«Estar nos Jogos é incrível, mas é preciso preparar o futuro»

Irina Rodrigues ficou a um lugar e dois metros do diploma olímpico

PARIS – Estar na final do lançamento do disco é uma sensação leve para Irina Rodrigues. Percebe-se isso na tranquilidade com que entra no Stade de France para competir, e também durante toda a prova.

A leiriense, que se qualificou para os Jogos Olímpicos depois de bater o recorde nacional, num ano em que não esteve a representar qualquer clube, sente que aquilo que fez durante esta época tem um enorme valor.

E estar ali, perante cerca de 70 mil pessoas, é apenas o prémio. Um prémio do qual ela tem de desfrutar.

Por isso, a atleta de 33 anos não se preocupa muito quando o disco aterra pouco depois dos 60 metros no primeiro lançamentoTorce o nariz, mas não mais do que isso, quando o segundo cai a 61,19 metros e ela não chega ainda às seis primeiras, que seguem para a segunda série de três lançamentos.

E não se mostra ultra desiludida quando vê que, à terceira, o disco não sai da jaula de lançamento.

Irina está tranquila e realizada. Diz um adeus para a câmara e fica o resto do concurso sentada no chão a ver a norte-americana Valarie Allman revalidar o título olímpico, com 69,50m, seguido da chinesa Bin Feng e da croata Sandra Elkasevic, ambas com 67,51m.

E depois de estar muito tempo à conversa com a companheira italiana Daisy Osakue, é de forma serena que surge junto dos jornalistas para reforçar aquilo que tinha parecido claro: está realizada, apesar do 9.º lugar, que a deixou tão perto de tornar o sonho ainda maior.

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«Foi o meu melhor resultado de sempre numa final de nível mundial. Estou grata e satisfeita… menos um. Gostaria muito de ser top-8 e conseguir o diploma olímpico, e é verdade que estive muito perto. Fico um bocadinho triste com isso, mas dei tudo o que tinha, fiz o meu melhor e a época que fiz foi fantástica, por isso tenho de estar grata», assume.

Sem querer alongar-se muito sobre o futuro no atletismo, Irina Rodrigues, que também é médica, admite que terá de pensar nas prioridades da sua vida. Mas que não é hora para isso.

«Agora tenho de descansar um pouco e pensar como vai ser o meu futuro. É incrível estar nos Jogos Olímpicos, mas também temos de preparar um futuro e, acima de tudo, perceber até que ponto é viável continuar», atirou para despedida.  

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