junto das mais de 50 federações de futebol europeias o seu sucessor, Pedro Proença, atual dirigente máximo da FPF que comunicara a todas as mesmas mais de 50 federações que, à vista da eleição desta quinta-feira para o Comité Executivo, tinha o apoio do seu antecessor..

Um desmentido, o de Fernando Gomes, pouco compreensível, perante documento da FPF de finais de janeiro, no qual o organismo referia que «após um período de reflexão, priorizando os interesses superiores do futebol português (...), Fernando Gomes informou a direção da FPF e o Presidente da UEFA que indicará como candidato em nome de Portugal, o atual presidente da Liga e vice-presidente da FPF, Pedro Proença». Uma indicação que surgiu ainda antes das eleições para a presidência da FPF — o que deixava a entender que Gomes apoiava mesmo Proença.

A parte pouco compreensível do desmentido tornado público pelo atual presidente do COP passa, primeiro, pelo volte face da sua posição em tão curto espaço de tempo, e, segundo, pelo muito que Portugal pode ter a perder e pelo nada que Fernando Gomes tem a ganhar.

A guerra subiu de tom esta segunda-feira quando da reunião de emergência da cúpula de Pedro Proença saiu comunicado a pedir audiência urgente com o Governo.

Está o caldo entornado, está o verniz estalado. Do mesmo modo que estalou nas relações institucionais entre FC Porto e Benfica, sobretudo desde a morte de Pinto da Costa e a ausência de condolências oficiais por parte dos grandes de Lisboa. Resultado: os dois jovens presidentes, que prometiam um novo ar, optam pela bafienta guerrinha de lugares nas tribunas, tendo em vista o clássico de domingo...

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