«Quiseram impedir-me de concorrer ao COP e prejudicar a minha candidatura à European Aquatics»
Fotografia ASF/Miguel Nunes

«Quiseram impedir-me de concorrer ao COP e prejudicar a minha candidatura à European Aquatics»

NATAÇÃO24.01.202410:13

PARTE 2 - Considerado culpado de um inquérito instaurado pelo IPDJ, concluído na passada semana, que obriga a assembleia geral da federação de natação à imediata destituição, o presidente da FPN_falou a A BOLA e diz que houve interesses políticos e pessoais para matar a sua reeleição na European Aquatics e possível candidatura ao COP.

— Vamos então voltar àquilo que disse. Pensa que houve um aproveitamento político para o destituir?

— Houve. Inequivocamente. 

— Político a nível desportivo ou político ao nível já de partidos políticos do país?

— Interesses políticos do país.

Escrevi um livro que se chama 'O Desgoverno do Desporto em Portugal'. Sei que fere muitas das sensibilidades políticas relativamente àquilo que vai mal no desporto a nível nacional.

— Também porque era apontado como um forte candidato a Presidente do COP?

— Claro, não tenho dúvidas nenhumas acerca disso. Sempre fui uma pessoa habituada a dizer aquilo que pensa. Independentemente das pessoas ou das instituições. Escrevi um livro que se chama O Desgoverno do Desporto em Portugal. Sei que fere muitas das sensibilidades políticas relativamente àquilo que vai mal no desporto a nível nacional. Sei das relações e ligações interpessoais que existem entre algumas pessoas, quer a nível nacional, quer internacional, a quem convém que esta situação aconteça. Por isso é que tenho a certeza absoluta que a decisão tomada pelo IPDJ foi uma decisão condicionada politicamente, persecutória e deferida politicamente, ou politicamente direcionada no momento oportuno para me prejudicar. Não só a nível nacional como nas eventuais e pretensas aspirações a nível internacional.

E quando falo a nível internacional refiro-me a pessoas simples, como Craig Lord, que é o único jornalista a nível mundial que escreve sobre isto porque tem uma relação direta e privilegiada com determinadas figuras a nível nacional que não vou referir o nome, mas que toda a gente sabe quem são.

E quando digo politicamente, digo-o ao mais alto nível, com o apoio de algumas instituições que podem decidir aquilo que são os destinos das organizações desportivas em Portugal. Por um lado para me impedir de concorrer ao COP, se fosse essa a minha intenção, por outro, para prejudicar a minha candidatura European Aquatics

— Mas quiseram cortar-lhe as pernas para não poder ser candidato ao comité olímpico?

—  Sim. Objetivamente isto foi uma ação concertada em termos políticos, porque toda a gente falava que era um putativo candidato ao comité olímpico. Não tenho dúvidas que isto foi uma forma encapotada e gerida politicamente — se bem que não valha de nada porque, independentemente disso, posso ser candidato ao COP. E quando digo politicamente, digo-o ao mais alto nível, com o apoio de algumas instituições que podem decidir aquilo que são os destinos das organizações desportivas em Portugal. Por um lado para me impedir de concorrer ao COP, se fosse essa a minha intenção, por outro, para prejudicar a minha candidatura European Aquatics [EA], porque já não podia ser candidato à federação por limite de mandatos.

— As eleições da EA são no próximo sábado e era o único candidato até agora...

— Era não, sou o único.

A decisão da minha recandidatura está dependente, foi assim que sempre agi na vida, do relatório que vier da Unidade de Integridade da World Aquatics.

— Continua a ser, então, o único candidato. Apesar de tudo vai manter a recandidatura?

— A decisão da minha recandidatura está dependente, foi assim que sempre agi na vida, do relatório que vier da Unidade de Integridade da World Aquatics. Imediatamente no dia que soube que tinha um processo do IPDJ, fiz um self-report à Unidade de Integridade da World Aquatics, com base na informação enviada à World Aquatics, e aquela enviou-me um relatório a dizer que, prima facie, não há quaisquer motivos para não ser elegível para presidente da European Aquatics. 

Mas isto continuou. A 30 de dezembro, o presidente da Associação de Natação do Norte, fez alegações sobre o financiamento da minha campanha da EA em 2022, que acabei por ganhar. Mas há mais. A 3 de janeiro de 2024, uma dessas pessoas enviou um email para todos os membros do Bureau da EA - por isso é que as suas conexões internas são internacionais, onde envolvem várias pessoas internacionais e nacionais que estão perfeitamente identificadas – assim como para a Unidade de Integridade da World Aquatics, ao diretor executivo e para todos os membros da minha direção. Alegações estapafúrdias, descontextualizadas e falsas. 

E nessa sequência, é óbvio, que começou a levantar o burburinho. O que é que eu posso fazer?  Só uma coisa, é dizer: só avanço com a recandidatura, se a unidade que é responsável por decidir as questões da minha integridade, como candidato elegível para ser presidente da European Aquatics, e não esquecendo que sou também vice-presidente da World Aquatics. Se me disserem que está tudo bem...

Mas se a decisão for: não tem condições, como é óbvio, não irei à eleição.

— As eleições da European Aquatics são já sábado, por isso quando é que haverá a decisão da Unidade de Integridade da World Aquatics?

— Espero que antes de sábado. Tenho quase a certeza que entre quarta [hoje] e quinta-feira, haja uma decisão. Trata-se de uma unidade independente, que nada tem a ver com o World Aquatics, e que só presta contas a ela própria e aos organismos internacionais que têm a ver com a integridade. Mas se a decisão for: não tem condições, como é óbvio, não irei à eleição.

— Mas, entretanto, todo este organismos já sabem da decisão do inquérito do IPDJ?

— Claro. No dia em que recebi a decisão do IPDJ, eu próprio fiz um self-report e comuniquei a todos os membros do grupo, e à unidade de integridade, o documento traduzido da decisão.