Treinador do FC Porto, Martín Anselmi, fala sobre Rodrigo Mora

Samu, Mora e jogar no Dragão: tudo o que disse Martín Anselmi antes do Famalicão

Técnico argentino projetou receção aos minhotos, agendada para esta sexta-feira

Martín Anselmi fez a antevisão ao embate entre FC Porto e Famalicão, da jornada 30 da Liga, marcado para esta sexta-feira às 18h00, no Dragão.

- O que espera deste jogo contra o Famalicão, que atravessa um dos melhores períodos da temporada?
- É uma equipa que tem feito as coisas muito bem. São dinâmicos na hora de atacar, usam muito as alas, pelos extremos e laterais, cruzam bem... É um rival que implica atenção da nossa parte. Temos de estar atentos quando a bola entra na área, porque podem fazer dano aí. E temos de controlar a bola, para defendermos menos. Passa por aí o plano de jogo. Estamos em casa. Queremos estar com intensidade.

- Samu não foi titular frente ao Casa Pia, em Rio Maior, depois de ter saído com queixas do clássico com o Benfica. O avançado estará disponível para este desafio?
- Uma semana especial, porque quisemos preservá-lo no primeiro dia da semana, para ver como evoluía o toque. Isso não lhe permitiu treinar connosco alguns dias, mas depois sim, já treinou. Está pronto para jogar, sim, mas vamos ver amanhã se está a cem por cento sanado.

- Como está Rodrigo Mora a lidar com tanto ruído mediático? Tem tido cuidado redobrado com o jovem?
- O ruído neste mundo é inevitável. Em algum momento há ruído a chegar a toda a gente. Diferentes tipos de ruídos. O que confunde, o que resulta de coisas boas e más, críticas... Um desportista de elite tem de saber conviver com esse ruído. É parte da profissão. Ninguém nasce a saber conviver com o ruído, mas é inevitável e há que aprender. A partir daí, observamos como cada um assimila os ruídos e como são os comportamentos. O Rodrigo está a fazer coisas lindas e o ruído não está a afetá-lo. É o mesmo Rodrigo e não requer intervenção da minha parte. Há que manter o equilíbrio com e sem ruído, com ruído bom e ruído mau. O futebol é trabalhar. Quando o enfoque é trabalhar, o ruído passa. Quanto melhor trabalhas, mais ruído vai surgir.

- Como vê a evolução de Rodrigo Mora desde que chegou ao FC Porto?
- Vejo um jogador com frescura, que tem muito por aprender, que tentamos que tenha contacto com a bola constantemente. Que possa treinar o posicionamento, saber onde aparecer. Com o Casa Pia, ele sabia que tinha de jogar nas costas dos médios, sabia que tinha de ter paciência para esperar e poder receber a bola. A criatividade que tem, a forma de resolver os problemas, a frescura... Isso é dele. Não temos intervenção nisso. O que espero do Rodrigo e dos outros companheiros é o compromisso coletivo. Ganhamos e perdemos todos, e é isso que tenho visto. Vejo um jogador que está a amadurecer, está a ganhar experiência e a encontrar o seu lugar dentro de campo.

- O FC Porto respondeu da melhor forma à goleada sofrida no clássico com o Benfica, vencendo o Casa Pia na última jornada. Esta semana serviu para recuperar um espírito positivo no grupo?
- Gostava de falar do timing do resultado, são coisas temporais a toda a hora. Em cada ação de um jogo, há um resultado em cada decisão que tomamos que determina se foi bem feito ou não, ou se se conseguiu ou não, porque pode ter sido bem feito e não ter o resultado desejado. A partir disso, eu creio que os desportistas de elite, os profissionais, não podem estar dependentes na sua forma de treinar ou de viver o desporto, ou de como encaram uma semana, através de um resultado, porque, se não, quando se ganha vamos ter uma semana maravilhosa e, quando se perde, vamos treinar mal e ter uma semana muito má. Como treinas e como te focas não depende do resultado. Quer ganhes, empates ou percas, trabalhas ao máximo sempre, independentemente de qualquer resultado, é isso que um desportista de elite tem de fazer. O foco tem de estar na tarefa, não no resultado e quero sempre que tenhamos semanas maravilhosas. Faz parte da nossa filosofia treinar sempre com o foco máximo, independentemente da performance do fim de semana, porque isso ajudar-nos-á a termos resultados.

- William Gomes ainda estará de fora dos convocados para o jogo com o Famalicão?
- Não, William não será convocado, ainda está em recuperação

- Jogar no Dragão, onde alguns resultados não têm sido os melhores, tem sido um entrave para o crescimento da equipa?
- Jogar em casa gera-me sensações distintas. Chegar ao Dragão, estar no nosso estádio, com as nossas pessoas, o ambiente que se vive... Da minha parte, prefiro jogar sempre em casa. Os jogadores sentem da mesma forma. Depois, essas coisas são surperficiais, são situações externas ao que passa no campo. As dimensões do campo são quase todas iguais. Em casa, os nossos adeptos empurram-nos e dão-nos alento. Quando jogamos fora de casa também temos os nossos adeptos, que se fazem sentir. Temos a responsabilidade de transmitir para fora. Essa sim, é uma obrigação. Gosto que a nossa equipa transmita para fora. Se for em casa, ótimo. Se for em casa, transmitimos isso a mais gente