Neemias Queta: «O sonho é ser campeão»
Neemias Queta (IMAGO / ZUMA Wire)

ENTREVISTA A BOLA Neemias Queta: «O sonho é ser campeão»

BASQUETEBOL26.12.202308:45

A BOLA conversou com o único português na NBA. Internacional luso concorda que em Boston há uma cultura de basquete diferente e exigente

Como é que está a viver a equipa numa altura em que é a melhor da regular season e a única invicta em casa, pois ainda não perdeu no TD Garden? Conversam entre vocês sobre isso: não permitir que sofram a primeira derrota em casa?

- Não, vamos para cada jogo para ganhar. Não interessa se é em casa ou fora, não importa se já ganhámos 20 seguidos, se perdemos sete ou dez consecutivos ou o que quer que seja. Vamos para cada partida prontos para vencer e sabemos que sendo a equipa com melhor registo temos sempre um alvo na costas e todos os adversários vêm sempre defrontar-nos com um bocadinho de força extra, por isso estamos um pouco mais alerta porque todos os jogos importam e queremos ganhar o máximo possível.

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26 dezembro 2023, 01:00

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Numa semana em que aproveitou a oportunidade de ter mais minutos devido à gestão de lesões dos postes dos Celtics para se impor e viver o seu melhor período de sempre na NBA, A BOLA conversou com o único português na Liga para saber como têm sido os últimos dias, como é jogar em Boston e quais as ambições para a época.

- Acha que existem muitas diferenças entre ser um jogador dos Kings e dos Celtics? Em Boston sente-se o peso da história?

- Pode-se dizer que sim. Acho que em Boston existe uma cultura que é bastante conhecida à volta do mundo. Têm um historial de vitórias que é enorme, praticamente desde o início da NBA que têm estado nas discussões do título e a ganhar jogos. São sempre um dos clubes que mais partidas vence na Liga e isso é uma coisa que pesa um bocado na nossa camisola para os jogadores, mas, ao mesmo tempo, também é motivo de orgulho e benefício porque na cidade há muita gente que nos apoia e dá força todos os dias.

- Quando foi pela primeira vez como jogador dos Celtics, equipado ou não, ao TD Garden e olhou para os 17 estandartes de campeão e 23 números de camisolas retirados, aquilo mexeu consigo, fê-lo sonhar ou foi um dia normal?

- Para mim foi um dia normal. Tenho feito o meu caminho sempre com olhos de respeito e de humildade para cada conquista onde quer que esteja, mas o objetivo é trabalhar todos os dias para ajudar a equipa a ganhar, sabendo que esses banners e camisolas retiradas são sempre ainda mais um sentido de responsabilidade do que é que estou a representar e estamos a representar em grupo.

- Penso que, há dois anos, havia referido que quando defrontou o LeBron James tinha sido um momento marcante pelo jogador que é e o que ele significava para si. Por isso, neste momento, qual seria o jogador que gostaria de defrontar na Liga e que ainda não tenha jogado contra ele?

- Não tenho preferência. Se calhar só mesmo o Sam Merril, que jogou comigo na universidade de Utah State e que está nos Cleveland Cavaliers.

- E tem curiosidade de defrontar o Victor Wembanyama [rookie dos Spurs, 2,24m] pelo jogador que é e o que traz para a Liga? Você que é um basquetebolista bastante alto [2,13m] ter pela frente alguém com quem os postes têm-se deparado com outra maneira de jogar e outras dificuldades?

- Vai ser interessante. É um estilo diferente, mas penso que temos mais do que argumentos para fazer um bom jogo e poder saber como vai ser.

- Está então preparado para o fazer sofrer?

- É como queira dizer…

- Joga com dois prováveis futuros hall of famers, Jason Tatum e Jaylen Brown, all-stars. Como é estar ao lado de basquetebolistas tão importantes, assim como o próprio Kristaps Porzingis?

- São jogadores de alto nível que elevam qualquer um que esteja ao seu lado. Acho que consigo aprender imenso com o seu tipo de jogo e liderança, já estão na Liga há imenso tempo e ao máximo nível e todos os anos vão longe nos play-offs. Acredito que é uma situação excelente para mim poder aprender e estar ao lado deles neste tipo de contexto. Esta época podemos ir muito longe.

- E qual é o poste na equipa que o ajuda mais a crescer? Quem lhe dá mais ensinamentos?

- É quase de certeza o Al [Horford]. É um veterano que já está há muitos anos na Liga, possuiu mais do que capacidades para jogar em diferentes tipos de posições e é um dos mais versáteis da nossa equipa. É também uma das vozes do balneário, consegue-nos passar mensagens de uma maneira que mais ninguém é capaz e acho que é uma das peças fundamentais da equipa.

- Atrás de mim tenho muitas capas de A BOLA, está-se a ver, em junho, numa delas a levantar o Larry O’Brien Trophy? Existe esse sonho?

- O sonho é esse. O objetivo é ir caminhando, sabendo que não se pode saltar degraus porque é uma época longa e temos de ir dia a dia. Pensar no futuro não nos ajuda nada, temos de continuar a trabalhar diariamente porque só assim é que se chega lá.