José Araújo: «O nome de Fernando Gomes não me assusta»
Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

José Araújo: «O nome de Fernando Gomes não me assusta»

MODALIDADES20.11.202421:38

Secretário-geral do COP diz que não está surpreendido com a quantidade de pré-candidatos que têm anunciado o fazer saber o interesse de entrarem na corrida às eleições do organismo, que diz só have hipóteses de serem em março, pretende ver o função do Comité mais alargado a outras áreas do desenvolvimento desportivo do país, conta como sente poder suceder a José Manuel Constantino e que não deixará o cargo que ocupa até às eleições.

Terminada a apresentação da candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal realizada, esta quarta-feira, na sede do organismo, José Manuel Araújo, de 60 anos e atual secretário-geral do COP, disponibilizou-se para responder a perguntas dos jornalistas.

O que, depois de algumas fotografias para marcar o momento, sozinho e com a atual presidente da Comissão dos Atletas Olímpicos, Diana Gomes, e o ex-presidente da CAO, João Rodrigues, concretizou-se.

Face aos anúncios que têm acontecido nas duas últimas semanas de pré-candidaturas ao presidente do COP – casos de Nuno Laurentino (ex-secretário de Estado da Juventude e desporto), Alexandre Mestre (ex-secretário de Estado do desporto e Juventude), Jorge Vieira (ex-presidente da federação de atletismo) e havendo ainda possibilidade de Fernando Gomes (presidente da federação de futebol) avançar – havia o interesse de saber a opinião de Araújo, até porque foi o primeiro a oficializar a candidatura.

É, para mim, a instituição desportiva com o maior relevo e que, agora vemos, muitos querem presidir aos seus destinos nos próximos anos. Não é uma surpresa,

Está surpreendido com a quantidade de candidatos que estão a aparecer ao cargo?

- A legitimidade de todos é de se candidatarem, de mostrarem que têm interesse. Acho que isto é um sinal muito claro do excelente trabalho e da reputação que o Comitê Olímpico tem em termos nacionais. É, para mim, a instituição desportiva com o maior relevo e que, agora vemos, muitos querem presidir aos seus destinos nos próximos anos. Não é uma surpresa, acho que é até um reconhecimento do excelente trabalho que temos vindo a fazer.

Já agora, além da quantidade, os nomes que estão a aparecer, surpreendido com esses?

— Os nomes vêm aparecendo até com alguma velocidade, mas, naturalmente, que cada um deles tem as suas motivações e as suas vontades e respeito a vontade de cada um.

Já há vários nomes a confirmarem a candidatura à presidência do COP. Há um que ainda pode aparecer que é o de Fernando Gomes. O nome do presidente da federação de futebol assusta ou nem por isso?

— Não, nenhum nome me assusta. Naturalmente que respeito todos aqueles que vierem a ser candidatos.

A única vantagem é o tempo que tenho estado a trabalhar para o Comité Olímpico, para as federações, atletas e treinadores. Se isso é uma vantagem, assumo-a, mas não me parece que seja diferente em termos de pensamento e objetivos.

Por ter trabalhado com o José Manuel Constantino e ter sido secretário-geral do COP, sente que isso lhe dá uma certa vantagem em comparação com os outros adversários na corrida?

— A única vantagem é o tempo que tenho estado a trabalhar para o Comité Olímpico, para as federações, atletas e treinadores. Se isso é uma vantagem, assumo-a, mas não me parece que seja diferente em termos de pensamento e objetivos. O nosso objetivo, de facto, foi traçado.

É muito importante que dois atletas, como a Diana e o João [Rodrigues], possam estar disponíveis para assumir novas funções e assumir a vontade de estar na execução das políticas que queremos para o Comité Olímpico.

É uma equipa que se mantém. Aqui há um núcleo duro, como vêem, duas pessoas que estavam connosco, uma numa posição ligeiramente distinta. A Diana Gomes estava porque era presidente da Comissão de Atletas, mas entendeu que este era o momento de prosseguir este trabalho. É muito importante que dois atletas, como a Diana e o João [Rodrigues], possam estar disponíveis para assumir novas funções e assumir a vontade de estar na execução das políticas que queremos para o Comité Olímpico.

