Sporting: recorde cinquentenário está em risco de cair
Caudal ofensivo avassalador do leão ameaça marca de 1973/74; em branco, só na Taça da Liga; Trincão tem dado nas vistas e já leva 6 golos
A goleada imposta ao Casa Pia (8-0), na 19.ª ronda da Liga, faz do ataque do Sporting o mais eficaz da Liga, com 53 golos, mais 11 do que o SC Braga, que hoje defronta o Chaves. Em todas as provas (10 na Liga Europa, 15 na Taça de Portugal e 6 na Taça da Liga), são 84, marca que ameaça os números da longínqua época de 1973/1974.
Num ano glorioso para os leões, Mário Lino conduziu a equipa ao título, à conquista da Taça de Portugal e às meias-finais da Taça das Taças, onde o Sporting perdeu por com Magdeburgo. Em 43 jogos foram marcados 119 golos (33 sofridos). No Campeonato, à mesma 19.ª jornada, vantagem de Lino em relação a Amorim: 58-53, em golos.
Pelo andar da carruagem – só frente ao SC Braga na Taça da Liga (0-1) é que os leões não marcaram esta época –, e tendo em conta que o Sporting tem pela frente pelo menos mais 18 jogos (há Liga Europa e Taça de Portugal em aberto) até final da temporada, o recorde cinquentenário poderá estar à beira de cair. Média de 2 golos/jogo chegaria e sobraria.
Quem faz o gosto ao pé
Gyokeres é, claramente, o homem-golo (24 golos), mas há mais. Trincão tem dado nas vistas, em clara ascensão, foi titular nos últimos cinco jogos, e já marcou 6 golos, tantos quantos Edwards. Coates assinou 5, Paulinho 13 e Pedro Gonçalves leva 11.
«Gyokeres é o Yazalde atual»
Fernando Tomé, que fez parte da equipa de 1973/1974, recordou, a A BOLA, momentos de glória: «Foi uma época espetacular em todos os aspetos desportivos e a nível individual Yazalde chegou aos 46 golos. Lembro-me que no último jogo, no Barreiro, não joguei, e o Yazalde foi substituído. Eu estava à porta do balneário quando ele chegou e pedi-lhe a camisola do jogo, que ainda hoje o meu irmão guarda religiosamente, a camisola do jogo em que Yazalde fez 46 golos numa época!»
A título pessoal Tomé tem uma mágoa e conta que os adeptos do Sporting se recordam dele nessa época pela pior razão: «Foi a 24 de abril 1974, no jogo da segunda mão frente ao Magdeburg, tínhamos empatado em Alvalade (1-1), e lá perdemos (1-2), comigo a falhar um golo a quatro minutos do fim e falhámos presença na final da Taça das Taças.»
Instado a comparar o seu Sporting com a atual equipa, Tomé não hesitou: «Havia uma grande simbiose, o Mário Lino era um profundo conhecedor de tudo o que se passava no clube e de todos os jogadores, tirou o melhor de nós. Eu estive algum tempo sem jogar, porque parti um braço num acidente de viação e tive de operado, mas depois, quando recuperei, voltei a ter as minhas oportunidades.»
«Agora, não fico surpreendido com o que o Rúben Amorim está a fazer no Sporting, as gentes do clubes apreciam o trabalho que ele está a fazer. E o Gyokeres é o Yazalde atual [risos], embora sendo muito diferentes, mas como homens de golo. Um deixou a sua marca no Sporting e o outro está a caminho disso.»