Já fez o reconhecimento ao percurso da maratona de Valência. Frio que se espera não o assusta. Prefere garantir visto para os Jogos de Paris-2024 do que atacar o recorde nacional e correr tudo mal
«Está tudo tranquilo. Claro que o nervosismo pré-competitivo é sempre importante e existe alguma pequena ansiedade. Mas é normal. Não pode haver é em demasia. O friozinho na barriga só começa a parecer mais na hora de subir para o autocarro que nos leva à partida», contou Samuel Barata a A BOLA a pouco mais de 24 horas de correr a Maratona de Valência, que se realiza domingo (7.15 h de Portugal) e na qual procura mínimos para os Jogos de Paris-2024 (2.08.10h).
Mas também, se possível, superar o recorde nacional que António Pinto (2.06.36) obteve na maratona de Londres-2000. Objetivo com o qual, ao contrário de há cinco semanas, diz não se querer preocupar. Da cidade tem frescas e boas memórias. Foi lá que, em outubro, bateu o máximo luso da meia-maratona (59.40m) que Luís Jesus (1.00.56h) fixara em 1997.
Após um mês de estágio de altitude no Quénia, Samuel chegou a Portugal na passada semana e ontem a Valência na companhia do treinador António Sousa. À tarde ambos efetuaram o reconhecimento do percurso. «Estava um bocado nevoeiro e ventoso, mas a previsão é que vai arrefecer e irá estar frio, como em Lisboa. Mas sem chuva», refere o fundista do Benfica.
«Adapto-me bem ao frio e gosto, desde que não seja em demasia. Prefiro frio à chuva, mas também gosto de calor. Só que quanto maior for a prova, corre-se muito melhor com frio. Nos momentos antes da partida podemos senti-lo um pouco, mas depois, passados 2/3 km, o corpo vai quente e o frio ajuda», conta.
«Tem tudo para que domingo seja rápido»
«Quanto ao percurso, uma boa parte é semelhante ao da meia-maratona. A primeira metade é na zona onde foi a partida e a meta da meia, depois vai-se à zona velha da cidade, também lá passámos, e só entre os 30/35 km é que não conhecia. É um percurso rápido, com uma ligeira subida entre os 25/30 km, mas nos últimos 3/4 km descemos. Tem tudo para que domingo seja rápido», salienta.
Samuel Barata tem dois sonhos a curto prazo: garantir a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris e bater o recorde nacional da maratona, que pertence a António Pinto desde 2000. Está há três semanas no Quénia a preparar a prova de Valência, a 3 de dezembro
E já tem a estratégia pensada, a pensar mais em si ou o que se pode passar na frente, até porque está aÍ o ugandês Joshua Cheptegei [recordista mundial de 10km em pista]? «A organização vai criar quatro grupos [de atletas de elite]. O primeiro para tentar bater o recorde da prova. Será difícil porque são 2.01.53 [registados pelo queniano Kelvin Kiptum, atual recordista mundial da distância: 2.00,35, em Chicago]».
Fazer uma corrida equilibrada
«O segundo correrá para a casa das 2.04/05h, o terceiro para as 2.06h e o último para as 2.08h. E aqui é que ainda não esta definido. De certeza que vou correr para 2.08h, agora se vou arriscar para 2.06h… ainda não decidimos», revela Samuel, que detém como máximo pessoal as 2.10.13h conseguidas em Hamburgo, em abril.
António Sousa é o treinador de Samuel Barata e esteve no Quénia a acompanhar os treinos do maratonista; acredita que o recorde de António Pinto pode cair em Valência, se tudo correr bem até lá
«Mas tudo indica que não o farei. Prefiro fazer uma corrida mais equilibrada e garantir a classificação olímpica do que arriscar para uma marca mais ambiciosa que depois pode correr mal. Isto é uma maratona, temos de respeitar a distância. Prefiro ficar depois com a sensação de que podia ter corrido melhor e fazer o resultado do que deitar tudo a perder devido a uma ambição maior», concluiu.