Paris 2024: «Que os ventos lhe sejam favoráveis»
Quatro medalhas é o objetivo da missão portuguesa de 73 atletas distribuídos por 15 modalidades nos Jogos Olímpicos de Paris, que o presidente do COP, José Manuel Constantino, assume, mas alerta para o problema da base
O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) aproveitou a receção da Missão portuguesa aos Jogos Olímpicos Paris2024 no Palácio de Belém para insistir que o desporto português tem um problema de bases, sem nunca recuar, no objetivo das quatro medalhas que definiu, mesmo que a missão portuguesa tenha algumas ausências sonantes como Auriol Dongmo, Patrícia Mamona (prata em Tóquio 2020) ou Telma Monteiro (bronze Rio 2016).
«Alimenta-nos o sonho. Para estes atletas, o sonho, para alguns, é chegar ao pódio, para outros, é serem finalistas, para outros, é ficarem nos 16 primeiros e, para outros ainda, é vivenciarem uma experiência única à escala global, particularmente no domínio desportivo. Sonhos que, naturalmente, todos esperamos que se possam concretizar. Como dizem os homens do mar, que os ventos lhes sejam favoráveis», desejou Constantino perante o olhar atento do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e várias entidades.
O experiente dirigente alertou também para o lado menos bonito que a delegação lusa pode encontrar na capital francesa, «a temperatura, a climatização das habitações, a mobilidade, a segurança, os ciberataques e um quadro geral de um país que teve eleições», além, claro, dos comentários menos positivos com que os desportistas podem ter de vir a lidar.
E os dirigentes também. «Os Jogos ainda não começaram e já li que esta é a representação mais reduzida desde os Jogos de Sydney, o que é verdade. Lembro que esta Missão em Paris tem uma redução de oito por cento relativamente aos Jogos de Tóquio. Lembro também que apurámos mais quatro atletas, que, por razão de quota nacional, não se podem deslocar. Se os critérios de apuramento fossem os que vigoraram em Tóquio, havia mais 10 atletas», contabilizou, avisando que está preparado para tudo o que vai ouvir se não tiverem sucesso.
«Que não devia ter ido tanta gente, que fomos gastar dinheiro dos impostos dos portugueses, que o problema reside no desporto escolar, que falta cultura desportiva aos portugueses, que o que faz falta é um plano nacional de rendimento desportivo, que o que faz falta é um presidente do COP que tenha sido atleta olímpico», recordou.
Sem descartar responsabilidades, o presidente do COP aponta, porém, noutro sentido. «A demografia desportiva é superior em muitos países. A base de praticantes desportivos, na base de qual se constrói a elite desportiva, é bem superior. Portanto, a capacidades de elitização e a variedade das modalidades é superior e talvez valesse a pena olharmos para esse problema», alertou.