Só oito treinadores resistem mais do que Rúben Amorim
Com exatos quatro anos e meio de Sporting, Amorim já é o nono treinador do top-10 da Europa com mais tempo de permanência num clube.
Rúben Amorim está a caminho de se tornar o treinador mais marcante do futebol do Sporting. Randolph Galloway (1951, 1952 e 1953) e Joseph Szabo (1941,1944 e 1954) são os recordistas leoninos com três campeonatos e Amorim está na luta por vencer o terceiro (após 2021 e 2024). Porém, enquanto Szabo e Galloway apanharam equipas que integravam os Cinco Violinos, Amorim teve de reconstruir equipas. Com exatos quatro anos e meio de Sporting, Amorim já é o nono treinador do top-10 da Europa com mais tempo de permanência num clube.
Parece que foi ontem que Rúben Amorim, acabadinho de ser apresentado como treinador do Sporting, disse a famosa frase: «E se corre bem?» Correu tão bem que, exatos quatro anos e meio depois, os leões continuam com o mesmo treinador. Caso raríssimo nos três maiores clubes portugueses e, sobretudo, em Alvalade. Só Joseph Szabo, por exemplo, esteve mais tempo consecutivo como treinador do Sporting. Quase oito anos, de 14 de março de 1937 a 21 de janeiro de 1945. O terceiro na lista verde e branca é Paulo Bento, com pouco mais de quatro anos, entre 23 de outubro de 2005 e 5 de novembro de 2009.
Quatro anos meio é uma eternidade para qualquer clube português, ainda mais para o Sporting, que sempre teve fama e proveito de aguentar um treinador por pouco tempo. Nos últimos 25 anos (1999 a 2024), por exemplo, teve 25 treinadores. Dá um por época. E só quatro tiveram a sorte de completar duas épocas consecutivas: Laszlo Boloni, Paulo Bento, Jorge Jesus e Rúben Amorim.
Daí que, entre os sportinguistas, seja quase de glorificar a mútua paciência de Rúben Amorim e Frederico Varandas. O treinador porque apresentou logo resultados em 2020/2021, com o tão ansiado título, quebrando jejum de 19 anos, o presidente porque, depois de apostas em Tiago Fernandes, Marcel Keizer e Silas (José Peseiro, no início do primeiro mandato de FV, entrou pela mão de Sousa Cintra), não vacilou em manter Amorim mesmo após o mau final de 2019/2020 (0-0 em Moreira de Cónegos, 1-0 em Alvalade ao Santa Clara, 0-2 no Dragão, 0-0 em casa com o V. Setúbal e 1-2 na Luz) e o afastamento das provas europeias no início de 2020/2021 (1-4 em Alvalade com o LASK Linz no play-off da Liga Europa).
A paciência resultou, pois o Sporting ganhou, desde março de 2020, duas Ligas, duas Taças da Liga e uma Supertaça. Qual o treinador que mais troféus nacionais ganhou pelo Sporting? Joseph Szabo ou Cândido de Oliveira? Não. Ambos ganharam dois campeonatos e uma taça. Randolph Galloway? Não. Três campeonatos. Paulo Bento? Não. Duas taças e duas Supertaças. Laszlo Boloni? Não. Um campeonato, uma taça e uma Supertaça. Isso mesmo, caro leitor, adivinhou: é Rúben Amorim. Dando de barato, claro está, que antes de 2008 não havia Taça da Liga e antes de 1980 não havia Supertaça.
Rúben Amorim é, pois, um caso raro no Sporting. Em longevidade e em troféus arrecadados. E não só no Sporting, aliás, se nos debruçarmos apenas sobre o número de anos consecutivos como treinador. No Benfica, por exemplo, há o caso excecional de Cosme Damião, técnico entre outubro de 1908 e março de 1926. Ou seja, um pouco mais de 17 anos.
Nos encarnados há mais três homens que estiveram mais de cinco anos na liderança da equipa: oito anos e sete meses para Janos Biri (janeiro de 1949 a junho de 1948), cinco anos e onze meses para Jorge Jesus (junho de 2009 a maio de 2015) e quatro anos e onze meses para Otto Glória (agosto de 1954 a julho de 1959).
No FC Porto, por seu turno, apenas dois treinadores estiveram mais do que os atuais quatro anos e meio de Rúben Amorim: seis anos e dez meses para Joseph Szabo (abril de 1929 a fevereiro de 1936) e seis anos e nove meses para Sérgio Conceição (jogos entre agosto de 2017 a maio de 2024).
Rúben Amorim já é, também, o treinador com mais jogos pelo Sporting em provas de caráter nacional (excluindo, pois, o Campeonato da Lisboa): 218 em quatro anos e meio. Seguem-se Joseph Szabo (210), Paulo Bento (194), Jorge Jesus (158), Fernando Vaz e Juca (ambos com116), Carlos Queiroz (194), Randolph Galloway (92) e Laszlo Boloni (90), Manuel José (90).
Por fim, a Europa. Só oito treinadores têm, atualmente, mais tempo de permanência num clube do que Amorim. O líder é, a muita distância, o alemão Frank Schmidt, que está há 16 anos e 11 meses no Heidenheim. Assumiu a equipa a 17 de setembro de 2007, totalizando agora 650 jogos consecutivos na equipa do sul da Alemanha. Seguem-se Diego Simeone, Gian Piero Gasperini, Pep Guardiola, Thomas Frank, Imanol Alguacil, Milan Valachovic e Mikel Arteta.