Sérgio Conceição: «O tempo útil é o que é: quando dançamos, dançamos com um par»
Técnico portista observou seis jogadores da formação secundária no treino desta manhã. (Foto: IMAGO/Odyssey)
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Sérgio Conceição: «O tempo útil é o que é: quando dançamos, dançamos com um par»

NACIONAL09.12.202323:54

Leia aqui tudo o que o técnico dos dragões disse na conferência de imprensa

O FC Porto derrotou o Casa Pia por 3-1, na 13.ª jornada da Liga. Sérgio Conceição era, obviamente, um treinador satisfeito com a vitória e os três pontos que permitem igualar o Sporting na liderança do campeonato. Confira aqui tudo o que o técnico disse na conferência de imprensa que se seguiu após o apito final.

— Era esta a exibição que pretendia? O que pediu à sua equipa? Número redondo, 500 jogos à frente de equipas portuguesas, o que pensa e sente?

— Entrámos bem no jogo, da forma que tínhamos planeado. Olhando para o que era o Casa Pia, muito pressionante, a conseguir encontrar os diferentes espaços para entrar no ultimo terço, conseguimos fazer um golo, houve um erro na primeira parte em que demos possibilidade ao Casa Pia de aspirar a um golo, mas não chegaram realmente a criar perigo. Não podemos, contudo, esquecer que o Casa Pia é uma equipa difícil, esta época já empatou contra o Braga e contra o Benfica e criou dificuldades ao Sporting. É uma equipa que sofre poucos golos, organiza-se muito bem e fomos capazes de ter uma dinâmica forte, fizemos um jogo que podia ter sido mais difícil do que o que potenciámos, e isso é mérito dos jogadores. 

Em relação ao nosso próximo jogo para o campeonato, temos, entretanto, um jogo a meio da semana contra o Shakhtar, jogo muito importante para nós, que pode definir a passagem para os oitavos da Liga dos Campeões. A seu tempo falaremos do jogo para o campeonato. Olhando para o meu passado, são 500 jogos à frente de equipas portuguesas, o que posso dizer… bem, estou a ficar velho! Fico contente com o percurso, e contente com a solidez da equipa técnica, em que praticamente todos me acompanham desde o Olhanense até hoje. Temos tido plantéis campeões na atitude: levar com o treinador não é nada fácil.

— Tendo em conta a exibição do Zé Pedro, há alguma alteração na hierarquia dos centrais no Porto? Vai mudar a abordagem do jogo?

— Aqui é tudo feito consoante a estratégia para o jogo e o momento dos jogadores que jogam na mesma posição. É para isso que eu olho, independentemente de o jogador ter 17 ou 37 anos, para mim é igual, por isso a preparação do jogo e o trabalho é que contam. Depende do momento do jogador e da estratégia que defino. 

Em relação ao jogo com o Sporting, como já disse, a seu tempo falaremos. Isto é uma corrida longa. Estamos em primeiro lugar hoje, mas o mais importante é estar em primeiro em maio. Como disse, está cada vez mais difícil ganhar jogos. As equipas são muito competentes, também ouvi o treinador do Sporting referir isso. As equipas vão perder pontos ao longo da época, e temos de ser consistentes e tentar chegar a maio em primeiro.

— Conhecendo o Sérgio e o que se passou a seguir ao jogo com o Estoril, e pegando naquilo que considero que o Sérgio disse e não disse, ninguém pensa que tudo correu normalmente. Daqui a uns tempos, vai olhar para esta semana como tendo sido o momento em que agarrou a equipa, em que fez os jogadores ver aquilo que disse ontem, que não basta ter contrato com o Porto, é preciso ter determinadas características?

— Mas o que é que eu fiz? Fiz o que o treinador faz, treino de campo de manhã, na parte da tarde foi análise do jogo do Estoril em vídeo, não seguimos sequer para o campo. O espaço é muito curto entre jogos, e de manhã fizemos um treino para equilibrar cargas, meia hora no campo, e na parte da tarde foi vídeo. Mas podemos fazer isso, ou há alguma proibição?  Agora não posso abdicar de dois treinos porque podem pensar algo? Porque me conhecem, porque sabem o que eu ia fazer? Isto não existe. Depois de uma situação negativa como foi o jogo contra o Estoril e a saída da Taça da Liga, temos de trabalhar claro, mas não é só trabalhar no campo. Com a falta de tempo que temos, há o trabalho no quadro tático e vídeo, foi aquilo que fizemos.

Iván Jaime jogou muitas vezes pelo meio, qual era a estratégia? Um comentário em relação a este ter sido o encontro do FC Porto com mais tempo útil de jogo esta época.

O tempo útil é o que é. Quando dançamos, dançamos com um par. Queria sempre ter muitos jogos com tempo útil acima da média. Hoje foi um jogo corrido, intenso, com velocidade, pausado, mas não a parar, pausado com bola, mas infelizmente, muitas vezes, isso não acontece. 

Em relação à estratégia, não era bem no corredor central aquilo que eu queria do Pepê e do Jaime com bola, mas sim passou um bocadinho por aí, tínhamos de descobrir o espaço para criar desequilíbrios e conseguimos. Fomos muito fortes com e sem posse de bola, fomos muito pressionantes e reagimos bem à perda, estivemos bem. Houve um ou dois erros que me custa mais a digerir, mas são erros que fazem parte do trabalho e da própria evolução do jogador.