Natação «Terá um melhor sabor se ganharmos o 10.º título consecutivo na despedida do Alexis»
Após, há um ano, ter liderado a equipa masculina do Sporting a um inédito nono título consecutivo no Nacional de Clubes de natação e ainda ter juntado a isso o êxito de também arrebatar o cetro no sector feminino - dobradinha que apenas aconteceu pela quarta ocasião e apenas três clubes tiveram capacidade de concretizar -, o treinador Carlos Cruchinho sabe que não será fácil repetir o feito e que o Benfica será o grande rival na 43.ª edição do campeonato que, entre hoje (9.30h e 16.30h) e amanhã (9h e 16h), se decidirá na piscina do Jamor, em Oeiras.
- No Jamor irá defender dois títulos, com a despedida do Alexis Santos pelo meio, que prometem muita emoção e sobretudo uma grande luta com o Benfica, concorda?
- Sim, sobretudo é isso. Vai ser um campeonato muito disputado e com a saída do Alexis da competição, o que dará mais um ‘boost’ para a competição.
- Essa disputa será a que nível, velocidade contra versatilidade?
- Não, para já existem uma série de coisas que irão depender das circunstâncias. Há atletas de outros clubes que virão e não os conhecemos e depois cada um terá de dar o máximo. É obvio que os adversários são mais fortes numas coisas, nós também temos os nossos pontos fortes e cada um jogará com o que tem.
- E quais são os seus pontos fortes?
- Isso vai ficar para nós.
- Nos últimos dias foi difícil fazer contas de quem vai colocar a nadar o quê ou já está há algum tempo definido, se bem que, por vezes, para o segundo dia possam sempre haver uns ajustes?
- Mais ou menos está definido. Não haverá muitas alterações.
- Vê alguém a conseguir intrometer-se nesta luta entre Sporting e Benfica nos masculinos?
- Para disputar o título não. Agora, que alguns clubes vão ter muita influência de que irá ganhar, isso vão.
- São sobretudo os clubes que irão apresentar nadadores estrangeiros que irão baralhar as contas?
- Quase todos o podem fazer, como o V. Guimarães e outros que trazem estrangeiros.
- Na competição feminina, também espera que a luta seja apenas entre Sporting e Benfica?
- Aí poderá existir maior equilíbrio com outras equipas. O FC Porto e Algés têm alguma coisa a dizer, assim como o Louletano possuiu algumas boas nadadoras. Mas penso que, a partir de determinada altura, a luta também ficará entre Benfica e Sporting.
- Não é que nos últimos anos o Sporting tivesse vindo para esta competição tranquilo nos masculinos porque não o fez, mas acabou sempre por ganhar tranquilamente, mas parece que esta época a equipa ficou com um fosso maior, até ajudado pelos abandonos que aconteceram durante o Covid, entre a nova geração e um grupo que está em final de carreira?
- Sim, nós tivemos muitos abandonos. O Igor Mogne era bastante importante e agora depois do campeonato de piscina curta desistiu o António Mendes, que era muito fiável, mas terminou o curso e foi trabalhar para o estrangeiro. Há um ciclo que se está a fechar e vamos tentando que isso não aconteça. Mas não está fácil. O Covid não ajudou. Mas é assim mesmo. Não se pode ganhar sempre e há ciclos em que temos de reconstruir as coisas a partir de determinada altura.
- Mas era importante ganhar o 10.º título consecutivo na despedida do Alexis Santos?
- Ah, isso sim. Isso teria um melhor sabor. Principalmente para ele. Ficava muito feliz por ele.
- No entanto, para isso não hipotecou a sua habitual regra de não trazer nadadores estrangeiros para o Nacional de Clubes que não estejam na equipa ao longo da temporada só para garantir a conquista deste título? Essa regra é mais importante para si, pois poderia ter arranjado um ou dois, do que garantir o 10.º título ao Alexis.
- Não é a questão dos estrangeiros ou dos títulos. É a questão de quem está na equipa e treina depois ser substituído por alguém que vem aqui só para nadar esta prova. Então, para isso, não vale a pena ter os outros a treinar. Não vale a pena, por exemplo, insistir em ir ao Nacional no Funchal [Open de Portugal que se realizou na passada semana] fazer um campeonato e depois os nadadores quando chegam ao Jamor não nadam. Só para ir gastar dinheiro com nadadores que achamos que têm qualidade para representar o clube. Isso não faz sentido. Mas não estou a dizer que estou certo. Para mim é que não faz sentido. Apostarei sempre nos que estão a treinar connosco ou que fazem parte do clube há muito tempo. O Salvador Gordo, que está na Escócia, vem nadar, mas sempre foi do Sporting. Virá até porque precisa fazer mínimos para o Mundial. Mas estas são situações diferentes. Agora, trazer alguém que não conhecemos, para mim isso não faz sentido.