Lewis Hamilton revela ter sofrido de depressão e as causas
Heptacampeão mundial de Fórmula 1 confessa ter enfrentado problemas de saúde mental desde o início da carreira, cuja origem remonta à infância
O heptacampeão de Fórmula 1, Lewis Hamilton, revelou ter sofrido de depressão desde o início da adolescência até à idade adulta, sofrendo de bullying e de violência racista nos tempos de escola e dos efeitos da pressão e da precocidade da carreira no desporto automóvel.
O piloto britânico, que começou a competir nos karts apenas com seis anos de idade, confidenciou em entrevista ao jornal inglês Sunday Times, que os seus problemas de saúde mental começaram «muito cedo», quando tinha «uns 13 anos» e atribuiu-os «à pressão das corridas e ao bullying que sofria na escola», onde, recorda, «não tinha ninguém com quem conversar».
Hamilton sofreu de violência racista na infância. Aos cinco anos, por ser a única criança negra de um clube de radiomodelismo, onde o pai o inscreveu após ter-lhe oferecido um carro telecomandado. Apesar da segregação, no ano seguinte, aos seis, o pequeno Lewis foi segundo classificado no campeonato inglês de carros telecomandados (BRCA), competindo contra adultos.
Todavia, os malefícios dessas agressões começaram muito cedo a afetá-lo e arrastaram-se até à idade adulta. «Nos meus 20 anos passei por fases muito difíceis e desafiadoras que continuaram mais anos. O que quero dizer, sofri com minha saúde mental ao longo da minha vida, sofri de depressão», contou o piloto de 39 anos.
Lewis Hamilton revelou ainda ter recorrido fugazmente à terapia, sem resultados. «Falei com uma mulher, anos atrás, mas isso não ajudou muito. Foi só uma vez e bastou. Mas admito que ainda gostaria de encontrar alguém que efetivamente me ajudasse a exorcizar os fantasmas do passado, apenas isso».
O piloto que trocará a Mercedes pela Ferrari a partir de 2025 encontrou panaceia mais eficaz para os seus males da mente, a meditação. «Sofri muito para acalmar a mente e a meditação é ótima maneira de me encontrar comigo próprio, com meus sentimentos mais profundos, e compreender-me melhor, ajudando-me a saber o que tenho de fazer», explicou, reconhecendo que hoje é uma pessoa mentalmente saudável e que essa melhoria trouxe-lhe benefícios ao desempenho profissional.
«Agora reflexos mais rápidos do que os jovens»
«Honestamente, agora me sinto mais saudável do que nunca. Estou num ótimo lugar, física e mentalmente. Os meus tempos de reação são ainda mais rápidos do que os dos jovens. Creio que sou um piloto melhor do que era aos 22 anos. Naquela época, eu era apenas jovem, cheio de energia e implacável, mas sem finesse, sem equilíbrio. Não sabia como ser um piloto de equipe, como ser um líder», declara.
«Ser um bom piloto não é só ser rápido, é ser o mais completo possível. Quando observo as grandes personalidades do mundo e do desporto automóvel, no meu caso da Fórmula 1, elas se diferenciam dos comuns pela genialidade, mas acima de tudo pela completude. Olho para Ayrton Senna e Nelson Mandela, e quero ser a junção dessas duas personalidades», referiu Sir Lewis Hamilton.
O piloto que detém o recorde de vitórias (105), pole positions (104) e pódios (201) na Fórmula 1 disse ainda na mesma entrevista ao jornal britânico, que reza antes de todas as corridas em que participa. «Rezo para que todos terminem em segurança. Não tenho medo de morrer, mas nós conduzimos a velocidades loucas. Temos de respeitar isso. É por isso que tenho tanta consciência do tempo que passo com a minha família, com a minha mãe. E se é a última vez que a abraço? Nunca sabemos, nada é garantido», conclui.