Ameaçam leiloar medalhas olímpicas para ir ao Mundial, companhia aérea ofereceu viagens

Natação Ameaçam leiloar medalhas olímpicas para ir ao Mundial, companhia aérea ofereceu viagens

NATAÇÃO19.05.202317:49

Alejandra Orozco, de 26 anos, e Gabriela Agúndez, de 22 anos, duas mergulhadoras mexicanas que, devido ao corte de fundos da Federação Mexicana de Natação (FMN) ameaçavam primar pela ausência nos Campeonatos do Mundo da modalidade, que irão decorrer em Fukuoka (Japão) de 14 a 30 de julho e haviam ameaçado leiloar as medalhas olímpicas já conquistadas para custear as viagens, viram a maior companhia aérea do país, a AeroMéxico, chegar-se à frente e oferecer-lhes as deslocações graciosamente.

Alejandra e Gabriela são as mais recentes vítimas diretamente atingidas pelo corte de fundos em apoio à natação, e viam-se na contingência de terem de pagar as viagens do seu bolso, o que de pronto anunciaram ser incomportável para as posses de qualquer uma delas. Aliás, vários outros nadadores e mergulhadores do México têm vendido as suas toalhas e fatos de banho (!) como forma de angariar dinheiro para o bilhete de ida e volta ao Japão, e/ou até aos Jogos Olímpicos de Paris-2024, já.

Mas após terem anunciado na quarta-feira, dia 17 do corrente mês, na Rádio Formula (México), que iriam até leiloar as medalhas olímpicas já ganhas, Alejandra e Gabriela viram a solução acontecer e o seu apelo por ajuda ser, de imediato, correspondido.

As duas atletas receberam uma chamada de Christian Pastrana, diretor de Comunicação da AeroMéxico, a anunciar que a companhia aérea a se responsabilizava para custear as viagens de ambas ao Japão. «De há muito vibramos com o sucesso de Alejandra e Gabriela. E se elas têm de ir ao Japão, fá-lo-emos com todo o prazer», disse Christian.

Gabriela Orozco ganhou a medalha de prata em Londres-2012 em mergulho sincronizado da plataforma de 10 metros (em dupla com a compatriota Paola Espinosa, então), e, em dupla com Alejandra Agúndez, conquistaram o bronze em mergulho sincronizado da plataforma de 10 metros também em nos Jogos de Tóquio-2020 (disputados apenas em 2021, devido à pandemia da Covid-19).

«Não queríamos chegar ao extremo de termos de leiloar as nossas medalhas para nos financiarmos, mas já tínhamos tentado angariar a verba necessária através da nossa presença em algumas conferências e encontros com as crianças, para que elas não se sintam desencorajadas por situações que sucedem no desporto como esta», disse Alejandra à Rádio Formula, citada pela CNN International.

A ministra dos Desportos do México, Ana Guevara, anunciou profundos cortes no financiamento governamental à natação em janeiro, após a Federação Internacional de Natação (FINA, em inglês) ter recusado reconhecer Kiril Todorov como presidente da federação mexicana da modalidade, que recorreu a um ‘Comité de Estabilização’ para a gestão corrente do organismo. Kiril Todorov enfrenta no México um julgamento por alegada fraude, acusação da qual se diz inocente.

O gesto singelo da AeroMéxico não é o primeiro da iniciativa privada a ajudar os atletas da natação do país a superarem as dificuldades. O magnata dos media e empresário de telecomunicações Carlos Slim - oitavo homem mais rico do Mundo segundo a 'Forbes' de abril do corrente ano, com uma fortuna pessoal avaliada em 85 mil milhões de euros -, através da fundação com o seu nome, já financiou a deslocação e estadia da equipa de natação do México aos Campeonatos do Mundo de Natação Artística, disputados entre os dias 13 e 15 do corrente mês em Soma Bay (Egito), no qual o México conquistou três medalhas de ouro e uma de bronze.