Brexit, outro inimigo do automóvel

Opinião Brexit, outro inimigo do automóvel

OPINIÃO18.08.201912:41

Reino Unido é o 2.º maior mercado e o 4.º maior produtor do Velho Continente

O consórcio BMW, na contagem decrescente para a mudança de diretor-geral, com Olivier Zipse no cargo a partir de 16, ainda manifesta confiança no futuro do Reino Unido, com a certeza da produção do Mini Electric na fábrica de Oxford. Não espanta, considerando os investimentos realizados desde que os alemães assumiram o controlo da marca inglesa, em 2000, após o desmantelamento da Rover. Mas, considerando quer o momento, quer a necessidade de satisfação dos acionistas, que valorizam apenas os lucros, coragem!


Boris Johnson substituiu Teresa May à frente do executivo governamental britânico e o calendário acelera, com 31 de outubro à porta. É o dia marcado para a saída do Reino Unido da União Europeia. Em agosto, o continente encontra-se a banhos, despreocupadamente, mas a probabilidade de divórcio litigioso aumenta dia após dia. Fecharem-se os olhos ao impacto económico e social da indústria automóvel no Reino Unido e no Velho Continente é brincadeira com o fogo.
Na Europa, direta e indiretamente, o setor emprega cerca de 13,8 milhões de pessoas, 6,1% dos empregos numa região que vele 20% da capacidade mundial de produção de automóveis… Não menos relevante: na balança comercial de 2018, no Velho Continente, superavit de 84,4 mil milhões de euros. Desprezem-no!


Em 2017, Johnson desvalorizava, publicamente, a importância da indústria automóvel: «Nos próximos 20 anos, a autonomização dos carros acabará com os fabricantes tradicionais». Em janeiro de 2019, disse-se mais capaz de comandar a Jaguar Land Rover do que o Ralf Speth, quando o alemão alertou para os perigos da saída descontrolada do Reino Unido da União Europeia, sem a assinatura de acordo comercial protetor dos interesses dos dois lados da barricada. 


Mas, mais dores de cabeça! Como primeiro ministro, até ao momento, o inquilino novo do n.º 10 de Downing Street não promoveu encontros com setor em fuga do Reino Unido – Ford e Honda, por exemplo, anunciaram o encerramento de fábricas. Na União Europeia, Reino Unido 4.º no ranking do emprego na indústria automóvel, com 186.000 trabalhadores, atrás de Alemanha (870.000), França (223.000) e Polónia (203.000).


O ano passado, no comércio de automóveis novos, que registou crescimento de apenas 0,1% na região, na comparação com 2017, Reino Unido 2.º, atrás da Alemanha. No primeiro caso, as matrículas travaram 6,8%, para 2.367.147 ligeiros de passageiros, enquanto no segundo aceleraram (ligeiramente) 0,7%, para 3.435.778. Sinal de perigo...