«Tinha lugar neste Sporting e dava luta ao Nuno Santos»
Jefferson ganhou a Taça da Liga pelo Sporting em 2019 VITOR GARCEZ/ASF

ENTREVISTA «Tinha lugar neste Sporting e dava luta ao Nuno Santos»

NACIONAL02.02.202410:00

Jefferson, com passado nos leões, revelou a A BOLA o que lhe disseram no Casa Pia após a goleada em Alvalade e promete festejar no Marquês caso o Sporting conquiste o campeonato

Em 2015/16, perdeu o título no Sporting depois de serem líderes no final da primeira volta. Serve como aviso para a equipa de Rúben Amorim? «Certamente. Para mim, o Sporting é das melhores equipas, mas o Benfica e o FC Porto estão a crescer e o SC Braga tem uma boa equipa... Ser campeão de inverno não significa nada, serve de motivação. É manter sempre o foco, porque não é pelas goleadas que se vai ganhar o campeonato. É tentar vencer os clássicos, porque é confronto direto. O Rúben Amorim sabe lidar com estas situações, porque foi jogador. Infelizmente, em 2015/16 deixámos escapar o título e espero que desta vez isso não aconteça, porque também é bom para Portugal o Sporting ganhar títulos, e para não estarem sempre a ganhar os mesmos… O Sporting está a crescer de ano para ano e espero que possa ser campeão. É um sério candidato.» 

Em 2015/16, a culpa foi exclusivamente vossa? «Cada jogo era um campeonato para nós, e estávamos focados, mas surgiram muitas coisas, tanto da direção do clube, a arbitragem que nos prejudicou… Serviu de lição, porque antes de o campeonato acabar, não se deve falar de nada e não deixar que o que se fala entre os adeptos e a família não entre dentro do balneário…»

Houve excesso de confiança do Sporting? «Não, porque nós sabíamos que ser campeão de inverno não significava nada.  Claro que passou pela cabeça se iriamos ganhar o título e que tínhamos que ganhar mais um jogo para poder ultrapassar o adversário e isso também dá aquela ansiedade…  Infelizmente não aconteceu e é bola para frente...»

Colocando lado a lado as duas equipas, este Sporting é mais favorito? «São anos diferentes e jogadores diferentes. Hoje a equipa tem mais jovens e nós tínhamos muitos jogadores diferentes, de seleções… Isso não quer dizer nada, e vai da capacidade do treinador, dos jogadores também em saber lidar com aquela situação e manter o foco e até o fim para segurar a liderança. É fundamental para o Sporting já ter a experiência de campeão.»

Rúben Amorim é o homem certo para essa reconquista? «Pelo que está a fazer, claro… mas ele tem que ganhar para poder continuar no clube, porque um treinador sobrevive de títulos. Gostaria muito de ter sido treinado por ele. Para mim ia ser uma maravilha jogar a três centrais, só a atacar e a fazer os meus cruzamentos, eu acho que ia ser fixe.» 

Consegue estabelecer algumas semelhanças com Jorge Jesus, que foi seu treinador? «Não trabalhei com o Rúben e não o conheço, mas o Jorge Jesus é um excelente treinador, para mim foi um dos melhores… Infelizmente eu não pude trabalhar com o Rúben, mas também é um excelente treinador e podem escrever: ele vai atingir um patamar muito grande.»

O Jefferson tinha lugar neste plantel do Sporting?  «Eu acho que sim. Dava luta ao Nuno Santos, que é um excelente jogador, mas eu jogava certamente.»

Para cruzar para a cabeça do Gyokeres, que deve ser um dos teus favoritos? «Gosto muito do Nuno Santos, do Pote, o Gonçalo Inácio, o próprio Coates, que jogou comigo. O Gyokeres é um excelente avançado, corre, faz golos. Era o avançado para cruzar e fazer golo de cabeça. Pode-se jogar para a área que é golo [risos].»

E em relação ao Coates, considera ser o principal patrão da defesa e um jogador para terminar a carreira em Alvalade? «Para um clube da dimensão do Sporting, é sempre bom ter jogadores experientes. Espero que ele fique muitos anos e acabe lá a carreira.»

O que é que pode ser mais decisivo no que resta da temporada do Sporting? «Eu costumava dizer que se ganha o campeonato com as equipas pequenas, porque são as que tiram os pontos aos grandes. Tem de se ganhar sempre, porque um clássico é complicado. Não se sabe se vai dar um empate, se vai ganhar, se vai perder. Às vezes é melhor jogar feio e ganhar os jogos»

Ou seja, acha que em 2015/2016, a derrota em Alvalade no clássico com o Benfica não foi decisivo? «Acho que não, porque houve outros jogos em que vacilámos contra equipas pequenas.»

Pensa em regressar ao futebol português noutras funções?  «Ainda não anunciei o final da minha carreira [risos], estou à espera que apareça algo aí… Mas acho que o futebol a cada dia que passa também está a mudar muito, agora só querem jogadores novos…»

Não se via como treinador? «Não sei, estou a fazer o curso e vou terminá-lo a meio do ano. Vamos ver no que dá.»

E se o Sporting lhe ligasse para terminar a carreira vinha sem pestanejar? «Claro, é um clube que eu joguei durante 8 anos. Ia ser uma honra para mim e ficava muito feliz de encerrar lá a minha carreira. Queria ter saído de lá de outra forma…»  

O Sporting goleou o Casa Pia por 8-0, um clube que também representou. Foi um jogo duro para si? «Foi um jogaço, mas foi muito pesado para o Casa Pia, até liguei para um amigo meu que joga lá [Lucas Paes, guarda-redes suplente] e ele disse-me: ‘passou um caminhão e um trator em cima de nós. Eles estão a voar.’» 

Adrien Silva, com quem partilhou balneário no Sporting, foi anunciado como reforço do Rio Ave. É um jogador que inda tem muito para dar ao futebol português? «Claro, é um jogador de que eu gosto muito, tanto como pessoa, como dentro de campo. Vai ajudar muito, com a sua experiência. É uma pena que tenha estado muito tempo parado, mas como o futebol mudou muito… os treinadores e os diretores já vêm os jogadores com uma certa idade como se já fosse o fim de carreira. O Adrien vai mostrar a muita gente que a idade não conta para nada. O João Moutinho e o José Fonte, do SC Braga, são exemplo disso.»

Ainda no mercado, o Koindredi foi reforço do Sporting e veio do Estoril, tal como tu e muitos outros casos. É legítimo pensarmos já numa tendência? «Eu gosto muito dele, é muito bom jogador, e espero que também possa brilhar no Sporting. Vai ter que ter paciência também porque os médios têm grande qualidade. O Estoril tem muito bons jogadores, que vão para clubes grandes, não só para o Sporting. Que todos os bons jogadores que estejam no Estoril venham para o Sporting ajudar.» 

Caso o Sporting conquiste o título, vai festejar para o Marquês? «Claro, vou estar lá, no meio de todos. Coloco o meu capuz e comemoro lá com o pessoal.»