BOLA DO DIA Crime perdoado a Amorim
Daniel Bragança voltou a ceder a titularidade a Morita, mas saiu do banco para mostrar, uma vez mais, que é o melhor suplente da Liga, com dois golos e três assistências em 2024/2025
Hidemasa Morita até regressou aos golos com a camisola do Sporting, sete meses depois, mas isso não deixa de ser um bom pretexto para falar de Daniel Bragança. O esquerdino voltou a ceder a titularidade ao japonês, no Estoril, mas entrou a tempo de fechar o triunfo por 3-0, o sétimo da equipa leonina em igual número de jogos na Liga 2024/2025.
A rotatividade habitualmente aplicada por Rúben Amorim até podia complicar o exercício, mas poucos serão os adeptos leoninos que, desafiados a alinhar o onze-tipo do técnico, contemplarão Bragança em vez de Hjulmand ou Morita. Os números atestam, de resto, que o português é a terceira opção para os dois lugares do miolo: soma 447 minutos de utilização, menos 134 do que o dinamarquês e menos 157 do que o japonês. Curiosamente, os dados estatísticos comprovam, por esta altura, essa ideia generalizada de que Daniel Bragança é o 12.º jogador de Amorim.
Mas essa circunstância, de Bragança não ser titular, só reforça o elogio ao que o camisola 23 do Sporting tem feito. O golo do Estoril foi o segundo da temporada, a somar a três assistências, o que quer dizer que o médio tem contributo direto para golo (marca ou assiste) a cada 89 minutos. Na época passada já tinha contribuído para o título leonino com cinco golos e quatro assistências em 47 jogos, e no saldo global pela equipa verde e branca tem nove golos e nove assistências em 117 presenças, das quais apenas 42 como titular. Vale a pena fazer um parêntesis, nesta altura, para lembrar que Bragança sofreu uma lesão grave, em julho de 2022, que o afastou dos relvados durante mais um de ano. Podemos especular em que ponto estaria a sua carreira se não fosse esse infortúnio, mas acima de tudo é justo destacar como o esquerdino voltou mais forte de um momento menos feliz. Aproveitou até para dar algum corpo à qualidade técnica e à inteligência tática que sempre evidenciou.
Seja a partir do minuto 1 ou 58, Daniel Bragança dá sempre uma resposta positiva — alguém se lembra da última vez que jogou mal? —, mesmo que continue a ser alternativa a Morita e Hjulmand. A opção de Rúben Amorim é perfeitamente legítima, tendo em conta a influência do japonês e do dinamarquês, e até parece evidente que Bragança sente a confiança do treinador, pelo que deixar o médio de 25 anos no banco é uma espécie de crime para o qual o treinador está amnistiado. Sorte a do Sporting por ter o melhor suplente da Liga.