Selecionador desvalorizou palavras de Brian Riemer sobre Ronaldo, lembrou os números recentes deste, voltou a elogiar Vitinha e garantiu que os muitos jogadores em risco não irão influenciar a ideia para o jogo desta quinta-feira
COPENHAGA - A antevisão começou com mais de uma hora de atraso devido ao mau tempo que se fez sentir em Lisboa e que atrasou o voo da Seleção Nacional para a capital dinamarquesa, mas, já na sala de Imprensa do estádio Parken, sobraram elogios de Roberto Martínez para Vitinha, João Neves, Cristiano Ronaldo e até para o trabalho que o selecionador dinamarquês está a fazer e que, confessou o técnico espanhol, o está a encantar.
- Nas últimas horas tem sido noticiado algum cansaço por parte do Trincão. Pergunto-lhe como é que está o Trincão fisicamente, e se também está a acusar sobrecarga? Tem tido algum cuidado extra com a sua condição física?
- No estágio já falei disso, os desafios inerentes. Todos os jogadores começam a ter muitos minutos, mas não, o Francisco Trincão treinou muito bem, com boa intensidade. Diria que nos três treinos que tivemos - o Nuno Tavares foi dispensado - todos os jogadores mostraram intensidade, frescura, gostei muito do ambiente que vi na cidade de futebol, tudo a muito bom nível.
Bruno Fernandes é o rei dos minutos, Dalot o que mais jogos fez; Cristiano Ronaldo é o sétimo com mais competição nas pernas... e, claro, o rei dos golos!
- Vamos ter a química Vitinha/João Neves aqui dentro de campo, de início?
- Ainda não falei com os jogadores, não falámos do onze. O que é importante é o grupo. Estamos a falar de 25 jogadores. Temos o aspeto de nove jogadores com cartões amarelos. Os quartos de final para nós são uma oportunidade para atingir a final four, não é fácil, é uma Liga das Nações, uma competição muito desafiante, com três estágios e estamos todos focados para isso. É sempre bom ter jogadores a um bom nível, um bom momento de forma. Já vimos a dupla do João e do Vitinha mostrar desempenhos de alto, alto nível no futebol europeu. Eu diria que as estatísticas deles são ao melhor nível, dos melhores jogadores da Liga das Nações. Mas precisamos de gerir bem, temos muitos bons jogadores com muita experiência, e temos dois jogos pela frente. É importante é o onze inicial, é importante o onze depois das substituições e depois os jogadores que vão ter a oportunidade de jogar em Lisboa.
«Ronaldo marcou 17 golos nos últimos 21 jogos, está ao nível das melhores seleções do mundo, não da Europa»
- O selecionador da Dinamarca disse que Cristiano Ronaldo já não é o mesmo, deu mais importância a jogadores como Rafael Leão e não só. É preocupante quando as seleções adversárias olham para Ronaldo e já não vêem nele o jogador que tem sido ao longo destes anos?
- Não, eu acho que não é o mesmo é o jogador que vimos no Manchester United, que era um ala, que jogava fora da área, que tinha situações de um contra um. Acho que agora, não falei com o selecionador, mas o comentário é que é um jogador diferente, um jogador que agora é mais um ponta e lança, um jogador que já falei dos seus dados: 17 golos nos últimos 21 jogos, está ao nível das melhores seleções do mundo, não da Europa. Então, gosto muito da competitividade que nós temos no balneário e todos os jogadores são importantes, mas acho que agora o Cristiano está num momento muito bom como ponta de lança. Não é o mesmo, claramente, porque é um jogador diferente do jogador que vimos com 20 anos, mas o seu papel na Seleção é importante.
Valores de mercado do lote de jogadores às ordens de Roberto Martínez e Brian Riemer estão em patamares bem distantes; só o ataque luso vale por quase toda a equipa nórdica; dados que confirmam o favoritismo de Portugal, mas...
- Que peso terá o facto de ter 10 jogadores em risco no onze que vai apresentar?
- Não, não. É importante, como selecionador, preciso ter a responsabilidade de olhar para o que pode acontecer, mas para amanhã não há uma limitação. Jogadores com cartões amarelos, isso faz parte do futebol, mas preciso de ter mais jogadores nos 23, porque pode acontecer. A nossa média é de dois cartões amarelos por jogo, então é a minha responsabilidade ter o maior número de jogadores preparados para isso, mas não faz parte da escolha do onze inicial ou da nossa ideia de jogo para amanhã [esta quinta-feira].
