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Dia de Seleção: um quarentão para seduzir a ‘Pequena Sereia’

SELEÇÃO20.03.202509:25

Cristiano Ronaldo no primeiro jogo dos ‘novos 30’ ante adversário que bem conhece, mas que já não lhe passa cartão...; Portugal é favorito no histórico e no papel, mas não chega; o (sério) problema disciplinar

COPENHAGA — Contra o frio — estão previstas temperaturas de quatro graus à hora do jogo (19h45 em Portugal, mais uma hora na Dinamarca), mas sensação térmica inferior —, contra o calor das bancadas do estádio Parken, casa do FC Copenhaga mas também da seleção dinamarquesa, onde deverão estar 38 mil adeptos a fazerem efervescer as bancadas, e contra o desprezo de Brian Riemer, que derrubou sem qualquer hesitação Cristiano Ronaldo do pedestal de Portugal — «já não é o mesmo», sentenciou na antevisão —, marchar, marchar... rumo à final four da Liga das Nações, para abraçar a possibilidade de reconquistar o título arrebatado pelas cores nacionais em 2019.

Para seduzir a Pequena Sereia, a estátua (realmente pequena) que é um dos símbolos de Copenhaga, homenageando a personagem principal do conto para crianças de Hans Christian Andersen, também eternizado em estátua na praça do município da capital dinamarquesa, Roberto Martínez trouxe um dos quarentões mais falados nos quatro cantos do planeta, pelo físico, pela forma e… (ainda) pelos golos: esta temporada, em que atingiu a ternura dos 40, já lá vão 33... Nada mau, hein?

Falamos de Cristiano Ronaldo, pois claro, um rei com cara de príncipe, a fazer no jogo de hoje o primeiro dos novos 30 de quinas ao peito, mas com ambição, vontade e confiança de fazer inveja a muitos jovens, mesmo que já na reta final de uma caminhada que não poderá prolongar eternamente e cujo epílogo cada vez mais será alvo de discussão pública. Para já, para Roberto Martínez continua a ser Ronaldo e mais 10 e é isso que se espera no duelo desta noite.

Como no famoso conto, resta-nos esperar que a Pequena Sereia, não na sua subida à superfície, mas na descida ao relvado do Parken Stadion, se deixe apaixonar pelo príncipe português, Cristiano, e que, na altura de o tentar matar para se salvar, não o consiga, mesmo que seja essa a sua vontade, preferindo atirar-se ao mar para em espuma se transformar e para chegar a Alvalade com poucas hipóteses de dar a volta ao texto.

No papel, a teoria diz que Portugal é favorito, no mercado, os valores dos ativos das duas seleções também [ver pág. 4], e o histórico de confrontos com a Dinamarca atesta igualmente esse favoritismo: nos 16 já realizados foram 11 vitórias para a turma das quinas, dois empates e três derrotas, a última das quais no palco desta noite, em 2011, durante a caminhada para o Europeu do ano seguinte, que também teve golo de Ronaldo.

Aliás, CR7 tem na Dinamarca uma das suas vítimas prediletas: esta sofreu três dos 135 golos marcados pelo capitão luso ao serviço da turma das quinas, o que a coloca no lote de equipas no sexto lugar desse ranking, a par de Espanha, Bélgica, Irlanda do Norte e Rússia — este top é liderado pelo Luxemburgo, que já sofreu 11 (!) golos de CR7. O último marcado aos dinamarqueses foi de boa memória: a 14 de outubro de 2014, na caminhada para o Europeu da nossa glória, Ronaldo fez o golo do triunfo (1-0) aos 90+5', gelando as bancadas do estádio Parken.

Estatística e recordações à parte, Portugal terá de demonstrar o favoritismo dentro das quatro linhas e não terá tarefa fácil. Para mais, tem de lidar com condicionante disciplinar, pois tem dez (!) jogadores em risco para o mata-mata de Alvalade: Nélson Semedo, Rúben Dias, Renato Veiga, João Neves, João Palhinha, Rúben Neves, Bernardo Silva, Diogo Jota, Pedro Neto e... Cristiano Ronaldo. Uma falta mal medida, ou até necessária, ou um protesto para com a equipa de arbitragem, pode ser a morte do artista...