A rua

OPINIÃO13.12.201901:10

Os treinadores e os analistas do futebol em geral dizem muitas vezes que, aos dias de hoje, há poucos jogadores criados na rua, daqueles que aprenderam a fintar as pedras e as árvores e que têm a magia que nenhuma Academia consegue dar. Podem faltar futebolistas criados na rua, mas no futebol nacional há muitos que ainda não saíram da rua, como aqueles que protestam todas as decisões e dão pontapés nas pedras que faziam de postes quando estavam a perder; outros porque continuam a defender a tese de clã, a cultura do bairro e, por isso, entendem que o que se passa em campo - ou perto dele - ali fica. Não, meus senhores, não fica. O futebol é uma indústria, move paixões e devia servir para dar exemplos aos mais novos, aqueles que vão sustentar a modalidade no futuro e não têm paciência para estes filmes. Quem não percebe isto não olhou para o calendário: estamos em 2019 e quem não quer ver o campeonato nacional basta-lhe um botão dum comando televisivo ou um toque no telemóvel para ver  um outro qualquer campeonato muito mais atrativo e, contas feitas, custa o mesmo. Quem também teima em não sair da rua (da amargura) é o futebol do Sporting. Ontem Silas rodou a equipa e, como seria de esperar, perdeu. O treinador explicou que, por causa dum jogo, não podia hipotecar uma época. Assim, perdeu oportunidade de ficar em primeiro no grupo e ser cabeça de série na Liga Europa, a única prova em que o leão tem estado, até, um pouco acima das expectativas, fugindo, assim, a um eventual tubarão caído da Champions. Os dois próximos jogos são frente a Santa Clara, para a Liga, e Portimonense, para a Taça da Liga. No campeonato os leões estão em quarto, a 13 pontos do líder Benfica e a nove do segundo classificado; na Taça da Liga não dependem apenas de si para garantirem a presença na  final four. Portanto, pergunta-se: qual época? A resposta pode estar, mais uma vez, na rua; ou melhor, em duas ruas. O leão quer escapar à  do Crucifixo e chegar à Augusta, mas anda perdido em vielas estranhas.