«Suspendi o mandato por não querer perturbar, estamos em vésperas do Mundial»
Fotografia ASF

«Suspendi o mandato por não querer perturbar, estamos em vésperas do Mundial»

NATAÇÃO24.01.202411:01

PARTE 3 - Considerado culpado de um inquérito instaurado pelo IPDJ, concluído na passada semana, que obriga a assembleia geral da federação de natação à imediata destituição, o presidente da FPN_falou a A BOLA e diz que houve interesses políticos e pessoais para matar a sua reeleição na European Aquatics e possível candidatura ao COP.

— Porque mantém a candidatura à European Aquatics?

— Porque o trabalho que foi feito na EA foi um trabalho excecional. Exemplar. Não foi meu, foi o trabalho de uma equipa. Resolvemos contratos, removemos pessoal, contratámos novas pessoas. A EA passou de cinco para dezoito pessoas a trabalhar, em termos de recursos. Temos os campeonatos todos preparados. Temos os contratos em vigor. Fizemos o rebranding… Fizemos tudo. Tudo o que os outros não tinham feito. E é óbvio que agora o aproveitamento político, relativamente a uma situação que nem está aprovada. Vamos ver quais são os fundamentos éticos por parte da Word Aquatics e Integrity Unit sobre isto, para saber se justifica ou não haver este burburinho sobre estas questões.

Na passada quarta-feira, realizámos mais uma reunião de direção e foi-me dado, pela unanimidade dos presentes, julgo que estavam todos, o apoio à nomeação à European Aquatics.

— Para esta recandidatura tem o apoio da direção da federação? E acha que o da maioria dos delegados a assembleia geral da FPN? 

— Não preciso do apoio dos delegados da federação. Mas se tivesse que recorrer ao seu apoio tê-lo-ia. A nomeação para a EA foi feita a 23 de outubro e aprovada por unanimidade em reunião de direção. Houve outra reunião de direção onde aprovámos, no fim de janeiro, onde aprovámos os membros da comissão técnica, para as diferentes áreas por unanimidade. E agora, para evitar quaisquer dúvidas sobre a nomeação que já tinha sido feita e que não tinha confirmado coisa nenhuma, na passada quarta-feira, realizámos mais uma reunião de direção para eu falar sobre aquilo que seria a minha estratégia relativamente a esta decisão do IPDJ e foi-me dado, pela unanimidade dos presentes, julgo que estavam todos, o apoio dado à nomeação à European Aquatics.

— Suspendeu oficialmente a sua presidência na FPN hoje [ontem]. Pensa apresentar a demissão ou pedir a sua destituição quando for à assembleia geral extraordinária?

— Não. Quando chegar à assembleia decidirei aquilo que acho que devo decidir. Depois de todas as justificações que irei dar aos delegados da assembleia geral, porque é aí que tenho que dar a cara, e ouvir opinião dos delegados. E às questões que posso vir a ter, há uma única e simples que está na base da decisão, que é a propriedade intelectual. Ao contrário do que foi escrito no jornal A Bola, onde se misturou a questão do financiamento à candidatura da EA há dois anos com a decisão da propriedade intelectual. 

Não quero, de forma alguma, renegar o legado da excelência desportiva, porque estes foram os melhores anos da natação portuguesa. Mesmo em termos de resultados, não há dúvidas acerca disso,

— Não, o que foi escrito, aliás referido pela pessoa que apresentou as queixas, foi quais foram os dois pontos apresentados, mas que o IPDJ só incidiu o inquérito sobre o segundo, da propriedade intelectual. Mas se acha que tem razão, porquê suspender já o mandato? 

— Por uma razão muito simples. Por não querer perturbar. Estamos em vésperas do Mundial de natação, onde vai ser decidida a qualificação para os Jogos Olímpicos da natação artística, em que temos muitas potencialidades, as estafetas da natação pura, e as águas abertas. Não quero, de forma alguma, renegar o legado da excelência desportiva, porque estes foram os melhores anos da natação portuguesa. Mesmo em termos de resultados, não há dúvidas acerca disso, quer nos juniores, como nos seniores, na artística, mesmo no polo aquático, com as seleções de jovens femininas. Agora até temos saltos para a água com uma atleta vice-campeã da Europa. 

A seguir ao futebol, a nossa federação é a maior em praticantes. É inquestionável.

Temos mais de 100 mil atletas, a seguir ao futebol, a nossa federação é a maior em praticantes. É inquestionável. Não quero que apaguem esse legado. Por dizerem que por ser presidente da FPN estou a perturbar devido aos constantes ataques a que estou a ser sujeito. Portanto, prefiro suspender o mandato e, na altura certa, aparecer para clarificar aquilo que tenho de clarificar aos delegados da assembleia geral. E esta entrevista também serve para começar a clarificar isto ao público em geral. 

— Se sábado for reeleito presidente da European Aquatics estará presente no Mundial de Doha, em fevereiro? 

— Claro. Independentemente de ser eleito ou não, sou vice-presidente da World Aquatics. Como é óbvio, estarei presente. E como é óbvio, estarei presente a apoiar, inequivocamente, os nossos atletas que vão competir nas diferentes competições.