Um gigante pode nascer numa ‘toca’? Sim, e o FC Porto vai defrontá-lo

Um gigante pode nascer numa ‘toca’? Sim, e o FC Porto vai defrontá-lo

ANDEBOL26.10.202300:36

Dragões recebem clube que formou a base de uma das seleções mais tituladas do andebol, apesar de vir de uma vila que tem... 900 habitantes

Afinal, o que é preciso para criar um gigante? Alimentá-lo. Apesar de leigos em matéria de gigantismo, diríamos que não é necessário muito mais do que isso.

E essa tem sido a receita do GOG, equipa dinamarquesa que nesta quinta-feira visita o FC Porto, em jogo da sexta jornada da Liga dos Campeões de andebol.

Depois de na época passada ter chegado aos quartos de final da prova, caindo aos pés do Barcelona, e de ter revalidado o título dinamarquês apesar do investimento milionário do Aalborg, o GOG tem como objetivo chegar pela primeira vez à final-four da Champions, mas ainda lhe falta um longo caminho.

O GOG revalidou o título dinamarquês em junho (EHF)

Nada que assuste o gigante dinamarquês que tem a particularidade de ter nascido numa pequena… chamemos-lhe toca. E que nos perdoem as gentes de Gudme, a pequena vila de 900 habitantes da ilha de Funen.

Isso mesmo, leu bem! Novecentos habitantes. 902, mais concretamente, segundo dados do início de 2023. 

Quer isso dizer que se todos os habitantes de Gudme decidissem viajar para o Porto para assistir à partida, mesmo que cada um deles trouxesse um amigo, não iam conseguir lotar os 2.179 lugares da Dragão Arena.

É que nem mesmo se se juntassem as populações de Gudme, Oure e Gudbjerg – as três vilas às quais o GOG vai buscar o nome – seria possível esgotar a casa do FC Porto. Juntas não chegam a 2.000 habitantes.

Mas atenção que nunca lhes falta público nos jogos em casa, pouco importando para os adeptos que o clube tenha de jogar a Champions em Odense, a cerca de 50 quilómetros da origem.

O GOG tem de fazer os jogos em casa na Champions a 50 km de Gudme, mas nunca lhe falta público (IMAGO)

De Gudme à conquista do Mundo!

Descendentes todos nós de navegadores que, noutra vida, partiram deste cantinho da Europa para conquistar novos mundos é impossível não admirar os feitos deste pequeno gigante.

É que naquela pequena vila nasceu a base da seleção dinamarquesa que na última década tem dominado o andebol Mundial, razão pela qual o clube é considerado a maior fábrica de talentos no mundo do andebol. 

Foram três títulos mundiais, um olímpico e outro europeu, nos últimos 11 anos. Não é coisa pouca, pois não?

Mas podemos dizer mais: Mikkel Hansen e Niklas Landim, vencedores de cinco dos últimos 10 prémios de melhor jogador do mundo, fizeram parte da formação ali… e agora jogam no rival Aalborg.

Alheio a essas ‘traições’, o FC Porto vai tentar que à terceira seja de vez. Depois de na época passada ter perdido os dois jogos com o GOG na fase de grupos da Champions, a equipa de Carlos Resende tenta algo que só o Barcelona conseguiu esta época.

O conjunto dinamarquês visita a Dragão Arena com quatro vitórias e uma derrota na prova, no terceiro lugar, com os mesmos oito pontos que o segundo, o Veszprém, ambos na perseguição ao Barcelona.

Na época passada, o GOG venceu 33-26 na Dragão Arena (EHF)

Já o FC Porto é sexto classificado, o último lugar que vale o apuramento para a fase seguinte, e sabe que uma vitória pode significar um passo muito importante para alcançar esse objetivo.

Será que o dragão consegue fazer o gigante voltar para a toca a piar fininho? No ano passado, na Dinamarca, foi por muito pouco que não o fez. Só perdeu por um.