Benfica em tudo ou nada na Liga dos Campeões: «Sonho difícil, mas possível»
Águias recebem na quarta-feira o Galatasaray em jogo decisivo para continuidade na Champions. Para ambas as equipas... Em antevisão à importante partida, o treinador Norberto Alves abre o livro sobre passado, presente e futuro da temporada encarnada
Para o Benfica é o tudo ou nada na Liga dos Campeões. Na quarta-feira, no Pavilhão Fidelidade do Estádio da Luz, a equipa do emblema da águia recebe os turcos do Galatarasay com a vitória como único resultado que lhe permitirá manter pretensões de seguir em frente na competição europeia.
Os encarnados ocupam a última posição no grupo G antes da 5.ª jornada e o adversário um lugar acima, com os mesmos cinco pontos e a dois dos líderes POAK e Hapoel Jerusalém, e o terceiro patamar da classificação é o mínimo, e o que garante acesso ao play-in de qualificação para os 16 avos de final, a que apenas o primeiro do agrupamento tem entrada direta.
Em antevisão ao jogo, o treinador do Benfica, Norberto Alves, enfrenta o compromisso com desassombro de quem terá necessariamente de o vencer, mas não se coíbe de repartir essa responsabilidade com o opositor. «Para o Benfica é um jogo decisivo, mas para o Galatasaray também! Se vencermos este jogo, em nossa casa, podemos ir ao play-in, e eles… não. Sem dúvida que o Galatasaray é uma equipa que está acima da média das competem na nossa Liga, que tem grande qualidade. Mas já provámos que se jogarmos nos nossos limites poderemos competir, e é isso que queremos fazer… Levar o jogo até aos momentos finais em aberto, e então… ganhar», começa por analisar o técnico benfiquista, que se recorre do jogo anterior do grupo, frente ao PAOK, na Grécia, para melhor esclarecer sobre o que não quer a sua equipa repita.
«Podíamos tê-lo feito [essa estratégia de se superiorizar no final do encontro], mas não estivemos bem no último minuto e meio, quando tivemos opções de vencer, e é isso que queremos evitar». E faz apelo à presença dos adeptos no pavilhão. «Jogamos em nossa casa, é muito importante que os nossos adeptos venham ao jogo, apoiem a equipa. Pode parecer um sonho difícil ganhar-lhes, mas é possível, com todos. Com todos é possível! É um jogo em que não podemos ter muito maus momentos e não os podemos prolongar…»
ADVERSÁRIO PÔS CARNE NO ASSADOR
«Não sabemos que equipa será este Galatasaray», admite Norberto Alves, explicando que desde o jogo da primeira volta, na Turquia [na 3.ª jornada, derrota do Benfica por 98-78, a mais expressiva da formação portuguesa nesta edição da prova], o adversário reforçou-se.
«Contrataram dois jogadores de Euroliga, Klemen Prepelic [1,91 m, 31 anos] que teve muitos anos no Valência, um segundo base com grande capacidade de marcar pontos; e um poste, David McCormack [2,08 m, 24 anos, ex-Darussafaka, da Turquia]. Têm nove estrangeiros e não sabemos quais são os sete que irão jogar. Mas a qualidade coletiva faz como que não possamos focar-nos neste ou naquele jogador. É como como diz a gíria, estão a meter toda a carne no assador», exprime o treinador, de 55 anos, a cumprir a terceira temporada no clube da Luz, antes de passar à tática para o próximo jogo.
«No jogo na Turquia, estivemos muito bem na primeira parte, na parte final eles conseguiram impor a sua qualidade e capacidade física, aspeto que neste jogo poderá ser decisivo, uma vez que têm sete jogadores acima de 2,07 metros, são uma equipa muito alta. A defesa, o controlo da tabela defensiva, nos ressaltos, será decisivo, para podermos correr e não depender do jogo em meio-campo, onde é mais difícil contrariá-los e marca pontos. Essencial será igualar o seu ascendente físico», frisou o técnico, que não poderá contar com Diogo Gameiro está a recuperar de lesão.
«Nesta altura da época, com muitos jogos, os jogadores nunca estão a 100 por cento, há sempre pequenas mazelas. Mas quem está num clube como o Benfica tem de encontrar soluções e não desculpas. Não há volta a dar», frisa o técnico.
