Râguebi: Portugal «perdeu 10 anos»
Tomaz Morais levou os lobos ao primeiro Mundial (D. R.)

Râguebi: Portugal «perdeu 10 anos»

MODALIDADES11.10.202322:47

Tomaz Morais aponta para a profissionalização. Talento raro e identidade própria dos lobos

Três dias depois da histórica vitória (24-23) diante Fiji e fim da prestação dos lobos no Campeonato do Mundo de râguebi, em França, Tomaz Morais apontou a «profissionalização» como um dos andaimes a suportar o desenvolvimento do râguebi português.

«Sem râguebi profissional, é impossível manter uma consistência competitiva. Portugal tem de ir à procura dessa consistência», alertou, a A BOLA, o antigo Selecionador Nacional durante a apresentação do livro ‘Rugby – Análise do Jogo’, da Quântica Editora, que escreveu em coautoria com Luís Vaz, que decorreu na sede do Comité Olímpico Português (COP).

«Tem de ganhar as bases dessa consistência, ganhar e jogar mais vezes com as Fiji», exemplificou. «Se continuar amador, não conseguirá manter esse nível, e teremos estes só momentos, a espaços», antecipou o atual responsável pelo futebol de formação do Sporting. «Portugal tem muito talento, um talento raro e tem de trabalhar essa identidade muita própria», descreveu Tomaz Morais.

O treinador que levou Portugal ao primeiro Mundial, também em França (em 2007) deixou elogios à equipa técnica dos lobos neste Campeonato do Mundo. «Mirra e o Pissarra trabalharam esta geração, nas seleções regionais, nos sub-18 e sub-20, o Lagisquet conseguiu um casamento feliz, trouxe especialistas e a seleção foi, para mim, a melhor preparada fisicamente», confessou.

«Uma junção feliz com jogadores franceses, no passado não conseguimos trazer e, se trouxemos, não o fidelizávamos. O Mike Tadjer veio comigo e fui buscá-lo a Massy», recordou. «A prata da casa não chega e é necessário ter treinadores e jogadores habituados a essa pressão. Perdemos 10 anos», avisou antes da apresentação de uma obra que versa uma modalidade carente de livros, livro este «pedagógico e muito académico, para quem quer conhecer realmente o râguebi de uma forma mais profunda», acrescentou.

Água na fervura

«Perdemos 10 anos do trabalho iniciado pelo Tomaz Morais», sublinhou Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR), presente na apresentação do livro. Amado da Silva defendeu igualmente a necessidade de «mudar a faceta do amadorismo total» e colocou água na fervura das celebrações do 13.º lugar do ranking, a melhor classificação de sempre. «É complicado manter o 13.º, mas teremos de andar lá perto», prometeu o dirigente federativo.