Diogo Ribeiro: da glória na piscina à da medalha ao peito
Jovem nadador português fala em «corrida dura» e agradece ao público e companheiros; são três finais mundiais e três medalhas
Não tinham passado mais de vinte minutos desde que nadara aqueles 100 metros em estilo de mariposa, tão rápidos, mas infindáveis em aperto no peito, para o título mundial, o segundo em cinco dias, Digo Ribeiro regressou à piscina do Aspire Dome, de Doha, mas apenas à beira desta. Para receber a medalha de ouro. Outra.
Começa a tomar-lhe o gosto, o jovem conimbricense, de 19 anos. Talento não lhe falta. Serenidade e compostura de campeão, também não, pelo menos aparente, nestas cerimónias protocolares. O olhar, trémulo, parece contrariar essa tranquilidade percetível, mas apenas procura pontos de referência algures, quiçá na bancada onde a comitiva da seleção nacional celebra em euforia, e nas águas agora calmas da piscina, onde, é o que se sabe, intratável, fulgurante.
Diogo Ribeiro curva-se para receber a medalha ao pescoço e demora a ajeitar o capuz da camisola vermelha da Federação Portuguesa de Natação. Depois segura o troféu e fita-o, reconhecendo-o… Quando irrompe o hino de A Portuguesa nos altifalantes, leva a mão direita ao coração e soletra-lhe a letra, como fizera na segunda-feira, na estreia naquele pódio psicadélico de tanta multimédia que lhe serve de cenário.
Nesses enormes ecrãs, atrás de si, surge a sua imagem a celebrar a vitória ainda dentro de água, com o dedo indicador na orelha, naquele gesto comum de quem quer escutar a reação dos espectadores – ou desafiá-los. No pódio, porém, a contrastar, Diogo mantém-se sério, compenetrado. E só sorri, enfim, para a foto de conjunto, ladeado pelos adversários, parceiros no sonho de glória na modalidade, que com tanto esforço acabara de vencer.
Com a família nas bancadas da piscina de Doha, foi ainda ofegante que Diogo Ribeiro falou após a conquista da segunda medalha de ouro nos Mundiais de natação. «Foi uma corrida dura, só posso agradecer ao público e aos meus colegas e todos os que me apoiam», declarou o atleta do Benfica, que aos 19 anos já é o nadador português mais consagrado de sempre, ficando-lhe apenas a faltar uma final olímpica, que até ao momento só Alexandre Yokochi atingiu, mas que poderá igualar após carimbar passaporte para Paris-2024, no próximo verão, onde estará, sem excessivo otimismo, como grande esperança de medalha.
«Nunca tinha chegado a uma final nos 100 mariposa, consegui, cheguei à medalha, são três em três [finais]», afirmou o recordista mundial júnior dos 50 mariposa, Diogo Ribeiro soma três ouros em Mundiais júnior, um bronze em Europeus (elites) nos 50 mariposa em Roma-2022, além dos quatro recordes nacionais (50 e 100 mariposa, 50 e 100 livres).
Ana Pinho Rodrigues 14.ª nos 50 metros bruços
A outra distância com representação portuguesa no sábado foi os 50 bruços femininos, com a olímpica Ana Pinho Rodrigues a registar o 14.º melhor tempo, sem passar à final, ao nadar a sua meia-final em 31,09 segundos. Antes, tinha conseguido o 16.º tempo nas eliminatórias, então com 31,25 segundos, ficando ainda distante do seu recorde nacional, fixado nos 30,73, e da última apurada para a final, cujo acesso fechou nos 30,69.
Este domingo, os Mundiais aquáticos encerram e terão mais duas provas com portugueses em provas, os 4x100 estilos masculinos, com Gabriel Lopes, Francisco Quintas, Diogo Ribeiro e Miguel Nascimento, e a mesma no feminino, com Camila Rebelo, Ana Pinho Rodrigues, Mariana Cunha e Francisca Martins.
RESULTADOS DOS PORTUGUESES
Sábado
100 metros mariposa (M): Final: 1.º DIOGO RIBEIRO, 51.17 s; 2.º Simon Bucher (Aus), 51,28 s; Jakub Majerski (Pol), 51,32 s; 4.º Nyls Korstanje (PB), 51,41; 5.º Chad le Clos (RSA), 51,48; 6.º Zach Harting (EUA), 51,68; 7.º Mario Molla Yanes (Esp), 51,72; 8.º Josif Miladinov (Bul), 51,73.
50 metros bruços (F): Meias-finais – 14.ª Ana Pinho Rodrigues, 31,09 segundos
Domingo
Eliminatórias
07h09 - 4x100 Estilos (M): Gabriel Lopes; Francisco Quintas; Diogo Ribeiro; Miguel Nascimento.
07h25 - 4x100 Estilos (F): Camila Rebelo; Ana Pinho Rodrigues; Mariana Cunha; Francisca Martins.