Roberto Martínez não é, por exemplo, Mourinho ou Jesus. Treinadores que naquele lugar simplesmente se estariam a borrifar para o que pensam os outros.
Roberto Martínez é pago para ganhar jogos. Essa é a tarefa de qualquer treinador de uma equipa sénior – na formação isso é mais discutível – e não é por ser selecionador que isso deixa de ser uma realidade.
Também não é o nome do presidente da Federação que muda isso. O técnico catalão já tinha de ganhar jogos com Fernando Gomes, tem de o fazer também com Pedro Proença. Aliás, a grande novidade nesta equação é mesmo para o antigo árbitro. Na Liga não era responsável por qualquer resultado desportivo de uma equipa, chegado à Cidade do Futebol sê-lo-á: porque é assim que Portugal funciona e, portanto, se as coisas não correrem bem a Martínez, é a Proença que caberá a decisão de continuar ou não com o atual selecionador. Todos sabem que é assim que funciona, incluindo Martínez, o tal que tem de vencer jogos.
Selecionador desvalorizou palavras de Brian Riemer sobre Ronaldo, lembrou os números recentes deste, voltou a elogiar Vitinha e garantiu que os muitos jogadores em risco não irão influenciar a ideia para o jogo desta quinta-feira
O selecionador é, muitas vezes, alvo demasiado fácil. Porque tem de escolher com igual critério jogadores de diferentes clubes, sem se poder justificar de forma clara que pode preferir A em vez de B simplesmente por caraterísticas: haverá sempre quem ponha números às coisas, estatísticas que podem sustentar uma argumentação, mas não uma ideia futebolística de um técnico.
Há um elemento político, [espera-se que] não na escolha, mas sim na explicação, que não sucede com os treinadores de clube. Roberto Martínez também não é José Mourinho ou Jorge Jesus. Treinadores que naquele lugar simplesmente se estariam a borrifar para o que pensam os outros. Porque foi assim que viveram no futebol português e é assim que o público os reconhece, os adora ou detesta. Martínez, até por ser de fora, tem de ser político também aí, de modo a não irritar um clube específico ou, pior ainda, todos em geral.
O escrutínio é ainda maior quando se entra em fase final de campeonato. Se o A descansa, o B também tem de o fazer; se um futebolista tem um desconforto prolongado, outro com desgaste elevado poderia ter o mesmo tratamento, mesmo que isso não seja a mesma coisa.
Roberto Martínez é pago para ganhar jogos e é isso que lhe é cobrado desde a presidência da Federação ao anónimo adepto da seleção portuguesa. Mas é pago para ganhar os jogos de Portugal e não de um clube específico. Eu cá espero sempre que o selecionador seja primeiro técnico e raramente político. Martínez até tem sido muitas vezes o segundo, mas na Dinamarca não se esqueceu do que é ser o primeiro: ao fim e ao cabo, a melhor política. E vai daí, disse logo que está toda a gente fresca para evitar discussão sobre opções que possa tomar e consequências futuras das mesmas. A sua tarefa é ganhar jogos. Os da seleção, não de mais ninguém.
Este Martinez deve ser mais um avençado do JMentes! Tantos são os fretes que lhe faz!!! 🤢