A loucura com a visita de Luka Doncic a Madrid

Em Madrid para, nesta noite de terça-feira, defrontar o Real Madrid numa partida da pré-temporada para a qual os ingressos esgotaram há cerca de um mês em menos de 30 minutos, «foi anunciar que os Mavericks vinham cá e os bilhetes desapareceram logo», contou a A BOLA George Alvazoglou, responsável da NBA pela ligação aos fãs e relações com os consumidores, Luka Doncic esquece-se que já há muito deixou de ser o miúdo que se mudara para a capital espanhola aos 14 anos para evoluir nos merengues, passou a atuar na equipa principal aos 16 e aos 18, antes de rumar para a NBA como 3.ª escolha do draft de 2018 por parte dos Hawks – sim, é verdade, estes é que o trocaram para os Mavs por Trae Young -, foi campeão e MVP da Euroliga. O mais novo de sempre a ter tal honra.

Nessa altura ainda conseguia passear de certa forma anonimamente - se isso é possível para alguém de 2,01m – pelas ruas. Agora não. Enquanto está os Mavericks para os treinos ou outros eventos tem sempre um guarda-costas só para ele, que não o larga mais do que dois metros de distância. Mas ontem, quando resolveu sair do hotel Four Seasons, cerca da Gran Via, para ir até à praça Sol, a cerca de 80 metros, para ir ter com uns amigos, foi desprotegido, como antes costumava fazer com alguma tranquilidade. Arrependeu-se. 

Pelo caminho foi rapidamente engolido por uma legião de fãs e anónimos que não lhe davam muito espaço e queriam uma fotografia, filmá-lo, pedir autógrafos… ou apenas cumprimentá-lo e dizer quanto o apreciam e gostam que seja madrilista.

Por isso, foi curioso quando, depois do treino da manhã dos Mavericks na WiZInk Arena, onde deu uma rápida conferência de imprensa e recordou os tempos em que ali jogava, declarou uma vez mais a sua paixão e fidelidade ao Real, e até contou que gostaria de levar alguns ex-colegas para Dallas, como os veteranos e capitães Sergio Llull e Rudy Fernandes, assim como treinadores e fisioterapeutas, até porque sabia que lhe levariam presunto espanhol, voltou a querer ir passear e almoçar fora. 

No hall do hotel esperavam-no quatro amigos eslovenos. Depois de conversar um pouco resolveram sair. Só que desta vez não se deixaram enganar. Um espreitou para uma das portas e rapidamente reparou que lá fora estavam várias dezenas de fãs à espera. A quantidade de camisolas dos Mavericks com o número 77 era tal que até parecia que se estava em Dallas. 

Não faz mal, vamos pela outra porta, terão pensado. Pois, mas os fãs também. Aí eram igualmente muitos. E só não estão mais próximo das entradas porque o hotel tem alguns de polícia em redor como medida de segurança. Luka, de 24 anos, não teve outro remédio de com a família e amigos acabar por descer à garagem e sair anonimamente numa carrinha. 

A loucura pela visita de Doncic a Madrid é grande. A última vez que uma equipa da NBA havia disputado uma partida de pré-temporada na Europa contra um adversário fora da sua Liga havia sido precisamente em Espanha, em 2016, quando os Thunder, ainda com Russell Westbrook, perderam ante o Real Madrid por 142-137 após prolongamento, e depois foram à Catalunha bater o Barcelona por 89-92. Na partida de Madrid, Doncic alinhou então, alguns minutos, pelos da casa. Momento que também recordou. 

Esta é a oitava vez que uma equipa da NBA atuará em Madrid, 20.º no total em Espanha, desde que, há 35 anos, os Celtics defrontaram a Seleção da Jugoslávia (113-85) e o Real Madrid (111-96) no então Palacio de Deportes da capital. 

Agora o embate será no mesmo local, mas num renovado pavilhão, até porque o outro foi vítima de um incêndio há algumas décadas, e com os Mavericks, que só começaram o campo de treinos oficial há cerca de duas semanas mas já disputaram dois encontros em Abu Dahbi com os Wolves, a estarem obrigados a aplicarem-se para não perderem contra os atuais campeões da Euroleague. 

Os rumores

A BOLA teve oportunidade de estar numa entrevista com o deputy commissioner Mark Tatum, dada a apenas dez órgãos de informação, e de aí poder saber sobre a veracidade de alguns rumores que circulavam há meses. 

O primeiro: É verdade que houve o desejo que este jogo fosse disputado no Estádio Santiago Bernabeu, aproveitando as novas tecnologias de retirar o relvado e colocar um court de basquete e aproveitando a bancada central e outra, mais pequena do lado oposto? E é verdade que foi o próprio Luka e Mark Cuban [dono dos Mavs], que pressionaram a Liga para virem jogar a Madrid? 

Tatum deu uma gargalhada. «Sim, é verdade que eles falaram connosco. Afinal é natural que ambos desejassem que Luka voltasse aqui. Mas nós também queríamos». 

«Mas antes de tudo, hoje tive a oportunidade de ir ver o novo Santiago Benabeu. O que fizeram ali é incrível. Vi o sistema em que levantam a relva e a guardam [é baixo]. Vai ser mesmo um estádio de classe mundial. Mas ainda não está completamente acabado. E claro, de certa forma, com as condições corretas, adoraremos de jogar lá. Essas serão conversas que iremos ter com o Real. Sei que eles pretendem atrair novas competições para estádio, uma vez mais, de classe mundial», reforça. 

«Mas, como fazemos os nosso jogos [no estrangeiro] na Liga é uma conversas de dois sentidos com os nosso clubes. Eles dizem-nos que interesse têm em jogar pelo mundo, por vários motivos: têm um jogador daquele local, têm interesses de negócios ali… Fazemos uma lista disso e olhamos para os nossos interesses comerciais, como é que se chega aos fãs para criar a experiência de um jogo da NBA ao vivo…»

«Mas sim, sabíamos que havia vários clubes que desejavam voltar a vir jogar uma partida em Espanha, mas Mark e Luka foram as escolhas obvias. Pensámos que seria bom. Afinal a última vez que uma equipa da NBA aqui jogou o Luka estava do lado contrário e agora volta a acontecer o mesmo contra o Real. Por isso, quando decidimos fazer os dois jogos em Abu Dhabi e os Mavericks iam lá, era uma boa oportunidade no regresso a casa de pararem aqui antes de seguirem viagem. É assim que fazemos com todas as equipas. Eles dizem-nos o que gostariam e discutimos o assunto tendo em conta as prioridades de negócio». 

Outro rumor: É verdade que houve o interesse, de alguém fora da NBA, que na 1.ª parte Luka Doncic jogasse um pouco pelo Real Madrid e na 2.ª pelos Mavericks? 

«Não sei se isso foi ou não verdade, mas o nosso contrato coletivo de trabalho e o acordo com a associação de jogadores não o permitiria. Ele tem um contrato com os Dallas Mavericks e tem de jogar por eles. Teria sido uma grande ideia de fazer aqui, mas, mesmo sendo um jogo de pré-temporada, pelas nossas regras tem de jogar pelos Mavericks, mesmo sendo uma grande ideia.