Dragão com nervos à flor da pele
Seria de esperar que um pai se opusesse à melhor solução para a vida do filho? Há por aí gente com as prioridades da vida todas trocadas...
AJAX ACORDADO E SAD DO FCP A DORMIR...
Cinco milhões de euros por um talento emergente é um negócio da China feito em Amesterdão
Asaída de Francisco Conceição do FC Porto pôs a nu a tremenda incompetência que grassa na SAD dos dragões, uma realidade que Sérgio Conceição tem ajudado a maquilhar nos últimos anos. No processo, desconsideraram vários fatores essenciais e a bomba estourou-lhes nas mãos, com consequências ainda por determinar. Então um jogador jovem, com utilização regular na primeira equipa, muitas vezes decisivo em momentos críticos, que auferia um salário de dois mil euros mensais e estava preso a uma cláusula de rescisão de cinco milhões, não deveria ter sido tratado com outro cuidado, não seria possível estabelecer um acordo de renovação que o fizesse sentir-se devidamente recompensado? A resposta a esta questão obviamente remete-nos para o essencial, a incúria da SAD. Mas há mais…
Sérgio Conceição, pai de Francisco, teria obrigação, enquanto treinador do FC Porto, de evitar a saída do filho do universo azul-e-branco? Se o fizesse, seria um mau pai, porque estaria a colocar outros interesses à frente do interesse primordial, o filho. Um pai só pode desejar e pugnar pelo bem do filho. E, no caso da família Conceição, o facto de Francisco ir para Amesterdão, para um dos mais prestigiados clubes da Europa, com um contrato por cinco anos que lhe paga sessenta vezes mais do que auferia no FC Porto, revela como a decisão de partir era inevitável.
Mas levemos a questão um pouco mais longe: a profissão de Sérgio Conceição não é a de treinador do FC Porto. Sérgio é treinador de futebol e um dia destes, ninguém sabe quando, estará a defender um novo projeto longe do Dragão. Por mais que, neste tempo de vacas magras em que tirou leite de pedras, maximizando os recursos de que dispunha, Sérgio Conceição se tenha confundido com o sucesso do FC Porto, a verdade é que manteve sempre uma abertura total relativamente aos filhos, Francisco com raízes em Alcochete e Rodrigo muito ligado ao Seixal. Essa independência foi-lhe agora cobrada, no momento em que o FC Porto recebeu cinco milhões por Francisco Conceição.
Porque há uma questão política, que tem a ver com a sucessão de Pinto da Costa, que continua a fervilhar, debaixo das águas aparentemente calmas à superfície.
A histeria que se verificou quando André Villas-Boas se declarou candidato em próximas eleições (e que lição o treinador terá aprendido, tendo-lhe valido de nada os anos em que andou a procurar agradar às franjas mais básicas do portismo), teve réplicas neste caso de Francisco, e irá continuar a marcar um FC Porto que já perdeu, além do novo recruta do Ajax, Mbemba, Vitinha, e Fábio Vieira (isto depois de ter vendido Luis Díaz a preço de saldo em janeiro).
Francisco Conceição saiu por 5 milhões de euros para o Ajax e o universo de adeptos do FC Porto agitou-se
GOLEADA NÃO DESVIRTUOU BOA PRESENÇA
Confirma-se, o futebol feminino português está no caminho certo e há que continuar...
ASeleção Nacional feminina de futebol, que acedeu à fase final do Campeonato da Europa, que decorre em Inglaterra, por expulsão da Rússia da comunidade desportiva internacional, foi ontem goleada pela Suécia, uma das equipas com maiores tradições no contexto mundial, mas será da mais elementar justiça referir que não devem ser as últimas impressões a ditar o balanço da participação lusa. Os jogos com a Suíça (2-2) e Holanda (2-3), que foram épicos, jogados olhos nos olhos, e acabaram a saber a pouco, mostram que estamos no caminho certo para uma evolução segura, que trará para o futebol nacional não só muitas mais praticantes, mas também mais adeptas com cultura desportiva. A tendência de dar relevância às modalidades no feminino é universal, e não é por acaso que temos, por exemplo, em grande destaque, o Giro e o Tour com pelotões cada vez de maior qualidade formados por mulheres. Oxalá, não só no futebol mas também nas outras modalidades, Portugal se mantenha na senda de valorizar (com investimento e convicções fortes) e abrir portas a todos os que, independentemente do género, querem praticar desporto.
PROPOSTAS DO SC BRAGA FORAM À FPF
Mais vale tarde do que nunca, para arrepiar caminho. Mas será que os clubes estão interessados?
DEPOIS de ter apresentado publicamente uma série de medidas que significam uma alteração estrutural do futebol profissional em Portugal, António Salvador, líder do SC Braga, esteve com o presidente da FPF, Fernando Gomes, a quem transmitiu, de viva voz, as ideias que defende. Foram passos na direção certa, mas de nada valerão se os restantes clubes não se dispuserem a sair da madorna em que vivem e que leva a que tenham um grande futuro atrás deles…
Nesta matéria, Benfica, FC Porto e Sporting, que dividem entre eles a maioria esmagadora dos adeptos de futebol em Portugal, pelo que representam histórica e socialmente, têm uma palavra decisiva a dizer. É que, no fim do dia, se nada fizerem e se deixarem tudo na mesma, cada vez se distanciarão mais dos melhores clubes da Europa e, quando derem por ela, mais cedo do que mais tarde, por mais campeonatos que ganhem cá na paróquia, ver-se-ão remetidos à dimensão internacional da Liga Conferência.
AS LÁGRIMAS DE TIGER EM SAINT ANDREWS
Emocionante tributo no berço do golfe ao (adeus do) maior jogador de todos os tempos
UM dos momentos do desporto mais sublimes da última semana teve Tiger Woods como protagonista. O melhor golfista da história jogou o The Open, um Major disputado no solo sagrado Saint Andrews, na Escócia, berço da modalidade, sem grandes resultados. Tiger, que teve um regresso inolvidável depois de anos de cirurgias às costas e infindáveis problemas pessoais, viu-se envolvido num acidente de viação que lhe destruiu a perna direita e o levou a uma nova paragem de doze meses. Quando voltou, apesar do génio, as capacidades físicas revelaram-se um handicap tremendo, e neste caso de Saint Andrews, não passou sequer o cut. Porém, no segundo dia, nos 320 metros entre o tee e a bandeira do buraco 18, Tiger teve a receção de um herói, com milhares e milhares de espectadores (para os quatro dias houve 1,5 milhões de pedidos de bilhetes, para uma lotação de 290 mil) de pé a vitoriá-lo, especialmente quando atravessou a Swilcan Bridge, tanto ou tão pouco que acabou desfeito em lágrimas, acenando com o boné como se estivesse a dizer adeus a um Open que já venceu em três ocasiões. Tiger Woods é do calibre de Muhammad Ali, Pelé, Michael Jordan, Carl Lewis, Michael Phelps, Wayne Gretzky, Babe Ruth, Eddy Merckx ou Senna da Silva, quem viu, viu, quem não viu, não deixe de ver (nem que seja no Youtube).
PS - Extraordinária vitória de Cameron Smith na edição 150 do The Open, ao fazer seis birdies nos últimos nove buracos. Mesmo a jogar fora, o putter certeiro do australiano fez toda a diferença…