AVENIDA BERLIM «Desculpe lá, arranja bihetes?»
A crónica diária de um jornalista no Euro 2024
LEIPZIG — Tenho dado por mim, em diversas ocasiões, a pensar que motivo leva tanta gente a pensar que um jornalista carrega na sua mala de viagem centenas de bilhetes para eventos.
No caso do Desporto, então, é gritante a quantidade de pessoas que, sobretudo nas grandes competições (mas não só...), acredita piamente que o repórter no terreno vai mesmo conseguir tornar real o sonho daquele adepto que deseja, mais do que tudo, ir ver o jogo em que vai estar Cristiano Ronaldo e restantes portugueses. Mas para o qual não conseguiu adquirir ingresso.
E logo a seguir aparece a mãe que pede por tudo o tal bilhete («ou melhor, dois») para que a filha, coitadinha, possa ver os ídolos, pois que «é o maior sonho dela desde pequenina». É a toda a hora. Onde há um ajuntamento de apoiantes da Seleção (e refira-se que também já me aconteceu à porta da Luz ou de Alvalade, com adeptos de Benfica e Sporting), é inevitável: serão dezenas a olhar para a acreditação ao pescoço e logo achar que está ali a galinha dos ovos de ouro, a salvação, qual divindade que proporcionará o milagre.
Pacientemente, sorrindo, lá se explica que não, que não há bilhetes. A lotação está esgotada.