- A sua ideia para amanhã vai ser diferente da do jogo em Lisboa ou vai entrar para resolver já esta eliminatória aqui em Copenhaga.
- É simples. Amanhã [esta quinta-feira] precisamos de mostrar o melhor nível, porque o Parken tem um ambiente incrível. Gosto muito das ideias do selecionador [Brian Riemer], só fez dois jogos, mas conheço muito bem o seu trabalho durante o período no Anderlecht também o que ele fez no projeto do Brentford. Gosta das suas equipas com pressão alta, de tomar riscos, de jogar olhos nos olhos. E fizeram isso contra a Espanha, então, nós precisamos de estar ao melhor nível amanhã. E é a primeira parte, certamente, mas precisamos de estar ao melhor nível. Temos muitas valências, diferentes valências dentro do grupo. Já mostramos que, trocando oito jogadores no jogo contra a Croácia, o nível na primeira parte foi muito, muito bom. Então, para nós, taticamente, é importante ter opções, mas amanhã temos um jogo e um desafio de que precisamos para continuar a crescer, mas respeitamos muito o que a Dinamarca pode fazer em casa. Já tive como selecionador duas experiências neste estádio e conheço, realmente, o impacto, a energia que os adeptos transmitem à equipa.
- Portugal vai jogar para controlar o jogo e, se possível, ganhar, ou será uma equipa completamente virada para a vitória?
- Temos dois jogos e, portanto, como estava a falar, pode ser gerido em duas partes de 90 minutos, não é? Temos um Mundial daqui a 15 meses, então, o objetivo global é continuar a crescer e continuar a ser a nossa melhor versão. Amanhã precisamos de jogar bem, defender bem, mas queremos ganhar. Não acredito que podemos jogar 90 minutos para tentar ser o que nós não somos. Somos uma equipa que gosta de ter a bola, controlar o jogo, mas vamos tentar ganhar. É isso que nós fazemos bem e vamos continuar a crescer com a ideia de jogo que temos.
- Do ponto de vista do treinador, do selecionador, é fácil fazer com que os jogadores que estão bem nos clubes transportem esse momento, as rotinas que têm, para um contexto que é completamente diferente?
- Os jogadores são diferentes de uma seleção nacional. O espaço seleção é sempre diferente, sempre. Não é um espaço individual, é um espaço onde há momentos em que os jogadores estão a ter momentos difíceis nos clubes, e é um momento importante para mostrar o talento, para desfrutar, mas eu acho que, se puder decidir, gostaria de ter os jogadores a um bom momento, boa confiança, porque ajuda, mas não é essencial. Nós estamos a ver a crescer o João Neves desde a sua estrela na Bósnia, o Vitinha, já falei dele, para mim, agora, é o melhor médio da Europa, mas a seleção é o grupo, o que nós podemos fazer. Os jogadores são diferentes, o contexto é diferente, mas ajuda quando há jogadores que estão a desfrutar do seu futebol.
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- Pode falar-nos sobre as fraquezas da Dinamarca?
- Primeiramente, gostaria de dar meus respeitos ao treinador, acho que o senhor Grieme é alguém que realmente respeito em termos de conceitos de futebol, um treinador corajoso, que tem ideias claras. Gostei muito do trabalho dele no Anderlecht, e podem ver como ele preparou o jogo contra a Espanha, foi fascinante. É uma equipa que é capaz de pressionar com seis ou sete jogadores no último terço, muito, muito vertical, usa a qualidade de jovens jogadores.Acho que ele está a criar um futuro muito forte numa seleção que tem trabalhado muito bem nos últimos anos. Tive a oportunidade de enfrentá-los duas vezes, e acho que o que o treinador está trazendo agora é adicionar o seu próprio estilo, e tudo o que eu tenho é respeito para com o trabalho que ele está fazendo aqui. Falo sempre sobre os jogadores portugueses, a forma como desenvolvemos jogadores em Portugal para uma população de 10 milhões é incrível. A segunda melhor nação para desenvolver jogadores é a Dinamarca. O primeiro é Portugal, o segundo é a Dinamarca, e quando você vê talentos como Isaksen, Harder... são jogadores fantásticos que estão prontos para mostrar o futuro brilhante que o futebol da Dinamarca tem.