É difícil imaginar a equipa de Roger Schmidt em determinados encontros sem os desequilíbrios que só o extremo brasileiro pode oferecer. Mesmo com Di María no plantel e Aursnes na esquerda
Não há grandes dúvidas de que David Neres se prepara para deixar o Benfica. Os passos dados pelo clube foram nesse sentido, desde logo, de forma direta, com a continuidade de Di María e, ainda indireta, na permanência do próprio Roger Schmidt, que decidiu de forma legítima e acertada voltar às origens e reequilibrar-se no momento sem bola.
Se a presença do argentino – será que foi enquadrada por conversa, para mim obrigatória, liderada por Rui Costa, com quem tem relação para lá da de presidente e jogador, para ajustar as expetativas do último às necessidades da equipa e assim garantir maior conforto ao treinador nas decisões? – dá sinais ao brasileiro, pelo exemplo da época passada, de que seria outra vez empurrado para fora da sua posição preferida e até mais natural, o passo dado pelo alemão recupera Aursnes para interior esquerdo, precisamente o espaço que lhe serviria de desterro.
Há três anos de diferença e não só entre o bósnio, que entra a tremer no Sporting, e o ucraniano, que somou erros a mais na última temporada, mas é aposta do Benfica para o futuro e para o mercado
A venda de João Neves, condizente com a tendência do mercado, parece não ser suficiente para responder às despesas correntes e há a gestão das situações de Tengstedt e Arthur Cabral, que poderão não cumprir os objetivos para a janela e até obrigar alguma concessão, seja no valor ou no tipo de transferência, e ainda o vencimento alto de Neres a também impactar na eventual saída, além da própria vontade do extremo.
Como se explica que uma equipa que está a vencer por 3-0 antes da meia-hora se deixe perder por 4-3 já no prolongamento? Houve desconcentração coletiva ou faltou liderança?
No entanto, se um Di María ajustável consoante momento e necessidades faz sentido – e só mesmo dessa forma –, é difícil imaginar um Benfica sem Neres na maior parte dos jogos, sobretudo naqueles que irão precisar dos desequilíbrios que só ele poderá oferecer. Isto mesmo com Fideo no plantel e com um João Mário que será sempre necessário a dada altura – até foi aposta inicial frente a Feyenoord e Fulham –, e também porque Rollheiser está a ser olhado mais como médio.
Jovem avançado argentino é o mais sério candidato a um lugar no onze ao lado de Pavlidis e não só pelo que oferece ao Benfica com bola. É uma das boas notícias da pré-época dos encarnados
É um caso perdido? O extremo já fez mesmo as malas para o Nápoles e para a Serie A? Claro que o ordenado, uma liga bem mais competitiva e até Antonio Conte, que pode elevar a candidatura do emblema italiano a um lugar cimeiro, dão peso a esse lado da balança, mas ali, à sombra do Vesúvio, não passa o comboio da Europa, seja Liga dos Campeões, Liga Europa ou sequer Liga Conferência. Será que alguém lhe explicou nestas semanas que poderá continuar a ser muito útil? Depois dos vários erros na construção do último plantel e de uma pré-época que deu sinais de que tinha sido criada a rotura com esse passado recente, será que na Luz não se aprendeu nada?