Ciclone Chico, anticiclone CR7
Não esperaria Ronaldo, após tantos golos e sucesso, estar agora a «mendigar» por clube
OVALOR de mercado de Francisco Conceição é, de acordo com os especialistas, 8 milhões de euros, mais três do que a cláusula de rescisão, claramente desajustada. Outra leitura possível é a de que o FC Porto apenas perde três milhões com a saída de quem, na verdade, apenas por uma vez foi titular na liga durante uma segunda temporada na equipa principal. O que não é quantificável é o valor futuro, mas é inegável que, nos minutos que teve, mostrou talento para se esperar mais de eventual negócio, ainda que sem conseguir escapar ao rótulo de jogador para mexer no jogo no último quarto de hora. Desportivamente, não acho que Sérgio Conceição tenha gerido mal a situação de treinar o filho, porém é justo que este espere ser jogador por inteiro, ou seja, de 90 minutos. Já o FC Porto mostra-se, mais uma vez, incapaz de segurar talento e, ao não conseguir mostrar aos jovens que há um espaço à sua espera a curto prazo - eles que hoje são muito mais ansiosos do que no passado -, torna-se menos sedutor. Na verdade, um jogador é, se o quiser, dono do próprio futuro. Mesmo que os ciclones sejam menos comuns no Dragão.
Ronaldo sai sim ou sim do Man.United, desde que haja quem o receba. No caso do capitão da Seleção, nada parece mexer à sua volta. Nem uma brisa, no meio da alta pressão. O Bayern nem pensa nisso, mesmo com Lewandowski vendido. O Chelsea ainda agora se livrou de Lukaku e tem outras prioridades. O City comprou Haaland e Álvarez. O Arsenal garantiu Gabriel Jesus. O PSG ainda tem Messi, Mbappé e Neymar e já assinou com o jovem Ekitike. Haller chegou a Dortmund. Já o Real não vai despromover Benzema e o Barça sonha com golos com sotaque polaco. Não esperaria Ronaldo estar, após tantos golos e sucesso, estar a mendigar por um clube. E, mesmo em Old Trafford, o anticiclone está longe de significar bom tempo.