Zinchenko «em choque» após voltar à Ucrânia: «As crianças não mentem»

Arsenal Zinchenko «em choque» após voltar à Ucrânia: «As crianças não mentem»

INTERNACIONAL13.06.202318:33

Zinchenko voltou pela primeira vez à Ucrânia desde o início da invasão da Rússia. O defesa de 26 anos do Arsenal tem tido voz ativa desde o início do conflito e depois de ter passado uma semana no seu país, a conviver com a dura rotina do povo ucraniano, fez relato impressionante ao Daily Mail sobre a experiência por que passou.

«Viver uma semana com aquelas condições e na situação em que a Ucrânia está... Foi assustador. Isto é uma guerra a sério. Mas percebi uma coisa: os ucranianos já estão habituados a esta rotina e conseguem continuar as suas vidas. Isso é incrível», disse o jogador ucraniano à publicação britânica, descrevendo o dia-a-dia de incerteza que testemunhou no terreno.

«O que o exército russo está a fazer neste momento é largar muitas bombas e mísseis durante a noite. Da 1 às 5 da manhã... talvez eles pensem que os ucranianos estão a dormir e tentam mantê-los assustados. Imaginem tentar dormir com bebés e de repente ouve-se uma sirene. É necessário  acordar e ir para um bunker. Caso contrário, corre-se um grande risco de perder a vida. Nunca se sabe onde vai cair uma bomba ou um míssil», contou, impressionado com as histórias que lhe têm chegado.

«Há dias, a Rússia destruiu uma barragem. Nem consigo descrever algumas histórias que ouvi. Muitas pessoas nem tiveram a oportunidade de fugir das suas casas por causa do nível da água. Ouvi uma história assustadora de uma mulher que tinha dois bebés com poucos meses ao colo e que estava num telhado a tentar agarrar-se à última pedra para conseguir sobreviver. Infelizmente, nem ela nem os bebés sobreviveram», afirmou Zinchenko, sublinhando que estas são «histórias reais e não da internet», contadas por quem as viveu: 

«Vejo escolas destruídas. Falei com várias crianças na escola e algumas viram soldados russos nas suas próprias casas. Alguns estavam a roubar, outros estavam a fazer coisas das quais nem quero falar. Estas são histórias reais contadas por crianças. Fiquei em choque. As crianças não mentem.»

Histórias que afetam os ucranianos que permanecem no país, mas também aqueles que vivem no exterior.

«O futebol é a minha vida e quando estou em campo, esqueço tudo. Fiquei perdido, mas tive de continuar. [...] Tenho a certeza que vou viver na Ucrânia quando deixar de jogar», assentou