O que diferencia Kovacevic de Trubin
Há três anos de diferença e não só entre o bósnio, que entra a tremer no Sporting, e o ucraniano, que somou erros a mais na última temporada, mas é aposta do Benfica para o futuro e para o mercado
O nome de Kovacevic tem sido muito repetido nas últimas horas, sobretudo por parte dos adeptos do Sporting. O antigo internacional sub-21 bósnio, que quis defender a Sérvia depois de, já para lá dos 24 anos, ainda não ter garantido a estreia pelos AA do seu país, foi o escolhido pouco depois de Adán se lesionar com gravidade e falhar a reta final da época, incluindo a final da Taça.
O guarda-redes protagonizou o plano A, o de encontrar nome experiente para o número 1, deixando Israel como alternativa e concorrência. Aos 26 anos, chegou produto acabado, com pouco espaço de evolução, e até pela presença do uruguaio na Copa América, não encontrou oposição para seguir para a baliza.
É verdade que havia sinais de pouco interesse do mercado no até aí titular do Rakow e a sua experiência deve ser contextualizada – jogou na Liga Europa, onde terá convencido os leões, na qualificação para Liga dos Campeões e Liga Conferência, e mais de 80 partidas disputadas num campeonato ainda mais periférico do que o português como o polaco – porém, em Alvalade, convenceram-se de que o guardião de 1,92 metros encaixava no perfil moderno, com bom jogo de pés e capacidade para jogar longe dos postes, o que ajudaria a construção e até permitiria a linha defensiva ganhar metros e ser mais capaz no montar do cerco aos rivais. Argumentos que dependem sempre da perspetiva.
Um erro na pré-época confirmou as primeiras dúvidas e o golo do triunfo portista fez abater o céu sobre o bósnio. Rúben Amorim não é de deixar cair ninguém e sabe que Israel está pronto, se for preciso assumir o lugar.
Kovacevic chegou a ser olhado pelo Benfica como potencial substituto de Vlachodimos, mas virou-se para Trubin, três anos mais novo, sete centímetros mais alto e com hype maior. O perfil moderno colocou o ucraniano na rota dos encarnados, tal como aconteceu a muitos outros guarda-redes e emblemas, sobretudo ingleses: Ederson e Ortega e Manchester City; Alisson e o Liverpool; Onana e o Manchester United, e tantos outros.
Há maior glamour no ucraniano, mas sobretudo três anos a menos. E a expetativa de que os muitos erros que cometeu na última época se diluam com treino e tempo, e se pense só nas grandes defesas que garante, para que se venda a peso de ouro. Há um investimento e um ativo a proteger, e dar-lhe concorrência passa por aí. Já o bósnio precisa rapidamente de estabilizar. Ou avançará Israel.