 — E que cargo é que a Diana e o João vão desempenhar se for eleito presidente do COP?

Os cargos vão ser definidos mais tarde, mas serão membros da Comissão Executiva do Comitê Olímpico na minha presidência.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

Também teve aqui Vicente Moura. É um apoio especial?

— Sim, é um apoio especial. O comandante Vicente Moura é uma referência do olimpismo em Portugal. É absolutamente inegável. É uma personalidade que gosta de deixar, às vezes, algumas mensagens mais fortes, mas foi uma pessoa que também pegou no Comité Olímpico num ponto e deixou-o mais em cima. Nestes três ciclos senti também que estamos a entregar o Comité Olímpico num patamar mais elevado. Agora queremos subir mais patamares. É esse o objetivo da organização e de todos nós.

José Manuel Constantino é uma pessoa que muito respeito e que, naturalmente, percebem que sinta que o legado deste trabalho é um legado dele, obviamente, mas é também de uma equipa que o acompanhou e onde tive a felicidade e o orgulho de estar.

 — Não queria dizer difícil, mas suceder a José Manuel Constantino, uma pessoa que deixou uma marca tão grande no COP e até no desporto nacional, é um desafio, de certeza. Como é que o considera esse desafio?

— O desafio é, no fundo, fazer do Comité Olímpico uma instituição maior do que aquela que é neste momento. O professor José Manuel Constantino é uma pessoa que muito respeito e que, naturalmente, percebem que sinta que o legado deste trabalho é um legado dele, obviamente, mas é também de uma equipa que o acompanhou e onde tive a felicidade e o orgulho de estar. Mas, como disse há pouco, o passado é o passado e não podemos estar a olhar sistematicamente para nos compararmos com outras pessoas. O objetivo é fazermos o melhor pelo Comité Olímpico para o futuro.

Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

A proposta que tenho é de aumentar a fatia do programa de preparação olímpica para as experiências olímpicas e ali inserir num modelo colaborativo..., de criar um programa de proteção de talentos a nível nacional e não vejo mais nenhuma instituição com capacidade de o fazer melhor do que o Comité Olímpico de Portugal.

Das propostas apresentadas há pouco, havia algumas que me recordam um modelo do comitê olímpico francês, que é um bocado quem gere o desporto no país. Um organismo do tipo IPDJ. É também essa a sua ambição, do COP abarcar mais do o movimento olímpico, pois falou do crescimento dos atletas e do desporto em Portugal e isso tem muito a ver com as federações e o Estado. É esse o caminho que pretende, ir além do desporto de alta competição e, sobretudo, a preparação para os Jogos?

— É porque há uma parte da preparação para os Jogos que tem sido, de alguma forma, não negligenciada, mas menos executada. É a parte das esperanças olímpicas. Por isso, a proposta que tenho é de aumentar a fatia do programa de preparação olímpica para as experiências olímpicas e ali inserir num modelo colaborativo - obviamente porque as autarquias do país estão de certeza interessadas e com parceiros privados que temos os primeiros contactos pensados -, de criar um programa de proteção de talentos a nível nacional e não vejo mais nenhuma instituição com capacidade de o fazer melhor do que o Comité Olímpico de Portugal.

 — Acha que é possível, neste ciclo de quatro anos, conseguir criar condições para superar esse efeito histórico que foi alcançado em Paris 2024?

— Se não fosse possível não estava aqui. O meu objetivo é subir patamares. A partir desta base que conseguimos sustentadamente ter resultados bons em Tóquio 2020, melhores em Paris 2024 e vamos fazer melhor em Los Angeles 2028. É esse o objetivo. De outra forma, não valia a pena vir aqui fazer a manutenção do dia-a-dia. Outras pessoas poderiam faze-lo melhor que eu.

Mantenho-me em funções até às eleições.

Toda a gente está à espera para quando será marcada a data da apresentação das candidaturas e da eleição. Quais é que gostaria que fossem?

— As datas são quase inevitáveis. Março será a data das eleições, em Fevereiro, naturalmente, a entrega das candidaturas e, portanto, estamos prontos para esses calendários.

A partir do momento que apresentou oficialmente a candidatura, pensa suspender o seu cargo no COP ou mantém-se em funções até às eleições?

— Não, mantenho-me em funções até às eleições.

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