«Na Champions, quando nos apurámos, sabíamos que seria um dos grupos mais difíceis. O Apoel foi finalista no ano passado, o Galatasaray é candidato a ganhar este ano e estranhamente está a lutar connosco para poder dar o passo em frente. A nossa equipa, à exceção das segundas partes com o PAOK e o Hapoel, esteve a altíssimo nível – e neste jogo teremos de estar a esse nível. Quem segue o basquetebol europeu sabe a que nível está! Sem arranjarmos desculpas, vamos para ganhar, dar tudo o que temos, e penso que esta equipa, nos momentos importantes, tem tido capacidade de dar uma resposta positiva».
«Na Liga pagámos o esforço do arranque na Champions»
Norberto Alves reconhece a irregularidade exibicional e de resultados que tem marcado o início desta temporada, não apenas na Liga dos Campeões, também na Liga portuguesa. «Na Champions, nesta altura no ano passado, estávamos melhor, sem dúvida, tínhamos mais vitórias, mas devemos reconhecer… o grupo era mais fraco. Embora não seja fácil dizer que Limoges e Manresa eram mais fracos do que as equipas deste [o atual] grupo, a verdade é que estavam em patamar inferior», começa por analisar o técnico do Benfica.
«A equipa qualificou-se para a Champions e pagámos um pouco o esforço no arranque da Liga portuguesa de termos estado tão concentrados no compromisso europeu, de jogar três jogos em que não se podia perder nenhum. A equipa foi criticada quando perdemos dois jogos seguidos com a Oliveirense. Foi normal. Mas o que é certo, no jogo mais importante, a eliminar, para a Taça, ganhámos, e por 24 pontos. Mas tal como nos anos anteriores, sabemos que nos momentos importantes estaremos bem. Portanto, quando foi preciso dar uma resposta, demos uma resposta», sublinha o treinador.
«As provas nacionais são maratonas, e estas não se ganham nos primeiros 100 metros. Acreditamos no nosso trabalho, conhecemo-nos bem, sabemos como estar nestes momentos e não tenho dúvidas que, no fim, se tudo correr normalmente, o Benfica vai ganhar. E se as coisas não correrem normalmente, o Benfica vai ganhar na mesma!», afirma o treinador que, todavia, admite que a sua equipa, nesta altura da temporada, não está na plenitude das suas capacidades. «Está mais perto, mas gosto muito de dizer que o mês de fevereiro é o mês que começa a separar as equipas. Será então que teremos de embalar nas provas nacionais. Mas até lá teremos de entrar em todos os jogos sempre para ganhar», conclui Norberto Alves.
Makram Ben Romdhane: «maus momentos já lá vão»
Makram Ben Romdhane é um jogador fundamental na equipa do Benfica, mas esta temporada, a terceira com o emblema da águia ao peito, tem estado abaixo do rendimento das anteriores. Na Liga dos Campeões, o extremo/poste tunisino alinhou em três jogos, os dois com os gregos do PAOK (vitória e derrota) e os turcos do Galatasaray (derrota), este último, o adversário que se segue em partida decisiva para ambas as equipas. Em antevisão à quinta jornada, o jogador, de 34 anos, recorda o encontro em Istambul.
«Jogámos bem nos dois primeiros períodos, mas depois cometemos alguns erros decisivos. Não fizemos um mau jogo, mas contra equipas deste nível não se pode cometer aquele tipo de erros. Tirámos lições e não queremos repeti-los neste jogo», disse o jogador de 34 anos e 2,06 metros, que marcou apenas 9 pontos esta edição da Champions, mas tem revelado a sua capacidade de ressaltador, com um total de 26 bolas ganhas na luta das tabelas (média de 8,7 por jogo).
Reconhecendo que a temporada também da sua equipa não tem sido perfeita, Ben Romdhane ressalva a subida de produção nos jogos mais recentes. «Tivemos muitos momentos maus na Liga portuguesa, mas já pertence ao passado, com algumas lesões e pouco tempo para preparar os jogos e algum cansaço acumulado. Mas temos jogadores de grande qualidade, experientes e melhorámos nos últimos jogos, por isso estamos confiantes de que venceremos».