Adeus emocionado de Kelly Slater: «Tudo chega a um fim, será início de nova vida»
11 vezes campeão mundial, despede-se aos 52 anos do circuito mundial. Nas vésperas de ser pai, prepara-se para uma nova vida e um novo começo. Mas pediu wildcard para Fiji...
Pelo segundo ano consecutivo, Kelly Slater foi vítima do corte do meio da temporada do Championship Tour (CT) o que poderá determinar o fim em definitivo da competição do 11 vezes campeão mundial e vencedor de 56 etapas em três décadas no Circuito Mundial de surf.
Na hora do adeus, ainda não oficialmente anunciado, Kelly Slater, eliminado na terceira ronda 3 do Margaret River Pro, subiu as escadas do Surfers Point levado em ombros.
Num local onde nunca alcançou bons resultados, admitiu não ser o local «onde queria terminar» e numa onda contra a qual lutou «toda a carreira», avaliou após a eliminação frente ao compatriota Griffin Colapinto, atual número um mundial.
O fim, todavia, pode acontecer só em Fiji, Corona Fiji Pro (20 a 29 de agosto), etapa para a qual pediu um wildcard. «É o que é. Tudo chega a um fim. Se não nos adaptamos, não sobrevivemos e a minha motivação não esteve a 100% como a dos outros», disse, emocionado, recordando o desporto «incrível ao longo dos anos».
«Tem sido uma vida incrível de memórias», exclamou, ele que está prestes a ser pai. «Faltam três meses para o nascimento do bebé pelo que quanto ao planeamento (planos de retirada) funciona bem para mim e para nós”, assinalou.
«Agora eu e a Kalani (a mulher) temos uns tempos para nos preparar para uma vida diferente e um estilo de vida diferente», anunciou.
Sem conseguir travar as lágrimas e voz ligeiramente arrestada, dirigiu-se à família. «Foram tantas emoções ao longo dos anos e tanta dedicação, nem tudo foram rosas, mas foram os melhores anos da minha vida», reconheceu.
«Sei que a minha família estava a ver na televisão, amo-vos», declarou.
«Não consegui o milagre esta semana, mas consegui alguns ao longo dos anos», sublinhou Slater, deixando escapar não se ter importado por ser eliminado pelo número um mundial.
O surfista norte-americano de 52 anos, o mais velho no Tour, admitiu ainda que a recente cirurgia à anca o limitou e despertou-o para a dura realidade de poder falhar, outra vez, o cut do meio da temporada, perspetiva que deixou marcas após o fraco início no circuito mundial, no Havai.
«Tenho lutado desde a cirurgia, na recuperação lutei contra a dor e esperava que passasse com a adrenalina, mas em Sunset (Havai, 2ª etapa do CT), em conversa em casa com a Kalani senti que estava perto do fim», relembrou. «E o começo de outra coisa qualquer, o começo de outra vida», sublinhou.
«Tive uma incrível sorte ao longo dos anos e agora vou estar com a multidão e absorver tudo. É bom estar para além dos 50 e estar misturado com eles», realçou.
«Foi bom terminar com o Colapinto como competidor, mas se obtiver um wildcard ou dois ainda apanho o Griffin e vingo-me», finalizou.