Sporting-Genk: A crónica e o positivo e negativo

Sporting Sporting-Genk: A crónica e o positivo e negativo

NACIONAL20.07.202311:10

No tubo de ensaio surpresa (e mais...)

Rúben Amorim escondeu Gyokeres e deu a Gonçalo Inácio duas ‘peles’. Trincão fechou noite de frenesim e golo com nódoa no pé...

Estes jogos (de pré-época) servem precisamente para isso: meter a equipa e as ideias de jogo do treinador dentro de um tubo de ensaio. Foi o que Rúben Amorim fez  com alguma surpresa (e argúcia também, diga-se desde já…):  não apostou no seu habitual 3x4x3, optou por esquema diferente, com uma novidade (essa totalmente inesperada, sem dúvida…): as duas peles de Gonçalo Inácio. Inspirado em Guardiola, fez dele Stones -  pondo-se em defesa a quatro quando a equipa andava em processo defensivo, passando-o a médio (ao lado de Morita) quando a equipa se lançava ao ataque - e o que logo se percebeu foi que uma coisa e outra o Gonçalo Inácio é capaz de fazer bem (podendo, claro, vir a fazer muito melhor, quando se lhe refinarem as rotinas…)


Surpresa também (ou talvez não…) foi Rúben Amorim ter escondido Gyokeres (do que poderia ser ou poderá ser seu joker...)- apostando em Youssef Chermiti como único ponta-de-lança. Que não está no espírito (e no seu jeito…) de Chermiti desempenhar a missão preso na área (ou nos seus movimentos) percebeu-se num ápice - e foi dessa sua mobilidade (e sim: dos bons pés de Morita também…) que nasceu o golo de Trincão. Com o Sporting em vantagem o que, todavia, se desatou a ver (e nem sequer a pouco e pouco) foi a equipa a entrar num turbilhão de passes imprecisos - e, na vez em que ainda foi pior do que isso, saindo a bola num destrambelho dos pés de Matheus Reis, sem que Israel fosse capaz de apanhá-la, Fadera empatou.    


Não, não se podendo dizer também que os sportinguistas foram, então, correndo para o intervalo em futebol feito de cacofonias e desafinações a galope, incontestável é que, tirando a jogada do golo, nem por mais uma vez conseguiram transformar os seus adversários em bonecos de trapos, abalando-os nos seus concertos e desconcertos, através de passes mais certeiros ou de dribles mais enleantes. (OK, talvez fosse difícil fazê-lo já - porque o Genk tem a sua preparação mais avançada).
Na segunda parte (com Daniel Bragança a mostrar, após mais de 300 dias de estaleiro, que não perdeu o futebol limpo e simples que um bom meio campo precisa) o Sporting foi melhorando ligeiramente de minuto para minuto. Sem que, ainda assim, se tornasse, no seu futebol de ataque, equipa à imagem do espírito e da tática de Muhammad Ali: a voar como uma borboleta e a picar como uma abelha - foi levando cada vez mais perigo à área adversária, havendo nisso sempre Trincão em fogacho. Só que, nesse Trincão, houve igualmente pé em desacerto no último instante. Ou melhor: na única das três vezes em que não houve pé em desacerto - houve, arrebatante a mão de Vandevoordt a evitar (com a defesa da noite) o que teria sido golo de bandeira.


Depois de Afonso Moreira ter ficado igualmente à beira do golo em remate sorrateiro, na outra vez em que o Sporting se destrambelhou a defender-se (já com o jogo a correr para o fim…) Paintsil rematou à barra. Com o jogo partido (de um lado e do outro) ao minuto 90+1 Jovane isolou Trincão e Trincão fechou a sua boa noite com nódoa que a sua exibição não merecia, atirando a bola para fora da baliza. Um bocadinho só de melhor afinação teria dado a vitória ao Sporting - e em verdade se diga: se tal não acontecesse, não teria sido justo, justo foi o empate…

O positivo

Argúcia (e ideia boa) de Rúben Amorim: aposta de Gonçalo Inácio em mais do que um defesa - num médio de primeira construção, a puxar melhor a equipa para o ataque através da sua boa capacidade de passe em profundidade.  

O negativo

Os passes errados (ou transviados) sobretudo na primeira parte que puseram a equipa mais longe da baliza adversária (e em mais perigo) - e o desacerto no remate (quase sempre...)