Caro Renato Sanches, o tempo passa para todos

OPINIÃO09:30

A carreira pode ter estado 'em suspenso', mas o médio já vai nos 27 anos. A vinda para a Luz não será a última oportunidade, mas não se veem cenários muito melhores...

Há jogadores assim, que parecem sempre jovens aos olhos dos adeptos, ou pelo menos mais novos do que são. Renato Sanches é um deles. Talvez por ter ido cedo para o estrangeiro e por ter vindo poucas vezes à Seleção, culpa da inconsistência e das lesões que têm comprometido a sua carreira, é um daqueles jogadores para quem o tempo parece ter ficado em suspenso — avançava para outros, enquanto para ele ficaria parado.

Mas não ficou. Renato Sanches tem já 27 anos, os anos passaram por ele como passaram por todos, mesmo que no caso do médio campeão europeu em 2016 haja menos acontecimentos, instantes, factos para contabilizar.

O regresso ao Benfica, no início da época, foi o sinal último duma carreira que esteve longe de corresponder às expectativas criadas no final de 2015, quando se estreou na equipa principal das águias. Poucos (algum?) jogadores com o currículo de Renato Sanches, com o elã que à volta dele se criou, tendo movimentado já 80 milhões de euros em vários transferências, aceitariam voltar a Portugal, a uma liga periférica na Europa (em geografia e impacto), se tudo estivesse a correr bem.

Não vou dizer que é a última oportunidade de Renato. Não acho que seja. Mesmo que precise de baixar ainda mais um pouco a fasquia, caso as coisas não corram bem na Luz, acredito que não terá problema em encontrar clube. Há um ano, quando Mourinho fez questão de levá-lo para Roma, também houve quem dissesse que seria o sim ou sopas de Renato. Deu sopa, mas hoje está no Benfica, e continua ligado ao PSG...

De qualquer forma, começa a ser difícil acreditar que a carreira de Renato Sanches ainda possa recuperar se, no Benfica, num cenário quase ideal, num ambiente favorável, numa cidade e num clube que tão bem conhece, falhar como falhou em Roma, em Paris ou em Munique.

As coisas não começaram bem. Apesar das cautelas do clube, e de Roger Schmidt (que bem precisado estava dele mas foi adiando a estreia para que o médio fizesse um trabalho físico consistente para que não se lesionasse duas semanas depois), lesionou-se de novo. Duas semanas depois da estreia.

Volta agora. Com novo treinador, novo sistema e, para mim, sem grandes certezas de como poderá encaixar neste novo Benfica de Lage — possivelmente no lugar de Aursnes, mas consegue alguém dizer, neste momento, que Renato Sanches é melhor que Aursnes?...