Minhotos e lisboetas em situação delicada na tabela classificativa pelo que a conquista de pontos já tem algum caráter de urgência; azuis não têm gostado de jogar em casa, amarelos não têm sido adeptos de jogar fora; Samuel Essende e Alejandro Marqués dão esperança aos respetivos adeptos
A manta começa a ficar (realmente) curta para Vizela e Estoril. Minhotos e lisboetas defrontam-se esta tarde (15.30 horas), numa partida que nenhum dos contendores quer perder. Porque o cenário classificativo já dá indicadores de elevada preocupação...
A luta pelos pontos é cada vez mais titânica e um eventual deslize esta tarde (de uma equipa ou de ambas...) complicará ainda mais as contas de azuis e amarelos.
O Vizela está... onde ninguém quer estar: no último lugar da tabela. O Estoril encontra-se, para já, em zona segura, mas... pouco. Os vizelenses somam 16 pontos, os estorilistas 21. Aconteça o que acontecer neste duelo e nesta jornada, há duas certezas: os minhotos não sairão da zona de despromoção - o melhor que podem conseguir é deixar a lanterna vermelha, trocando de posição com o Chaves (17 pontos) - e os lisboetas não cairão nos lugares de descida.
O Estádio do Futebol Clube de Vizela, situado na cidade minhota, pertencente ao distrito de Braga, não tem sido nada amigo do... Vizela na presente temporada. No seu recinto, e em 11 jogos da Liga ali realizados em 2023/2024, a formação vizelense apenas somou 6 dos 16 pontos que contabiliza. Uma vitória - diante do Gil Vicente (1-0), na já longínqua 4.ª jornada, disputada a 1 de setembro de 2023 - e três empates - Arouca (2-2), Famalicão (0-0) e Moreirense (0-0). Além disso, acrescente-se, há ainda a registar sete derrotas (!) - Benfica (1-2), Portimonense (2-3), FC Porto (0-2), SC Braga (1-3), Boavista (1-4), Sporting (2-5) e Vitória de Guimarães (0-1). Um pecúlio demasiado negativo, convenhamos...
É, pois, necessário recuar quase seis meses (!) para que seja encontrada a última (e tal única...) vitória do Vizela na condição de visitado. A vítima foi o rival minhoto Gil Vicente, com Matheus Pereira a oferecer os três pontos à equipa que, na altura, ainda era orientada por Pablo Villar - entretanto substituído pelo também espanhol Ruben de la Barrera.
A partir dessa altura, os adeptos do conjunto minhoto não mais tiveram verdadeiros motivos para sorrir, algo que, naturalmente, quererão reverter já esta tarde, ainda para mais diante de um adversário direto na luta pela permanência.
Sendo que, sublinhe-se, será também importante dar uma resposta cabal ao resultado desastroso averbado na última jornada, em que o Vizela foi goleado pelo Benfica (1-6), no Estádio da Luz. É precisa uma reação anímica forte...
Em apenas quinze minutos, três golos fulminantes-, Benfica beneficiou, e muito, da fome de bola dos seus jogadores menos utilizados; primeira parte verdadeiramente demolidora
Por paradoxal que possa parecer, o Vizela é o pior ataque da Liga (20) mas tem... o quarto melhor marcador do campeonato. Samuel Essende já leva 11 tentos apontados - apenas superado pelo sportinguista Viktor Gyokeres (16), pelo bracarense Simon Banza (15) e pelo arouquense Rafa Mújica (14) - e, como tal, é responsável por mais de metade dos golos conseguidos pelos minhotos no mais alto patamar do futebol nacional na época em curso. O ponta de lança franco-congolês tem faro pelas balizas contrárias, mas também outros atributos, tais como, por exemplo, a passada larga, o que permite ao coletivo explorar a profundidade sempre que seja essa a estratégia mais adequada em determinados momentos dos jogos.
Mas talvez possa ser importante para os canarinhos recordarem esse único triunfo fora de portas, até pelo impacto gigante que teve a conquista desses três pontos: foi há quase quatro meses, é certo, mas no terreno do todo-poderoso FC Porto.
O Estoril vem de duas derrotas consecutivas - Boavista (1-2) e Gil Vicente (1-3) - e a margem começa a ficar cada vez mais reduzida. É importantíssimo voltar aos pontos para que a queda na tabela não seja ainda mais acentuada, ainda para mais diante de um adversário que está atrás e que luta pelos mesmos objetivos.
Duas equipas empatadas no 11.º lugar, com 21 pontos; Vasco Seabra, treinador dos canarinhos, regressa ao Bessa; Bozenik de volta às opções das panteras depois da transferência falhada para o Sevilha
O ponta de lança hispano-venezuelano até nem é o melhor marcador da equipa na presente temporada - soma oito golos em todas as competições, mas ainda tem à sua frente Cassiano, que leva 10 tentos apontados -, mas está de pé quente e nas duas últimas jornadas faturou por duas vezes. É certo que esses momentos não permitiram aos canarinhos somar qualquer ponto, mas não é menos verdade que o número 9 passa por um bom período e, dessa forma, parece estar preparado para ajudar a equipa a reerguer-se. Além da eficácia na finalização, Alejandro Marqués sabe jogar de costas para a baliza, em apoios frontais, e também tem a sagacidade para fugir das marcações contrárias e aparecer em espaços vazios para ficar, quando bem servido, em condições de fazer o gosto ao pé.
Aproxima-se a curva para a reta final do Campeonato e os pontos começam a ficar (realmente) ao preço do ouro. A fuga aos lugares perigosos está a ser disputada por vários emblemas e, daqui para a frente, a calculadora passará a ser um objeto bem presente no quotidiano dos contendores pela permanência na elite nacional. Vizela e Estoril estão nesse lote de equipas e, como tal, o jogo de hoje é (mesmo) daqueles que ninguém pode perder...